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"Os políticos são os indivíduos sem os quais as instituições não funcionam"
Carla Sousa · quarta, 30 de novembro de 2016 · Manuel Alcántara Sáez, docente catedrático da Universidade de Salamanca, considera que nos últimos dez anos houve uma evolução nos estudos de ciência política, de maneira que o papel dos políticos tem vindo a ganhar cada vez maior relevância. O politólogo proferiu, no passado dia 25 de novembro, uma palestra intitulada “La carrera politica y el capital politico”, na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (FCSH). |
Esta foi a primeira intervenção da carreira do politólogo na UBI |
21979 visitas Segundo Manuel Alcántara Sáez, “nos últimos dez anos, houve uma reinversão da orientação dos estudos de ciência política, de tal maneira que dizemos que as instituições importam e os políticos importam também porque os políticos são os indivíduos sem os quais as instituições não funcionam”. Manuel Alcántara Sáez acrescenta ainda que “um político é, no âmbito eleitoral, fundamentalmente alguém que ganha eleições, ou seja que é eleito pelo eleitorado”. Assim sendo, a ideia da profissionalização da política teve início no ano de 1900, sendo que, de acordo com o professor da Universidade de Salamanca, foi uma conceção que “provém das esquerdas, dos partidos socialistas e que acabou por acontecer em todos os países europeus e latino-americanos”. O exercício da política, tal como refere o académico, apresenta diferenças relativamente à prática de outras profissões, desde logo o facto de não serem exigidos conhecimentos prévios. “Na carreira política o início é fundamental, pois as pessoas entram na política porque ganham eleições. Isto tem implicações muito interessantes no que diz respeito à diferença da profissão de política com as outras profissões, uma vez que em política não se exige à priori conhecimentos, o que qualquer outra profissão exige”, sublinha. Sobre o capital político, defende “que é o que têm os indivíduos de caráter simbólico que lhes permite ter êxito na ação política”. Para Manuel Alcántara Sáez, a temática analisada reveste-se de “extrema” importância, principalmente numa altura em que se assiste à falta de confiança, por parte dos cidadãos, nos políticos. “Com a crise da representação política, que vivemos desde a grande crise de 2008, por vezes a sociedade vê os políticos como um problema e isto parece-me que é uma justificação suficiente para abordar este problema”, salienta. A palestra “La carrera politica y el capital politico” é organizada pelas direções da Licenciatura em Ciência Política e Relações Internacionais e do Mestrado em Ciência Política. Um dos organizadores do evento, Bruno Ferreira da Costa, realça que foram tratadas “questões muito interessantes, inclusivamente até pela análise que nós fazemos, nos dias de hoje, sobre aquilo que é a carreira política, que deve ser ou não remunerada e em que valores, precisamente para atrair os melhores na política”.
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