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Moda, língua e género segregam a mulher
Rita Liberato · quarta, 10 de maio de 2017 · Continuado O “género na moda e na língua” e a “violência sobre as mulheres” foram os principais temas discutidos no 2º dia do seminário “Comunicação, Média e Questões de Género”, que ocorreu no passado dia 3 de maio, no auditório do Museu dos Lanifícios da UBI. |
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22037 visitas Nuno Amaral Jerónimo, professor da UBI, do Departamento de Sociologia, apresentou no colóquio questões relacionadas com a moda que pode ser um motivo de inclusão /exclusão na sociedade e nos géneros. Abordou ainda problemáticas relacionadas com a publicidade. O professor da UBI considerou que “a publicidade dirigida a homens é quase nula, como se só as senhoras fossem consumidoras”. Para Nuno Jerónimo o objeto onde a separação entre géneros é mais notória é a moda, porque “é algo que é associado às mulheres: as revistas de moda estão construídas para as mulheres e associa-se-lhes a moda por ser fútil”. “A sociedade ainda descredibiliza o elemento feminino porque, apesar de lhe associar a moda, quem lidera os grandes ateliês são homens, na liderança estão os homens.” Sónia Soares, investigadora no Observatório de Mulheres Assassinadas, deu uma palestra em que alertou para os casos, existentes em Portugal, de violência sobre as mulheres. A oradora explicou que, “infelizmente, os casos de crime de género são bastantes e o maior número no feminino: morrem ainda muitas mulheres por violência, seja ela por parte dos cônjuges ou de outros homens”. Sónia Soares apelou à prevenção destes casos: “As mulheres têm de ser unidas, têm de falar, procurar ajuda e não ter medo, porque existem órgãos e entidades para as defender, como é o caso dos hospitais, da polícia e de todas as entidades, governamentais ou não, que existem para a sua defesa”. “O principal objetivo é que as mulheres percebam que não têm que ser maltratadas, e ninguém tem o direito de fazer o outro sofrer, seja física ou psicologicamente.” Foi ainda dado um workshop, por Catarina Sales Oliveira, presidente da Comissão de Género da UBI e organizadora do evento, sobre a aplicação da linguagem neutra, subordinado ao título “Como comunicar a igualdade de género”. A oradora deu as próprias notícias como exemplo, visto que “estas são redigidas maioritariamente no masculino.” “Nunca aparece “os leitores e as leitoras”, utiliza-se sempre a primeira forma”. Para a organizadora da Comissão de Género “não é a língua que é sexista, o costume é que é, porque as pessoas acostumam-se e dificilmente mudam, o que é natural.” Considerou, além disso, que “os portugueses vivem ainda numa sociedade que é tradicionalmente masculina”. Acabou por sugerir que “se a língua muda consoante a evolução do mundo, também pode mudar para incluir as mulheres”. |
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