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Dos EUA à UBI: uma viagem pelo cinema
Joana Isabel Gonçalves · quarta, 8 de novembro de 2017 · @@y8Xxv Incentivar e inspirar a criar. O produtor e realizador americano Alan Poul esteve no Anfiteatro da Parada no passado dia 2 de novembro, para uma Masterclass que proporcionou aos futuros cineastas ubianos uma visão mais próxima do mundo profissional do Cinema. |
O cenário da masterclass de Alan Poul. |
21968 visitas “A televisão como o novo filme independente”. Foi assim que Alan Poul caracterizou a era vivida pelo cinema americano actualmente, naquela que foi a sua primeira Masterclass na UBI. O produtor acredita que esta é a “Golden Age” da televisão, uma vez que existem inúmeros canais televisivos a oferecer uma grande variedade de alternativas. As séries, conhecidas como obra cinematográficas divididas em episódios, foram o salto que levou a televisão ao lugar a que hoje ocupa. Segundo Alan Poul, há uns anos apostava-se em séries que visavam exclusivamente a venda: fosse qual fosse o episódio, a audiência sabia aquilo que estava a ver. Foi o canal televisivo HBO – Home Box Office, que inovou ao criar projectos que têm sequência. «A novidade foi criar algo que é preciso acompanhar», explica o produtor. Este novo modelo conheceu um “boom” na sociedade e é hoje um dos mais consumidos pela audiência. «A indústria do cinema em Los Angeles hoje em dia segue o lema “who’s gonna loose”». De acordo com o produtor, não interessa mais quem vai fazer sucesso, mas sim quem é que vai ficar para trás neste que é um meio tão concorrido. A Netflix, por exemplo, segue uma política de disrupção. Para Alan Poul, «matar todas as outras plataformas» é a missão da netflix, ao apresentar um modelo de séries que lança a temporada toda de uma só vez. Estamos na era em que «tudo o que desejo ver, tem de ser visto já, no dispositivo que quero», afirma. «A Netflix está a tentar conquistar o mundo.» Fazer Cinema nos Estados Unidos exige “responsabilidade e dedicação”, ainda que este seja um país onde esta indústria está bastante desenvolvida. A criatividade é a chave para marcar a diferença. Segundo Alan Poul é através das «experiências diárias e das inseguranças pessoais» que se ganha inspiração para ser criativo. Para Poul, é assim que se consegue produzir um projecto cinematográfico onde o estilo próprio é evidenciado. Esta masterclass pretende ser um veículo para proporcionar aos estudantes de Cinema uma aproximação com o mundo profissional da sétima arte. Através da partilha de experiências, os futuros cineastas podem conhecer realidades alternativas e expor dúvidas que possam surgir. «É sempre interessante os alunos terem uma visão de alguém do meio. Isso acontece nas aulas, com professores que trabalham em cinema, mas na maioria são perspectivas teóricas», explica Fernando Cabral, professor do curso de cinema. «Os alunos querem saber o que vai acontecer depois de sair do curso e é bom ter alguém, que já trabalha na área, que possa dar essa visão», acrescenta ainda. Segundo o docente, são os próprios alunos que já pedem essa perspectiva externa. Por essa razão «trazemos sempre alguém para fazer workshops e masterclasses», explica. O cinema realizado em Portugal é diferente do que é feito em Hollywood, conta Fernando Cabral. «É mais minimal, o que faz com que o retorno seja muito menor do que aquele feito em Hollywood», explica. «Cinema é cinema em qualquer parte do mundo. A questão é a capacidade de arranjar dinheiro». Existem factores externos que podem influenciar este aspecto. «Poderá haver mais facilidade em arranjar financiamento no dito cinema Americano e em Portugal isso ser mais complicado», refere Fernando Cabral. Através destas experiências e o contacto com o mundo atual do cinema, nas suas diversas vertentes, os estudantes «vão percebendo que não é assim tão fácil fazer cinema americano e vão adaptando as ideias às coisas práticas», explica o professor.
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