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Covilhanenses discutem feminismo
Francisco Nascimento · quarta, 15 de mar?o de 2017 · Continuado O Dia Internacional da Mulher na Covilhã assinalou-se com um debate onde se discutiu a igualdade de género, com a participação de duas investigadoras do tema. |
O debate contou com a presença de duas investigadoras (foto: Rita Duque) |
21975 visitas No passado dia 8 de março e no decorrer das celebrações do dia da mulher, realizou-se um debate sobre o lema “A igualdade vai passar por aqui?” com o intuito de se discutir a igualdade de género passando pelo feminismo. O evento decorreu na Biblioteca-Café Concerto e teve organização por parte da Coolabora, contando com a presença de Faranaz Keshaavjee, investigadora do Centro de Estudos Internacionais (CEI-IUL /ISCTE) e de Lina Coelho, professora e investigadora do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra. A adesão foi elevada e o espaço tornou-se pequeno para as inúmeras pessoas presentes, que viram o debate iniciar-se com um argumento partilhado: é na escola que se deve começar a falar deste assunto, desde o Ensino Primário ao Superior. Lina Coelho, que tem trabalhado temas como a desigualdade na Economia, refere que o facto de não ser dada oportunidade às mulheres para desempenharem altos cargos, ajuda a que estas tenham “empregos dos mais mal pagos da sociedade”, não compreendendo esta circunstância visto que 60 por cento dos trabalhadores licenciados são do sexo feminino. Faranaz indica que também esta questão do ensino superior demonstra o estatuto que se tem sobre as mulheres, visto que na grande maioria estudam cursos virados para o servir e o cuidar, como é o caso da medicina. A investigadora do ISCTE vai mais longe e afirma que “somos cúmplices da realidade em que vivemos” tendo em conta que a pressão social não ajuda a ultrapassar este assunto. A opinião é partilhada por Lina Coelho, que visa ainda os media, pois estes “dão pouca relevância a este assunto”, não procurando alterar certas opiniões e olhando ainda para a palavra feminista como um “bicho-papão”. O dia internacional da mulher, criado para lutar pelos direitos de trabalho e melhores condições de vida, é hoje, segundo Lina Coelho, um evento comercial, apontando à Câmara Municipal de Coimbra que ofereceu nesse dia “unhas de gel e danças do varão” pervertendo assim “a mensagem do dia 8 de março”. A certa altura, a discussão abriu-se à plateia e de todas as intervenções houve uma que se destacou pela diferença. Paulo Runa, olha para esta questão da desigualdade como um assunto criado e suportado pelas mulheres, afirmando mesmo que o “feminismo não é nada”. Considera que a diferença de empregos é normal, visto que a composição física de um homem é diferente da de uma mulher. Porém, afiança que com trabalho todos conseguem alcançar os seus objetivos, não apreciando as diversas referências feitas ao maior número de mulheres licenciadas. Já Edite Costa, estudante de Ciência Política e Relações Internacionais na UBI, refere que as mulheres são utilizadas como negócio, olhando para os casos em que não pagam para entrar em discotecas. Refere que as mulheres devem vestir-se como quiserem desde que seja de livre e espontânea vontade, afirmando com mágoa que “gostava de sair à rua sem ser assediada, sem medo”. Lina Coelho intervém a favor de Edite, confessando que teve dificuldades em deixar a filha sair à noite, contudo, teve de dar igual critério entre os seus dois filhos. Foi também tema de debate a solução da quotização para as mulheres. A professora de Universidade de Coimbra mostrou-se a favor, por outro lado, Faranaz Keshaavjee demonstrou-se contra a medida. Este debate fechou as comemorações do dia mulher na cidade da Covilhã, que durante a tarde assistiu a uma performance colaborativa, denominada “MUROS”, na Praça do Município. |
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