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Os maestros da manipulação
João Botão dos Santos e Lisandra Maravilha · quarta, 23 de novembro de 2016 · @@y8Xxv Liderar a arte da persuasão, da mentira e da manipulação é o foco do Spin Doctoring, a mais sofisticada forma de fazer comunicação. Vasco Ribeiro guiou alunos numa viagem aos meandros da comunicação política |
António Bento acompanhado de Vasco Ribeiro, orador da tarde |
21987 visitas Instrumentos afinados, compassos estudados, silêncio na sala que o maestro ergue os braços. A orquestra da manipulação inicia o seu trabalho ao ritmo da batuta do Spin Doctor. A sala dos conselhos abriu as portas para se falar da arte de manipulação e da propaganda, que representa o Spin Doctoring. Vasco Ribeiro, assessor de imprensa e Professor da Universidade do Porto, assumiu o papel descodificador da temática. Um assessor de imprensa pode confundir-se com um Spin Doctor, pois ambos utilizam como ferramenta de comunicação os media. Se o primeiro se restringe aos meios de comunicação, os segundos utilizam toda uma panóplia de instrumentos, como sintetiza Vasco Ribeiro que aponta como grande diferença entre os agentes “a orquestra da manipulação por parte dos Spin´s”. Ser assessor de comunicação no seio dos meandros políticos acaba por ser uma tarefa “normal” para Vasco Ribeiro, profissional na área, bem como assessor do grupo parlamentar do Partido Socialista, na governação de José Sócrates. “A mentira não é o melhor caminho, é péssimo para comunicar”, sublinha Vasco Ribeiro, criticando os Spin Doctor´s, enquanto dá um exemplo claro e conciso desta realidade. “Alguém que crie uma marca e abra uma padaria ao procurar mentir sobre o seu produto, rapidamente perde os clientes”, reiterou. José Almeida Ribeiro, José Arantes, Paulo Portas, Luís Paixão Martins, António de Cunha Vaz, Luís Bernardo, Pedro Sales e Pedro Salgueiro, foram algumas das personalidades apontadas pelo assessor como grandes protagonistas do Spin Doctoring português. Vasco Ribeiro percebeu desde cedo que a realidade envolta na orbita dos Spin´s teria de ser entendida, enquanto atividade oculta “era importante entender se aqueles agentes tinham técnicas mais eficazes que a assessoria de imprensa”. Mas o professor alerta que não se deve olhar para a comunicação pela intensidade ou mesmo pelo folclore, mas sim pela qualidade da mesma. Na década de 80 os Spin´s eram olhados de maneira negativa, algo que hoje em dia não se verifica. “Quem contrata um Spin Doctor, ganha eleições ou tem uma perspetiva melhor da comunicação”, realça o orador, demonstrando assim que na atualidade esta atividade é bem vista no enredo político. “O Spin Doctoring é para todos os efeitos a forma mais recente e mais sofisticada de fazer comunicação”, concluiu. Na ordem do dia estão inevitavelmente as eleições americanas, do qual saiu vencedor Donald Trump e essa discussão alastrou-se ao público na sala dos conselhos. Francisco Ribeiro, aluno de Ciência Política, não tem rodeios ao afirmar que considera que estas eleições “marcaram uma derrota para os meios de Comunicação”. Vasco Ribeiro vai ainda mais longe ao referir que esta foi uma vitória do entretenimento. “Ganhou a casa dos segredos versus telejornal”, assumiu o orador, fazendo um paralelismo com uma geração “z” que prefere estar “agarrada” aos dispositivos móveis em vez de a um jornal ou site informativo. A palestra inseriu-se nas Conferencias do Seminário de Investigação do Mestrado em Ciência Política da UBI, lecionado pelos professores António Bento e Hélder Prior. As conferências contarão com mais duas palestras nos dias 24 de novembro e 12 de dezembro, inseridas no tema da comunicação política. |
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