No último sábado, dia 12, o anfiteatro das sessões solenes da UBI transformou-se num pedaço de Angola por algumas horas. O local foi sede do "Dia da Dipanda" evento que reuniu a comunidade angolana residente na Covilhã para comemorar a independência do país africano, proclamada no dia 11 de novembro de 1975. Apresentações musicais e de dança, stand up comedy, declamação de poesias, desfile de trajes típicos e debate sobre a história de Angola integraram a programação, que foi acompanhada por cerca de 250 pessoas de origem angolana e brasileira.

O Dia da Dipanda foi organizado por um grupo de sete estudantes da UBI de origem angolana. Segundo Ray Bragança, que integrou a comissão, o intuito do evento foi não deixar passar em branco uma das datas mais importantes da história de Angola. "Havia uma necessidade de celebrar, tal como outros angolanos que residem fora de Angola também o fizeram. Não podíamos deixar o nosso 'espírito de povo livre' ser esquecido", afirmou Bragança, estudante de Engenharia Informática.

A programação foi aberta com uma aula do professor Doutor em História da África, Helder Maiunga, sobre o processo de independência angolano. A aula precedeu um debate sobre o tema, que contou com a participação do presidente da Casa do Pessoal da UBI, Vítor Tomás Ferreira, e também do público presente, que contribuiu ativamente com perguntas sobre o tema.

O debate precisou ser abreviado por conta do tempo e o que se notou a seguir foi um show de apresentações que mostraram uma parcela da múltipla cultura africana e também o entusiasmo contagiante dos angolanos presentes no evento. A encenação de uma conversa entre um português e um angolano arrancou risos da plateia, que demonstrou igual empolgação com um desfile de roupas típicas do país, onde os modelos e a concepção das roupas foi feita pelos próprios alunos. Além disso houve apresentação de kuduro e kizomba, danças típicas angolanas, declamação de poesias e um dos momentos mais emocionantes do dia, quando todos os presentes se uniram em um coro emocionado para cantar a música "País Novo", de Matias Damásio.

Para Raquel Leite, aluna brasileira que cursa o mestrado em Design Multimedia na UBI, participar das comemorações do Dia da Independência Angolana levou-a a questionar a relação de patriotismo e o sentimento de comunidade estabelecido entre os brasileiros. "Eles são muito queridos e cuidam uns dos outros mesmo sem nunca ter se visto antes", contou. Entre os angolanos presentes, o evento também foi um momento de repensar a história angolana e os rumos atuais do país. "Esta comemoração foi uma forma de revermos nesta data e também fazer uma reflexão da trajetória do nosso país até o dia de hoje. Eu gostei da união entre os povos não só entre os angolanos mas também os países vizinhos se fizeram presente", contou a estudante angolana Júlia Manoel Alberto, aluna do curso de Optometria.