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"Cisnes Negros" ameaçam a Europa
João Alves Correia · quarta, 8 de fevereiro de 2017 · António Covas apresentou, na UBI, “A Contingência Europeia – As linhas de fractura e a transição para a União Política”, com várias premonições sobre o futuro da frágil hegemonia europeia. |
A Europa em debate na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (Foto de João Alves Correia) |
21979 visitas Desde o princípio do Séc. XX, a Europa sofreu profundas alterações políticas, geográficas e económicas que, de forma mais ou menos acentuada, a transformaram no grupo de nações que hoje apresenta, mas também na espécie de barco à deriva em que cada nação rema para lados distintos, geralmente opostos. Com a obra "A Contingência Europeia – As linhas de fractura e a transição para a União Política", António Covas retratou na FCSH/UBI no dia 6 de fevereiro, o passado e o presente da Europa, bem como conjeturou o seu futuro em campos tão distintos como política, economia, soberania, leis internacionais e o novo ciclo de dispersão de nações que a Europa apresenta. Entrando em temas como o desenvolvimento das nações durante o mundo bipolar (a partir dos anos 50, com E.U.A. e U.R.S.S. como atores principais) e que levaram ao mundo multipolar a partir da grande crise económica que ocorreu em 2007 ajudam a perceber o que fez da Europa aquilo que hoje é. Mas foi nas previsões que o autor apontou a existência de "cisnes negros" e de outros possíveis no futuro, como no caso da França caso Marine LePen ganhe as eleições, ou no caso do Reino Unido e do mais que provável afastamento de Teresa May da política antes de o Brexit estar concluído e devido a desgaste profissional e pessoal. Noutra nota, referiu que o caso do Reino Unido é ímpar, pois nada poderá impedir que Escócia e Irlanda do Norte não se dividam da Inglaterra e, segundo palavras de Covas, "passe a tornar-se no Reino Desunido", lembrando ainda que o mesmo poderá acontecer com Espanha, tão mais próxima de Portugal. Para além do caso mais mediático que é a França, sublinhou ainda as diferentes nações onde se começa a erguer uma direita radical que ameaça trazer ventos de outros tempos não só à Europa como, também, ao resto do mundo. O autor culpabilizou a maximização atual da política para o povo, ou seja, no foco exclusivo no branco e no preto em detrimento do cinzento, dizendo que "é fácil evidenciar e explicar ao eleitor o branco e o preto, mas pouco ou nada se fala dos cinzentos, e é nisso que se deve apostar: na educação do comum cidadão para que não aconteça o pior", numa alusão clara a Donald Trump, de quem também falou, e da sua política populista. Após a apresentação, houve uma breve sessão de perguntas e respostas que incidiram no que esperar da Europa no futuro próximo, bem como ao que isso poderá conduzir. Perante a pergunta sobre o fim do ciclo de vida da Europa, o autor respondeu mais detalhadamente e apresentou a sua visão sobre o assunto, perspetivando para a Europa um futuro algo difícil.
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