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A suspeita tornou-se uma certeza
Márcia Soares · quarta, 17 de maio de 2017 · UBI “Sobre Suspeita e Culturas de Desconfiança” foi o mote para o arranque das conferências que decorreram no Anfiteatro da Parada. Ciência Política, Ética, Antropologia Forense ou Ciências da Arte e da Cultura foram alguns dos temas abordados. |
Conferência sobre Suspeita e Desconfiança (Foto: Márcia Soares) |
21975 visitas Haverá alguma teoria geral da suspeita? Ou haverá algum parentesco entre suspeita e desconfiança? Várias foram as questões sobre que se pretendeu reflectir ao longo deste colóquio, que decorreu de 9 a 10 de maio. “A suspeita tanto se encontra nas actividades comuns como nas ciências ou na filosofia. Ela tornou-se um caso generalizado e um fenómeno social crescente, alastrando-se já a todas as instituições”. Francisco Moita Flores, escritor e ensaísta, agradeceu o convite feito pela organização para estar presente, e considerou que a suspeita nunca irá acabar: “Em vez de falarmos em suspeita podemos falar em problemas, e esses nunca irão acabar. Estamos sempre a questionar-nos sobre aquilo que identificamos e aderimos num determinado momento, sendo que essa verdade que acolhemos rapidamente se transforma numa nova pergunta, e assim sucessivamente”. O escritor concluí, deste modo, que a suspeita é um movimento perpétuo. A conferência contou com a presença do Comando Distrital da GNR de Castelo Branco, na pessoa de José Carlos Gonçalves, que abordou o assunto dentro da sua área institucional, a área policial. “Quando falamos em suspeita em termos policiais estamos a falar em concreto do quê?” foi uma das questões levantas na sua abordagem que parte da dualidade indivíduo/direitos individuais versus mecanismos de protecção do cidadão, centrando-se assim nas práticas policiais assentes na suspeita policial que visam garantir a paz social. Eduardo Camilo, docente da UBI, foi outro dos oradores da sessão, e procurou delimitar o estatuto de suspeita às Teorias da Conspiração a partir do domínio da semiótica do texto. O autor considera a Teoria da Conspiração “como uma forma de textualidade especulativa (conjetural), de incriminação (acusação) e de culpabilização (censura)”. No seguimento do tema, atenta que estas questões da suspeita e da desconfiança são cada vez mais prementes, devido à natureza dos fenómenos históricos: “É necessário desenvolver uma determinada suspeita no que diz respeito aos fenómenos da modernidade e da pós-moderninade”, defendeu. O primeiro dia da sessão contou ainda com mais presenças. O professor Miguel Real apresentou o tema “Suspeita- conceito filosófico contemporâneo”; Rayco Gonzalez, professor proveniente da Universidade de Burgos, centrou-se na temática “Figuras de la sospecha en el tiempo presente”; a professora Eugénia Cunha trouxe a matéria: “Casos forenses: onde com ou sem suspeita faz toda a diferença”; e o professor da instituição, Luís Nogueira, expôs “O diabo na máquina e os suspeitos do costume”. O evento foi organizado no âmbito das actividades científicas do LabCom.IFP – Comunicação Filosofia e Artes, unidade de investigação da Faculdade de Artes e Letras da Universidade da Beira Interior. |
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