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A terceira geração na Psicologia
Mafalda Fino Tavares e Rita Liberato · quarta, 14 de dezembro de 2016 · @@y8Xxv O desenvolvimento e/ou a aquisição de conhecimentos sobre as diferentes terapias cognitivo-comportamentais de terceira geração (TCC) foram os principais objetivos da 2ª conferência do III Ciclo de Seminários de Intervenção Psicológica. |
Carlos Carona, orador da segunda Conferência |
22006 visitas "Pretende-se que o paciente se torne no seu próprio terapeuta" declara Carlos Carona, investigador do Centro de Investigação do Núcleo de Estudos e Intervenção Cognitivo-Comportamental (CINEICC). A conferência que ocorreu no passado dia 9 de dezembro, na FCSH, contou com a presença de alunos do Mestrado em Psicologia Clínica e da Saúde. Através da relação terapêutica, o paciente é convidado a assumir uma postura de curiosidade, abertura e aceitação em relação às suas experiências internas, tentando fazer com que ele próprio comece a ver o mundo e a si mesmo de uma forma positiva. Existem cinco terapias cognitivo-comportamentais de terceira geração: a Terapia Comportamental Dialética (DBT), com Linehan; a Terapia Cognitiva baseada no Mindfulness (MBCT), com Baine; a Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT), com Hayes; a Terapia focada na Compaixão (CFT), com Gilbert: e a Ativação Comportamental (BA), com Martell. Uma componente essencial das TCC de terceira geração é a adaptação das práticas de meditação budistas. O paciente precisa de estar relaxado, tanto física como psicologicamente, para conseguir enfrentar os seus medos e ansiedades. "O terapeuta tem a obrigação de partir da premissa: terapeuta e paciente são farinha do mesmo saco", afirma Carlos Carona, explicitando ainda que, de outra forma, o tratamento nunca resultará porque o paciente não se sentirá compreendido, relaxado e confiante para falar com o seu terapeuta. Uma das terapias mais utilizadas é o Mindfulness. Segundo Carlos Carona, o ano de 2014 foi o ano de Minfulness e, para ele, este "é um dos modelos mais transversais". É um modelo que ajuda a "melhorar o controlo da atenção, aumentar a consciência sobre o self e a realidade, e a reduzir a reatividade a estímulos internos", declara Carona. Trata-se de prestar atenção ao momento presente, sem ficar preso ao passado ou sem projetar o futuro. Por oposição ao Mindfulness existe o Mindless: o modo de "piloto automático". Para explicar este conceito, o psicoterapeuta deu uma série de exemplos: "continuar a comer quando já se está satisfeito, não se lembrar por que motivo se começou uma discussão com o(a) namorado(a), ou até pressionar incessantemente o botão do elevador, para que ele chegue mais rápido. Passámos do foco na mudança do conteúdo, característico da segunda geração, para o foco na mudança da relação de pessoas com estímulos internos", afirma Carona. O Mindfulness e a compaixão são, portanto, "componentes nucleares das TCC de terceira geração". No que diz respeito à formação clínica, é preciso ter um "conhecimento robusto das TCC, uma aprendizagem experiencial e contínua e um treino supervisionado", conclui o psicoterapeuta. Apesar deste tipo de terapias ser algo ainda recente, existe já um vasto número de publicações e a expectativa é de que venham a aumentar com o passar dos anos. "O que nos interessa salientar é a evolução contínua das terapias cognitivo-comportamentais, independentemente da geração a que nos estamos a reportar", afirma Carona. Esta conferência enquadra-se num ciclo, organizado pela Comissão Científica de Curso do 2º. Ciclo/Mestrado em Psicologia Clínica e da Saúde, e a entrada é livre. No dia 14 de dezembro, às 14h, Joana Alexandre (ISCTE) tratará do tema "Prevenção do abuso sexual de crianças". |
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