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Investigação do CICS indica novos caminhos para a recuperação após AVC
Carla Sousa · quarta, 3 de agosto de 2016 · @@y8Xxv Um estudo que está a ser desenvolvido no Centro de Investigação em Ciências da Saúde (CICS) da Universidade da Beira Interior (UBI), liderado pela investigadora Raquel Ferreira, atingiu “resultados promissores” na busca de novos caminhos para a recuperação dos doentes que tenham sido vítimas de um Acidente Vascular Cerebral (AVC). Os resultados alcançados foram já publicados na "Nanoscale", uma das mais importantes revistas científicas da área da nanociência. |
Raquel Ferreira (à esquerda) e Liliana Bernardino, coordenadora do trabalho de investigação |
22006 visitas De acordo com a investigadora do CICS, as linhas gerais desta investigação assentam na preocupação de desenvolver uma terapia “que seja mais eficaz e mais inclusiva para um doente com AVC Isquémico”. Na prática, Raquel Ferreira refere que “a terapia que nós estamos agora a desenvolver passa pela aplicação de biomateriais, umas partículas muito pequeninas que têm ácido retinoico”. Através das conclusões iniciais foi possível apurar que as nanopartículas permitem a reabilitação das células endoteliais dos vasos sanguíneos, afetadas por um dano semelhante ao que ocorre aquando um AVC. “Estas partículas protegem as células endoteliais isquémicas, ou seja as células que revestem o interior dos vasos sanguíneos de morte promovida por Isquemia, tenta recuperar ou estimula a proliferação destas células”, conta. “Portanto nós temos estas células a morrer, mais células a proliferar, temos uma maior possibilidade de recuperação dos vasos sanguíneos”, acrescenta. Raquel Ferreira sublinha que a investigação aponta também para uma outra vantagem relacionada com a constituição de novos neurónios. “Numa segunda vertente nós obtivemos que estas mesmas células depois de tratadas conseguem produzir e libertar fatores que promovem a formação de novos neurónios e a diferenciação destas células em neurónios adultos, o que poderia ser muito importante depois para a recuperação do tecido lesionado pelo AVC Isquémico”, explica. Por último, destaca ainda que durante a investigação se procedeu à recolha de células progenitoras endoteliais do sangue de vítimas de AVC, onde foi possível verificar que o composto utilizado possibilita o aumento destas células, que contribuem para a regeneração dos vasos sanguíneos. “Estas células em circulação são direcionadas especificamente para a reparação dos vasos sanguíneos, mas normalmente são pouco abundantes, é por isso que a reparação falha”, considera. “O que observámos é que quando tratamos estas células que nós isolámos dos doentes com estas partículas nós estimulamos a proliferação, por isso temos muitas mais células que poderão estar em circulação com este tratamento, assim podemos potenciar a recuperação de uma maneira mais eficaz”, continua. Os testes que têm sido desenvolvidos in vitro, vão agora evoluir para o modelo animal. Neste caso o processo passa por “simular a doença e administrar ou a formulação por si só ou as tais células que normalmente estão em circulação após um AVC, depois de serem tratadas ver qual dos processos é mais eficaz”, adianta. Sobre a publicação do artigo “Retinoic acid-loaded polymeric nanoparticles enhance vascular regulation of neural stem cell survival and differentiation after ischaemia” na revista Nanoscale, admite que “valida bastante o trabalho que nós fizemos”. De resto, assume que “a UBI e o CICS reúnem todas as condições que qualquer outro centro de excelência que exista em Portugal para fazer um trabalho de qualidade, temos aqui pessoal competente, o equipamento necessário e massa crítica para levar o trabalho a bom porto”. “Portanto estou confiante que podemos desenvolver um trabalho de qualidade aqui para chegar a uma terapia válida”, remata. No estudo participam ainda Márcia Fonseca, Tiago Santos e Liliana Bernardino, do CICS, Miguel Castelo-Branco, Fátima Paiva e Ricardo Tjeng, do Centro Hospitalar Cova da Beira, João Sargento-Freitas, do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, e Lino Ferreira, do Centro de Neurociências e Biologia Celular de Coimbra. |
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