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"O meu dia a dia é falar com pessoas de todo o mundo"
Rafael Mangana · quarta, 22 de junho de 2016 · @@y8Xxv Depois de terminar o curso de Design Multimédia na UBI, procurou uma experiência no exterior que lhe pudesse dar uma visão profissional mais alargada. Passou pela Alemanha e São Francisco (Estados Unidos), e em Portugal, pelo Porto e Lisboa. Depois de ter mudado de área, mas sempre ligada ao Design, ao Marketing e ao contacto com as pessoas, Paula Nunes é hoje Account Manager em Londres. |
Paula Nunes |
21982 visitas Urbi et Orbi – Como tem sido o seu percurso profissional depois de sair da UBI? Paula Nunes - Depois de acabar o curso, tentei ter uma experiência no exterior e concorri ao programa Leonardo Da Vinci. Ao abrigo deste programa passei cerca de sete meses na Alemanha, uma experiência interessante e onde fiz Design e também trabalhei numa empresa de vídeo. Depois voltei para Portugal e tive a oportunidade de trabalhar numa agência de comunicação no Porto, onde fiz muito Design gráfico, mas maioritariamente paginação. Entretanto saí e acabaram por me chamar para o Inovcontacto, programa ao qual já tinha concorrido há algum tempo. Fui para São Francisco, onde apesar de não ter trabalhado exatamente na área, acabou por ser uma experiência muito enriquecedora em termos pessoais e profissionais, porque me ajudou a perceber como é que os mercados funcionam, porque basicamente ajudávamos empresas portuguesas a sediarem-se na cidade. Voltei, consegui arranjar trabalho em Lisboa, fiquei quase quatro anos na mesma empresa, onde fazia quase tudo ao nível de Design e também paginação. Posteriormente tive uma oferta numa empresa de performance marketing, onde fui contratada para fazer Design para uma área de negócio de mobile. A equipa era muito pequena, surgiu a hipótese de fazer também account management e comecei a ficar completamente viciada. Realmente fiz o clic e nesse momento eu percebi que era a minha oportunidade para fazer uma mudança de carreira. Tive essa oportunidade, agarrei-a, passei um ano nessa empresa, foi uma ótima experiência, depois fui para outra empresa e aí era account manager, o que me deu bastantes oportunidades de conhecer pessoas de todo o lado. O meu dia a dia hoje é Skype a falar com pessoas de todo o mundo, e isso é super interessante. Entretanto surgiu uma oportunidade de vir para Londres, nem sequer tinha cá trabalho e consegui trabalho em menos de um mês, foi super fácil, tive várias propostas e depois pude basicamente decidir mais ou menos o que é que eu queria e optei pela empresa em que eu estou agora, que é a Global Wide Media. É super interessante porque realmente temos muitos clientes grandes e em Londres tudo está a acontecer por isso Londres está a ser uma ótima experiência de trabalho.
U@O - Dá para perceber que houve sempre, ao longo do percurso, uma grande abertura geográfica e mesmo ao nível das áreas de trabalho. Podemos dizer que para o mercado de trabalho, nomeadamente na área do Design, esta flexibilidade pode fazer a diferença? PN - Sim, claro. Em Design principalmente, porque em Portugal é muito restrito. O digital está a crescer, mas tu para fazeres um bom digital não podes fazer em Lisboa. Não digo que em Lisboa não seja bom, mas em Lisboa é muito restrito, tens duas ou três agências grandes com bons clientes, tudo o resto está fora de Lisboa, está fora de Portugal. Então, se quiseres ter uma carreira terás que também pensar em ter uma experiência fora.
U@O - É isso que está a tentar fazer, ou seja, ganhar currículo fora para um dia regressar com uma carreira mais consolidada? PN - Eu já estava estável em Portugal, tinha um bom emprego e estava bastante bem no sítio onde estava. A minha mudança começou por estar relacionada com motivos pessoais, mas sim, a verdade é que se tu passares alguns anos numa área muito boa com clientes muito bons tu ficas com uma experiência muito boa na área.
