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Workshop ensina a encarar a morte pelo olhar da vida
Maísa Melo Andrade (Universidade Federal de Uberlândia) e Bianca Colvara (Universidade Federal de Juiz de Fora) · quarta, 25 de outubro de 2017 · Associação pela Dignidade na Vida e na Morte - Amara, de Lisboa, promoveu encontro em Covilhã para ajudar as pessoas a lidarem melhor com a perda. |
Mario Madrigal ministrou o workshop "Educação para a Morte" no gabinete do Coolabora |
21978 visitas A morte traz consigo diversas sensações como o medo da perda, do desconhecido e até a curiosidade, mas, no geral, é relatada como algo sombrio, assustador, onde ninguém quer chegar. São exatamente esses “mitos” que a Associação pela Dignidade na Vida e na Morte, AMARA, deseja desconstruir. Representando a Associação, Mário Madrigal, ministrou o workshop “Educação para a morte”, na última quarta-feira, 17, na Covilhã. No gabinete da CooLabora, um grupo de dez pessoas se reuniu para ouvir sobre o tema. “Que programa interessante para vocês”, brincou Mário. O palestrante parte do princípio de que viver e morrer são processos parecidos. Ele explica que as aflições que se tem em relação à morte são também medos que se têm em relação à vida. É sobre perdas. “Quem aprende a viver, aprende a perder”, explicou. E o que seria a morte, se não a perda de alguém querido?, ele questiona. Para reforçar seu posicionamento, Mário convida os participantes a relembrarem as amizades de infância, namoros de adolescência e casamentos passados. Para ele, as relações que não existem mais podem ser consideradas uma morte em vida. É assim que ele introduz o tema, para, então, abordar a morte como um processo fisiológico, natural e inevitável. Madrigal trabalha no workshop maneiras para auxiliar um familiar ou amigo a se sentir mais confortável para morrer, preparando também as pessoas ao redor para deixá-lo ir. O palestrante explica também a importância de conhecer possíveis arrependimentos e desejos de quem está prestes a partir, e buscar solucionar essas inquietações para deixar a vida de forma digna e em paz. Tudo se trata de empatia, e é com essa ideia que trabalha a AMARA. A Associação oferece apoio por meio do diálogo, com encontros semanais nos quais o voluntário visita a pessoa em final de vida, que acompanha apenas com a intenção de escutar e se fazer presente. “Não tem tanto a ver com cuidados das necessidades físicas, mas de dar oportunidade às pessoas de conversarem, pois ainda existe muito isolamento”. A experiência resultante desse acompanhamento humanitário tem sido compartilhada em diversas cidades em Portugal, por meio do workshop em questão. Maria de Lurdes Gonçalves procurou a palestra em busca de aperfeiçoamento pessoal e, principalmente, profissional, já que trabalha como auxiliar em um lar de terceira idade. Lidar com a morte acaba por ser algo comum em seu ramo de atuação, lembra ela, que nota a falta de formações do gênero em sua profissão. Há 24 anos na área, Maria de Lurdes reconhece a importância do preparo dos profissionais que estão em contato com questões relacionadas à morte. Para além da vida profissional, a auxiliar relata que tudo o que aprendeu em sua carreira foi, também, uma boa forma de crescimento a nível pessoal. Fernanda Madeira, uma das participantes, contou que desde muito nova tem curiosidade pela morte, e foi essa inquietação que a levou ao evento. Ela, que já teve que lidar com a experiência quando seu pai morreu, considerou os conhecimentos compartilhados por Mário como positivos, pois confirmaram ideias que já tinha sobre e acrescentaram novos pensamentos. A intenção da Amara, como lembra Madrigal, é continuar a realizar palestras e eventos por todo o país a fim de auxiliar cada vez mais pessoas, e ampliar a atuação da Associação no acompanhamento humanitários para outros municípios, já que, no momento, essa atividade acontece apenas em Lisboa.
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