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Uma rentrée musical ao ritmo dançável dos Mirror People
João Botão dos Santos · quarta, 4 de outubro de 2017 · O auditório d´A Moagem no Fundão recebeu o alter-ego de Rui Maia que apresentou temas do primeiro e segundo álbum levando, de forma inédita nesta sala, o público a subir ao palco |
Momento em que o público se juntou aos artistas em palco |
21978 visitas O local onde antes se fazia a moagem dos cerais deu lugar à capital da arte e do engenho no Fundão, recebendo mensalmente o projeto Sons à Sexta que pretende descobrir as bandas com talento no mercado paralelo da música. Os últimos a subir ao palco foram os Mirror People, na passada sexta-feira, para um concerto que apesar dos problemas tecnológicos levou o público, de forma inédita na Moagem, a subir ao palco para junto dos quatro artistas. A banda que é alter-ego de Rui Maia, teclista dos X-Wife começou por tocar músicas do último álbum “Bring the light”, lançado no início de 2017. O público até começou tímido, mas com o fluir do concerto, e apesar de alguns problemas tecnológicos quase impercetíveis com o material, lá se iam vendo os primeiros fãs a deixar as suas cadeiras e a dançar ao ritmo do “maestro” Rui Maia. “Senti uma boa energia na sala e gostei mesmo do concerto, foi fluído”, adiantou o músico e compositor nortenho dos Mirror People, acrescentando que gostava que os problemas com o material não tivessem acontecido, mas que “não prejudicaram o concerto”. A tournée dos X-Wife na América em 2010 serviu de mote à formação do projeto Mirror People, o qual segundo o músico nortenho tem a intenção de “ligar a música de dança com um toque mais disco sound dos anos 70, a outras sonoridades mais contemporâneas”. O “egoísmo criativo”, que o Jornal Público conferia a Rui Maia, em 2015, levou o músico a querer editar em nome próprio e hoje em dia separa claramente os dois projetos. “Nos X-wife são três cabeças a pensar, funcionamos de uma forma completamente diferente, é tudo a dividir por três”, confessou o músico que no seu “universo” consegue distinguir completamente os dois projetos. “Em Mirror People não sou bem ‘one man show’, eu basicamente sou o maestro, tenho uma banda e gravo música em casa”, defendeu* (áudio), acrescentando que apesar de trabalhar com várias vocalistas em estúdio, neste último álbum decidiu ter uma banda mais estável ao vivo, onde “cada membro tem um papel fundamental no projeto”. De regresso ao auditório da Moagem e ao concerto, já perto do fim a banda decidiu tocar uma cover da música “all my friends”, de uma das bandas favoritas de Rui, os Lcd Soundsystem, algo que gerou a apoteose total na sala. Vários foram os fãs que saltaram das suas cadeiras para subir as escadas e juntar-se aos quatro músicos em palco, algo que nunca tinha acontecido em nenhum dos concertos mensais do Sons à Sexta. Até os mais cépticos quanto à dança não se conseguiam manter quietos nas suas cadeiras e acompanhavam o ritmo da música. “Senti um ambiente super relaxado e é difícil dizer pela música que estamos a praticar que foi intimista, mas senti a malta super divertida e até subiram ao palco e mesmo sentados curtiram o concerto”, confessou orgulhosamente Rui Maia que apesar de não estar habituado a ter salas sentadas nos seus concertos, gostou do ambiente que vivenciou na moagem. “Fomos ambiciosos e começamos logo com um nome que não precisa de grandes apresentações, quando são bandas assim facilita imenso o trabalho”, afirmou Toni Barreiros, programador musical do auditório da Moagem, que pensa que as expectativas para a rentrée musical tenham sido superadas. O programador não deixou também de referenciar a parceria direta com a Antena 3 que desde o início se associou ao projeto “Sons à Sexta. “O nosso princípio é o talento da música portuguesa, é descobrir as bandas com talento no mercado paralelo da música, aquelas músicas que geralmente as pessoas não ouvem, como se costuma dizer, e os Mirror People estão nesse quadro e tocam na ‘3’”, explicou. Toni não tem dúvidas que a promoção deste tipo de eventos é essencial: “Se não disseres às pessoas que está a acontecer aqui no Fundão e na moagem, as pessoas não vêm”, afiançou, demonstrando a dificuldade de “tirar as pessoas de casa, do sofá” para lhes mostrar aquilo que vai acontecendo na Moagem e na cidade. Regressando aos Mirror People, para já Rui Maia não quer ouvir falar num novo álbum, mas de uma coisa o músico tem a certeza: “Eu vou fazer um disco completamente diferente deste, porque se bem me conheço acaba por ser o que aconteceu do primeiro para o segundo álbum, os dois acabaram por ser escritos por mim, mas são completamente diferentes”, concluiu o músico. Os próximos a subir ao palco vão ser os albicastrenses “Norten”, no próximo dia 13 de outubro. Já em novembro será João Vieira, colega de Rui Maia nos X-Wife, a subir ao palco da Moagem com o projeto “White Haus”. Toni Barreiros não deixou passar a oportunidade para anunciar, em primeira mão, que em dezembro será a vez de Fernando Alvim visitar o Fundão com o seu programa “Termómetro”, onde cinco bandas estarão disputar o lugar de vencedor, no decurso de uma emissão em direto da Antena 3 no Fundão. “Poderá não ser na moagem porque isto já é um evento com alguma dimensão e eventualmente poderemos ter de pensar noutro espaço, mas gostava que fosse aqui a moagem porque o Sons à Sexta estão ligados à Moagem”, concluiu Toni Barreiros. |
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