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Uma oportunidade para a cultura: o Interior
João Botão dos Santos · quarta, 15 de mar?o de 2017 · “Criar no Interior” foi o slogan do Fórum Cultural que juntou agentes culturais, criadores, docentes e estudantes num dia inteiramente dedicado à cultural e à região do Interior |
Edgar Valente criador do grupo musical "Criatura" e a Museóloga Carla Monteiro da Fundação Manuel Cargaleiro |
21966 visitas Um curso que vai em muitos sentidos ao mesmo tempo. Foi assim que Gabriel Magalhães caracterizou, em analogia com a obra pessoana, o curso que dirige atualmente, as Ciências da Cultura. O Fórum Cultural organizado em parceria direta entre docentes e alunos do curso teve como principal objetivo o debate das estratégias culturais produzidas na região, bem como o contato direto dos alunos com os agentes culturais parceiros do curso. Esta foi uma ideia que surgiu numa reunião do Conselho Consultivo das Ciências da Cultura, no mês de abril do último ano, tendo vindo a ser pensada e elaborada desde essa data. “Colocou-se a possibilidade de fazer um fórum onde se debatesse o que é que em termos de estratégias culturais se está a fazer na região”, começou por explicar Gabriel Magalhães que salientou também que era algo que os alunos pretendiam. “Uma das grandes preocupações era que os alunos conhecessem bem as entidades que são parceiras para que o curso não ficasse tão fechado na sua parte teórica mas se dinamizasse também na parte prática”, acrescentou. Quatro anos nos separam da criação do curso que acabou por ter uma evolução contínua e que vê agora o estabelecimento de uma sequência com a aprovação do Mestrado em Estudos de Cultura. Apesar de ser um curso ainda muito jovem, “a sua ligação com a comunidade envolvente é cada mais estreita e direta”, prova disso mesmo foi o primeiro painel do dia dedicado às políticas culturais na Beira Interior, onde a cultura esteve de mãos dadas com a economia e o turismo. Nesta primeira mesa do fórum estiveram representadas as autarquias da Covilhã, com o vereador Jorge Torrão; Belmonte, com a vereadora Sofia Fernandes; Fundão, com a vereadora Alcina Cerdeira e a Guarda, com o vereador Vítor Amaral. Estas são os principais parceiros do curso de Ciências da Cultura, existindo já alguns programas de estágios estabelecidos, como é o caso concreto do município de Belmonte, que acolheu o primeiro estagiário a sair do curso. Os responsáveis autárquicos fizeram questão de deixar bem patente a importância que os alunos licenciados nas Ciências da Cultura terão na produção cultural para a região. “É uma enorme responsabilidade e uma grande honra perceber que as parcerias do curso olham com tanto potencial e com tanta esperança para quem está a ser formado na área”, revelou com orgulho Cláudia Farias, a representante dos alunos na organização do Fórum Cultural. Gabriel Magalhães não escondeu, também, o seu orgulho por ver esta ligação tão estreita do curso com a comunidade envolvente. “É mesmo satisfatório ver que o nosso trabalho não acontece dentro de um tubo de ensaio, mas que pelo contrário fertiliza a região e ao mesmo tempo também nos são dadas sugestões e linhas de trabalho. É particularmente agradável esta dimensão que as ciências da cultura têm”, confessou o docente. No fim da primeira mesa do dia os alunos, nomeadamente do terceiro ano do curso, tiveram a oportunidade de reunir diretamente com os responsáveis autárquicos da região no sentido de estabelecer os possíveis estágios a realizar no fim deste ano-letivo. “A reunião serviu precisamente para estabelecer e trocar contactos diretamente com os representantes, para se saber precisamente o que é que cada um de nós iria fazer no estágio, porque existiam algumas dúvidas”, afiançou Cláudia Farias, confessando ainda, que todas as dúvidas foram dissipadas. A segunda mesa do Fórum trazia o outro lado da cultura, os criadores e os projetos já concretizados, sob o lema da gestão de projetos culturais. A primeira a ter a palavra foi a Museóloga Carla Monteiro da Fundação Manuel Cargaleiro, um espaço museológico de Castelo Branco. A história desta fundação está diretamente relacionada com o percurso e a vida do pintor e ceramista Manuel Cargaleiro, sendo que o museu conta com várias obras da sua produção artística, bem como da sua vertente de colecionador. O museu conta atualmente com cerca de nove mil obras registadas. O segundo orador da tarde era um jovem que regressava a uma “casa” que tão bem conhecia, tratava-se de Edgar Valente e do projeto musical “Criatura”. Antes de apresentar o seu grupo musical o jovem decidiu falar um pouco da sua vida e do seu percurso, que curiosamente começou precisamente na UBI. Edgar é um jovem natural da Covilhã que começou por encetar os seus estudos no curso de Ciências da Comunicação, onde apesar de concluir todas as cadeiras do primeiro ano decidiu desistir, a vontade de ser artista e de pisar um palco falou mais alto. “Precisava de me reencontrar e redescobrir”, confessou o jovem que mais tarde teve o privilégio de entrar para a residência artística Musibéria de Serpa, onde lhe foi dada a possibilidade de criar o seu próprio projeto. Reinventar a música tradicional Portuguesa misturando eletrónica fundindo os dois mundos foi o mote para a “Criatura”. O Fórum Cultural não podia terminar sem que fosse dada a oportunidade aos jovens estudantes de se expressarem, culturalmente falando, tendo a possibilidade de exporem projetos desenvolvidos para algumas disciplinas do curso. Cláudia Farias foi um desses estudantes e apresentou um projeto que desenvolveu para a cadeira de Movimentos Artísticos Contemporâneos que teve no seu segundo ano da licenciatura. “O meu projeto consiste na requalificação de um edifício da Covilhã muito tradicional, que é o palacete do jardim. A minha ideia é a requalificação desse edifício e a sua adaptação a um possível museu de arte nova”, adiantou a jovem que gostava de criar um polo dinamizador da arte e da cultura, bem como, “educar” as várias faixas etárias da região para o gosto pelo património e pela arte. O diretor do curso tem a convicção que muitos destes projetos dos seus alunos se irão concretizar. “Sabemos que qualquer percurso que fazemos tem coisas que vingam e coisas que podem falhar, mas mesmo as que falham servem para depois catapultar as que irão ter êxito. Estou convicto que vários projetos acabarão por ver a luz de alguma forma”, concluiu. |
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