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"Territórios Desiguais: crise, globalização e cidade" na FCSH
Carla Sousa · quarta, 7 de dezembro de 2016 · O sociólogo Renato Miguel do Carmo considera que os períodos de crise económica e financeira têm contribuído para agudizar as desigualdades sociais e territoriais em vários países. O também docente do ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa esteve na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (FCSH), no passado dia 5 de dezembro, para proferir a aula aberta subordinada ao tema “Territórios Desiguais: crise, globalização e cidade”. |
O docente do ISCTE-IUL tem focado a sua investigação nas questões da desigualdade e territórios |
21969 visitas “Nós verificámos que com a questão da crise económico-financeira, do ponto de vista da análise sociológica, as desigualdades e as questões materiais não estavam resolvidas e elas intensificaram-se durante grande parte deste período, nomeadamente durante os anos 80, 90 e parte dos anos 2000”, refere. Renato Miguel do Carmo salienta também que estas desigualdades tornaram-se cada vez mais evidentes e cresceram “exponencialmente” nos mais diversos países e no ambiente citadino.“As questões da desigualdade, as polarizações sociais e territoriais aumentaram significativamente em muitos países e cidades, elas estão repletas de territórios diferenciados em que o rural, o urbano e o suburbano se sobrepõem e em que as modalidades e as configurações habitacionais são bastante diversificadas”, realça. Tendo em conta esta situação, o investigador defende que “os territórios não podem ser vistos apenas como o recetáculo ou o palco onde acontece determinado tipo de dinâmicas, eles têm de ser considerados como uma variável ativa e determinante relativamente à produção das próprias desigualdades”. Neste contexto, na opinião do sociólogo, o processo de globalização contribuiu, em grande medida, para intensificar estas disparidades sociais. “A globalização produziu mais enrugamento do ponto de vista do espaço e das relações socio-espaciais entre grupos, cidades e periferias do que propriamente espaços de planura”, considera. De acordo com Renato Miguel do Carmo, os cidadãos têm vindo a realizar determinadas escolhas, como a eleição de Donald Trump para presidente dos Estados Unidos da América e a votação a favor da saída do Reino Unido da União Europeia, devido ao seu descontentamento com o processo de globalização.“Há populações a viver em zonas urbanas e suburbanas que estão revoltadas com os processos de globalização. Sentem-se marginalizadas e excluídas com determinado tipo de decisões políticas, não se identificam com estes processos de liberalização e em termos eleitorais fazem-se ouvir de uma forma muito determinante e surpreendente”, revela. A aula aberta “Territórios Desiguais: crise, globalização e cidade” foi organizada pelo Departamento de Sociologia da UBI, Licenciatura em Sociologia da UBI e pelo Centre for Research and Studies in Sociology (CIES-UBI). |
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