U@O - Podemos então dizer que um profissional, ao sair da “zona de conforto” e ao contactar com muitas pessoas, adquire outro tipo de ferramentas? PN – Sim, claro. E acho que por aí a envolvência toda é mais pessoal, quando falamos em profissional também é pessoal. Mas isso depende de cada pessoa, há pessoas que só são felizes se tiverem a parte profissional concretizada, para outras a parte profissional não é importante e ter um trabalho basta. A mim não me basta ter um trabalho, eu tenho que gostar daquilo que faço e tenho que ser a melhor naquilo que faço. Não tem a ver com ser competitivo, tem a ver com ser, se calhar, perfeccionista.
U@O - E como lhe parece o curso de Design Multimédia da UBI, tendo em conta estas ferramentas que são necessárias e que se vão adquirindo? PN - Na UBI, o curso é muito bom. No entanto eu acho que falta uma coisa no curso, ou talvez nos professores, ou talvez nos alunos, é uma coisa que falta comum a todos, que é a pessoa tentar procurar para fazer coisas quando está a estudar, porque tu só consegues ganhar experiência quando trabalhas. E o problema é que quando tu sais do curso não há nenhuma empresa que não te peça para dominares já 500 programas e software de Design ou de vídeo ou do que quer que seja e tu para ganhares essas capacidades, vais ter que trabalhar, vais ter que experienciar. Até porque se tu durante o curso experienciares o que é trabalhar podes decidir muito mais facilmente o que é que queres fazer, porque a área é vasta. E se tiras Design Multimédia não quer dizer que tenhas que fazer Design Multimédia para o resto da vida.
U@O – Que conselho pode deixar a quem esteja neste momento a estudar Design Multimédia na UBI?
PN - Acho que nesta área do Design ou de Marketing tens que procurar, tens que ser mesmo eficaz a comunicar porque de outra forma é muito difícil encontrares trabalho. São áreas superlotadas, principalmente Design. Eu lembro-me quando procurava trabalho, enviava 200 currículos para obter 10 respostas e isto é a realidade. Por isso, a questão em Design é conseguires-te destacar antes de saires da universidade, para logo a seguir teres emprego, ou então é muito difícil. E as pessoas têm que enviar o máximo de currículos possíveis. Há pessoas que se calhar se queixam porque enviaram vinte currículos, eu enviava 200 currículos numa semana e às vezes passa por aí, a pessoa não pode desistir, se quer muito uma coisa, tem que tentar chegar a ela. Por outro lado, o segredo mesmo é não ter medo, ou melhor, toda a gente tem medo, eu também tenho medo e sempre tive medo, e por isso é que muitas vezes quando me lanço a alguma coisa tenho sucesso, porque tive medo. Mas é saber gerir o medo dentro de cada pessoa.
U@O – Podemos concluir que, se a pessoa tiver talento e persistência, ainda há trabalho na área do Design Multimédia? PN – Sim, claro que há trabalho. A questão é que não é só a pessoa ter talento. A pessoa pode ser muito boa no que faz mas se ela não tiver skills de comunicação, se não tiver a sorte de ter um bom networking isso conta muito, se calhar conta tanto quanto tu seres bom naquilo que fazes. A pessoa também tem que estar aberta à surpresa, a novas experiências. Nós às vezes pensamos que queremos fazer uma coisa e daqui a dois anos mudamos, ou daqui a um ano mudamos. Quando experienciamos aquilo que nós achávamos que queríamos fazer, percebemos que não é nada disto que eu gosto. Então tu tens que experimentar para perceber o que é que queres, ou que é que gostas, ou onde te sentes bem, porque é todo um conjunto de sinais que tu tens na tua vida que te levam a fazer coisas.
Perfil: Nome: Paula Nunes Naturalidade: Covilhã Curso: Design Multimédia Ano de entrada na UBI: 2001 Livro preferido: “Siddhartha”, de Hermann Hesse Filme preferido: “In the mood for love” Hobbies: Ioga, trekking na montanha, música e teatro |
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