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"Fui muito feliz e tenho muitas saudades de tudo o que vivi na UBI"
Rafael Mangana · quarta, 26 de outubro de 2016 · UBI Foi através do exemplo do pai, já engenheiro, que começou desde cedo a projetar o seu próprio futuro. Natural do Porto, vivia do outro lado da serra, por isso, foi com naturalidade que acabou por vir estudar para a Covilhã e para a UBI. Depois de ter experimentado quase tudo o que há para experimentar na área de Engenharia Eletrotécnica, Hugo Lage traçou o seu próprio rumo profissional e trabalha numa empresa ligada aos caminhos-de-ferro, onde neste momento é responsável por um grande projeto ferroviário em Moçambique. |
Hugo Lage |
21983 visitas Urbi et Orbi: Porquê Engenharia Eletrotécnica e porquê na UBI? Hugo Lage: Sou natural do Porto mas sempre vivi do outro lado da serra. Escolhi Engenharia talvez por influência do meu pai, que também é engenheiro eletrotécnico. A figura do pai tem sempre muita influência e na altura, quando avariava um eletrodoméstico lá em casa, o meu pai era sempre o herói, e acho que isso, essa imagem, teve influência na minha decisão. Na altura confesso que queria ir para uma grande universidade, como a do Porto ou de Coimbra, mas a vida nem sempre é como queremos e acabei por ir parar à UBI. Mas não me arrependo nada, fui muito feliz e tenho muitas saudades das pessoas, de tudo o que vivi, de todos os amigos que lá criei.
U@O: É uma universidade que aconselharia? HL: Sem dúvida. Coimbra que tem tanta tradição, e Lisboa, que também conheço tantas pessoas que estudaram lá, e posso dizer que a Covilhã não fica em nada atrás dessas universidades, e em termos de vida académica não fica em nada atrás da vida académica de Coimbra, por exemplo. Eu tinha amigos de todos os cursos, dava-me com pessoas de vários cursos. Na Covilhã os polos são mais próximos, toda a gente circula e se movimenta pelos mesmos sítios. O convívio na Covilhã é mais próximo e mais diverso, e acho que também é isso que torna a Covilhã tão especial.
U@O: E como tem sido o seu percurso desde que terminou o curso? HL: Quando acabei o curso, o meu objetivo era recolher durante os anos seguintes o maior número de experiências possível e perceber aquelas que me realizariam mais, as que me realizavam menos, e as que não quero. Neste sentido, talvez eu tenha começado pelo pior que foi o ramo industrial. Todas as experiências profissionais que eu tive foram boas, todas elas contribuíram um pouco para aquilo que eu sou hoje profissionalmente. Comecei a minha carreira em Castelo Branco, na Delphi, uma empresa com muita burocracia e com muita exigência, trabalhávamos horas sem fim, muitas ao fim-de-semana, era uma empresa com turnos 24 sobre 24 horas e no fim de um ano estava esgotado. Foi uma experiência marcante, adquiri competências de organização por exemplo, porque o regime americano era muito organizado, mas que senti que não me realizava. Depois de Castelo Branco fui para uma grande cidade, Lisboa, costumo dizer que foi a minha reabilitação, fui trabalhar para uma área que adorei, o transporte de energia, também mais focado com o meu curso. Estive três anos nessa empresa e adorei, foi das minhas melhores experiências e que mais me realizou. Entretanto surgiu outra oportunidade numa empresa ligada aos caminhos de ferro. Aqui era basicamente a torre de controlo dos aviões, mas para comboios. Tem sido uma aventura, tenho estado envolvido na sinalização ferroviária. Entretanto a empresa foi comprada pela Siemens e tenho estado envolvido em projetos internacionais, no Brasil, em Moçambique. A nível profissional e pessoal, tem sido uma experiência muito interessante. As experiências que tinha tido antes também foram muito importantes para me adaptar a este estilo de vida, às condições do país. Neste momento sou engenheiro ou técnico de sistemas embarcados. Neste projeto de Moçambique sou responsável pela elaboração recolha ou exportação da via, pela elaboração do mapa de toda a via, são 900 quilómetros, e supervisiono o comissionamento do sistema embarcado, ou seja, de todas as operações que o maquinista faz no sistema. Estou nesta empresa há seis anos.
U@O: E o que precisa um profissional para vingar nesta área? HL: Primeiramente, a disponibilidade, que neste momento é a chave, e não ter medo de desafios. Quando nos predispomos, quando confiamos em nós mesmos, tudo se consegue. E nós crescemos mais quando as coisas são mais complicadas, quando são mais difíceis. “No pain, no gain”. Quando comecei a vir para cá foi difícil, parecia impossível trabalhar com determinadas condições, mas depois adaptas-te. A abertura de espírito, o aceitar novos desafios é a chave, ainda mais numa Europa em crise, sobretudo Portugal, em que se as empresas não se viram para os mercados internacionais estão condenadas. As empresas tiveram que se adaptar e as pessoas também. A família ficou para segundo plano, e sei que mais tarde vou pagar a conta, mas é uma decisão.
U@O: Que conselhos daria a um atual aluno de Engenharia Eletrotécnica da UBI? HL: Acreditar sempre nas suas capacidades. É um curso com muitas saídas, com projetos do mais diverso possível, e cada um mais aliciante do que outro. É necessário acreditar que o esforço que estão a fazer vai ser recompensado de certeza absoluta, e a curto prazo. Há muitas portas que se vão abrir, e à medida que se vai ganhando mais experiência mais portas se vão abrindo. E em todo o mundo a experiência é valorizada, é uma área em que se valorizam muito os conhecimentos. Aconselho toda a gente a fazer o mesmo que eu: para mim a chave foi tentar recolher o maior número de experiências, sem pensar numa carreira, para ver qual o caminho que me realizava mais, também economicamente, mas sobretudo enquanto profissional.
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