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Carnaval da Mutualista: uma tradição que junta gerações
Rafael Mangana · quarta, 1 de mar?o de 2017 · Seniores, funcionários, familiares e amigos realizaram no sábado, 25 de fevereiro, mais um baile de mascarados na Mutualista Covilhanense e provaram que não há idade para brincar ao entrudo. |
Não faltou animação no Baile de Carnaval da Mutualista Covilhanense |
21982 visitas A cada novo Carnaval, a octogenária melhora o seu disfarce. Coloca sempre a peruca loira, esconde metade da cara atrás dos grandes óculos escuros e redondos, veste-se de negro de cabeça aos pés, enfia umas luvas de cabedal e pinta os lábios de vermelho. Este ano o novo adereço é uma pele preta que tem à volta do pescoço. Assim que irrompe no Baile de Carnaval, na sala de convívio da Mutualista Covilhanense, a pergunta repete-se aqui e ali: "Quem é aquela loira?". É assim todos os carnavais. A "loira" - que não quis revelar a identidade - é bem conhecida no seio da instituição. "Se me vissem assim vestida na minha terra, ninguém acreditaria", justifica. Nunca brincou ao Carnaval na sua aldeia. "Uma senhora séria e viúva como eu? Nem pensar!", explica a loira, entre risos, antes de se fazer ao baile com a genica de uma miúda de 20 anos. À "loira" juntam-se princesas, um pirata, um índio, um palhaço e um sem número de personagens, num grande convívio intergeracional em que participam utentes das várias valências de apoio à 3ª idade – da Estrutura Residencial para Pessoas Idosas (ERPI), do Centro de Dia e do Apoio Domiciliário –, funcionários, familiares e dirigentes, com animação a cargo de um organista. São dezenas de mascarados, muitos dos quais com máscaras que os próprios utentes pintaram nos dias que antecederam a festa, no semanal Ateliê Expressivo, que nesta quadra foi dedicado ao Carnaval. Há também jovens e crianças trazidos por pais e avós. "Nunca pensei que um baile de Carnaval num lar pudesse ser tão divertido", comenta Beatriz Soares, de 9 anos, enquanto ajeita os suspensórios que seguram as grandes calças de fazenda e a almofada que escondeu debaixo da camisa ao xadrez, que lhe faz de barriga. O seu disfarce não deixa dúvidas: é um homem barrigudo. "E eu já não me divertia tanto aqui na associação como neste Carnaval", conta, por sua vez, a funcionária Fátima Abrantes, cozinheira chefe da instituição, que este ano participou na atividade. Depois do seu horário de trabalho ficou pela Mutualista para o Baile de Carnaval. Uma mascarilha na cara chega-lhe para fazer a festa. Tal como Fátima Abrantes, há vários funcionários a celebrar a quadra. Os utentes mais extrovertidos dançam, os mais tímidos e menos autónomos assistem. "Independentemente de participarem ativamente ou não, de se mascararem ou ficarem simplesmente sentados a ver, o Baile de Carnaval é uma das atividades anuais mais marcantes para os nossos utentes, até porque é uma tradição da nossa Instituição", afirma a diretora técnica da Mutualista Covilhanense, Raquel Ribeiro. "Desde sempre que se realiza este baile, exatamente por toda a envolvência que gera e pela forte adesão por parte dos utentes", explica a responsável. Raquel Ribeiro constata que "os bailes fazem parte do passado e da história de vida dos utentes". "Cada um vive o Carnaval à sua maneira e a forma como o faz está muito relacionada não só com a sua personalidade, mas sobretudo com o meio ou a aldeia de onde é oriundo, ou seja, com as tradições que vivenciou", diz ainda a diretora técnica. "Porque para muitos o simples ato de assistir ao baile, rodeando quem está a dançar, como o faziam no passado, é o melhor da atividade". E depois há o caso da "loira", que rompe com o passado para começar a brincar ao Carnaval na idade maior. |
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