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Júlio de Melo e Matos homenageado na biblioteca
Márcia Soares · quarta, 4 de outubro de 2017 · O Auditório da Biblioteca Municipal da Covilhã preparou-se para receber uma nova sessão da iniciativa “Encontros da Biblioteca”, numa noite de homenagem ao escritor Júlio de Melo e Matos. |
Exemplares doados à Quinta da Lageosa |
21992 visitas Quarta-feira, noite de eleições autárquicas e de champions league a despovoar o auditório. Eram 21h30 e a sessão iniciou-se com meia dúzia de convidados que se alargou até à dezena. Esta escassa adesão acabaria por originar uma conversa animada e informal. Júlio de Melo e Matos foi um latifundiário do concelho da Covilhã, agricultor, escritor e jornalista, que doou parte do seu espólio à cidade. Figura pouco conhecida, mas uma incontornável mais-valia para a cidade. Foi com fins educativos e pedagógicos que, em 1948, doou por testamento a Quinta da Lageosa ao Estado Português, com a condição de ali se instalar uma escola agrícola. Além disto, formado como bacharel em Filosofia pela Universidade de Coimbra, foi ainda secretário do liceu do Porto, senador e director da Liga Agrária do Norte. Com o pseudónimo de Júlio de Almeida escreveu Homem Salvo e Leonor, colaborando com vários jornais e publicando algumas obras, entre as quais Materiais para a Monografia do Liceu do Porto, em 1919; e Cooperativismo Agrário, 1920. O actual Director da Escola Quinta da Lageosa, Agostinho Duarte atribui a esta figura uma «visão extraordinária» para fazer tal coisa, considerando que ao doar este património de 320 hectares só demonstra a inteligência que já possuía sobre as competências que os jovens iriam precisar de ter. Acrescentando ainda que «não faz sentido que uma escola vulgar tenha um curso de agricultura só ‘de papel e lápis’, deu-nos os meios de dotar os alunos das maiores competências, revelando uma outra visão. Foi muito importante a construção de uma escola desta tipologia neste território, pois é a única com capacidade para formar jovens capazes de trabalhar áreas que estão cada vez piores devido ao despovoamento galopante». Da Quinta da Lageosa provieram para a Biblioteca Municipal tesouros bibliográficos, a sua biblioteca particular que incluía cerca de 6.000 volumes, um património documental que Cristina Caetano, licenciada em Ciências da Informação e Documentação, procura explorar com o intuito de compilar a colecção, de forma a perceber melhor quem foi o seu proprietário e a sua intenção com esta doação. Para Cristina Caetano a sessão surge como “uma oportunidade de reflexão em torno de uma figura cujo futuro passará por uma homenagem ou até uma investigação sobre esta personalidade». Já Agostinho Duarte vê na inauguração de uma estátua o «mínimo dos mínimos». O Director julga ainda que o património deixado deu um contributo fantástico na resposta às necessidades da região, sendo que este ser empregue ao serviço da cidade é «a melhor forma de homenagear este legado, até porque é a única forma que respeita a vontade do doador». Ex-alunos compareceram na sessão, assim como um ex-director da Escola que considerou que “a Covilhã nunca soube aproveitar o potencial que se poderia retirar de lá” e considerando-a «uma riqueza inesgotável para a qual nunca se olhou devidamente». |
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