Segundo o social-democrata na atualidade verifica-se um afastamento da população em relação à política, facto este que é contrário à democracia, pelo que considera que a regionalização poderá ajudar a minimizar esta problemática. “Uma das grandes medidas que pode alterar substancialmente a forma de governar o país é a regionalização, é a única que se for mal feita é uma desgraça e se for bem feita pode efetivamente reforçar o contrato de confiança, aproximar o decisor político do problema e do eleito”, sustenta. “Pode-se com a regionalização bem feita gastar bem menos e ter bem mais eficácia a fazer as coisas”, acrescenta.

O antigo dirigente da autarquia portuense, salienta ainda que existe a necessidade de encontrar soluções para os problemas que afetam o atual regime político e consequentemente a democracia.“Se nós não cuidarmos deste regime ele também vai acabar, se é que não está já a acabar, por isso eu entendo que nós temos que fazer reformas profundas no nosso regime político de modo a salvar a qualidade da democracia”, sublinha.  

“Para mim o principal problema do regime está claramente no enfraquecimento do poder político e no descrédito”, assume. Para além deste, a justiça é também uma questão que merece a preocupação do economista devido à regressão e “incapacidade” que diz existirem. “O sistema de justiça hoje naquilo que está fora da política, aquilo que tem a ver com o quotidiano dos cidadãos, responde pior do que o que respondia antes do 25 de abril”, critica.  

Ainda sobre o poder judicial admite que “a democracia tem de caminhar no sentido de haver uma melhor perceção do povo daquilo que se passa dentro do sistema judicial, particularmente quando ele não tem estado capaz de responder à altura exigida”.

Com o intuito de fazer face a esta situação, Rui Rio defende que os partidos políticos devem colocar de lado diferendos e trabalhar em conjunto em soluções que possam originar um novo rumo. “Aquilo que nós deveríamos fazer era conseguir que os partidos se consciencializassem desta situação pusessem de lado divergências conjunturais e acertassem um conjunto alargado de pequenas e médias medidas que elas como um todo configurassem uma rutura com este sistema e nos abrissem novos horizontes”, conclui.