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Serra das Estrelas: Digressão Ignite iAstro chega à Covilhã
João Alves Correia · quarta, 16 de novembro de 2016 · Nove cientistas apresentam 180 diapositivos sobre astrofísica em 45 minutos. |
Fase de perguntas e respostas da Digressão Ignite iAstro (foto de João Alves Correia) |
21969 visitas Pontos de Lagrange, paralaxe, asterossismologia, zona convectiva, universos alternativos. Poderia tratar-se de ficção científica, mas foi esta a realidade a que a Covilhã assistiu no sábado, 12 de novembro, graças à Digressão Ignite iAstro. O conceito do evento é inovador: nove cientistas, entre os quais algumas das maiores autoridades mundiais na sua área, dispõem de quinze segundos para apresentar cada um dos 20 diapositivos sobre diversos campos da astrofísica. Como se não bastasse o curto espaço de tempo atribuído a cada um, a natureza complexa dos temas obriga os palestrantes a ser sucintos e incidir no essencial. Atendendo ao tempo e à complexidade em causa, a cereja no topo do bolo é explicar cada um deles adaptando o discurso a uma plateia constituída maioritariamente por leigos. Com isto em mente, os cientistas Ruben Gonçalves, João Faria, Pedro Sarmento, Andressa Ferreira, Margarida Cunha, Ciro Pappalardo, Francisco Lobo, Tiago Barreiro e Tiago Magalhães meteram mãos à obra e, durante o tempo que lhe foi atribuído, explicaram problemas complexos. Em quinze palavras, ou menos, Ruben Gonçalves iniciou traçando a comparação entre Vénus e Terra com "Vénus: O Gémeo Falso"; João Faria apresentou "1001 Receitas: Exoplanetas", onde explicou como descobrir estes corpos celestes elusivos; Pedro Sarmento indicou "Medir os Astros na Época do Gaia"; com "Decifrar as Mensagens das Estrelas", Andressa Ferreira apontou como descobrir a composição das estrelas; já Margarida Cunha referiu a importância do som das estrelas com "A Música das Estrelas"; Ciro Pappalardo traçou a importância vital da poeira cósmica com "Um Universo Cheio de Pó"; "A Descoberta de Ondas Gravitacionais", apresentado por Francisco Lobo, relembrou-nos sobre Einstein e suas teorias; Tiago Barreiro discursou sobre energia e matéria negras com "O Lado Escuro da Força" e, por fim, Tiago Magalhães falou sobre distâncias e tempo em "Somar a Luz". Perante uma casa cheia de alunos do ensino secundário da Covilhã, seguiram-se perguntas e respostas, desta feita mais elaboradas pela ausência de limite de tempo. "O que acontece dentro dos buracos negros?" ou "Como conseguem medir o tamanho de uma estrela através do planeta que a orbita?" foram exemplos das perguntas apresentadas. A audiência constatou que, mesmo nos tempos que correm, a astrofísica é um conjunto de disciplinas com poucas certezas, mas muitas dúvidas: a resposta mais comum às perguntas dos alunos foi "Não sabemos.", indicando que a astrofísica ainda se encontra na sua infância. João Retré, mentor técnico desta iniciativa, indicou que o principal alvo desta iniciativa é "o estreitamento de laços entre a comunidade científica e o interior, pois sempre foi mais carenciado em termos de eventos científicos do que os grandes centros urbanos." Valorizou ainda o "contacto com os millennials, pois são o futuro da ciência", sublinhando ainda que "urge dar a entender aos alunos, desde os que frequentam o secundário, até aos que se encontram a realizar mestrado e doutoramento, que Portugal não é irrelevante em termos científicos, muito pelo contrário", numa referência clara às vagas de emigração ainda tão recentes. Afirmou também que é importante desmistificar as conceções erróneas sobre os valores monetários investidos na ciência: "Por exemplo, todas as comunicações que utilizamos na terra neste momento através de ondas são possíveis graças aos estudos que os cientistas realizaram sobre o universo". Esta iniciativa foi organizada por Salomé Madaleno, entusiasta covilhanense de astrofísica. |
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