“Ecossistemas, sustentabilidade e qualidade de vida das cidades” foi o tema que esteve na origem da conferência que teve lugar na cidade do Fundão. O auditório d’A Moagem - Cidade do Engenho e das Artes foi o palco escolhido para acolher este encontro, realizado no dia 7 de junho.

A programação do evento centrou-se em questões como a mobilidade e a tecnologia. Ao longo do dia, a organização proporcionou aos inscritos o contacto com assuntos inseridos em dois painéis: “Planeamento de Ecossistemas das Cidades” e “Sustentabilidade e Qualidade de Vida nas Cidades”.

Num momento inicial, estava previsto que fossem apresentados os Planos Estratégicos de Desenvolvimento Urbano (PEDU) dos concelhos de Seia, Guarda, Covilhã, Fundão e Gouveia. Contudo, não foi isso que aconteceu ao longo da manhã. No papel de presidente da CIM-BSE e autarca do município do Fundão, Paulo Fernandes explicou que “houve quatro desses planos que foram assinados na semana passada e, por isso, caberá aos autarcas de cada município apresentar as suas propostas, num dia específico, perto da sua comunidade”.

“O PEDU do Fundão não foi assinado e, por isso, foi o único a ser aqui apresentado a partir de traços muito gerais”, salientou o autarca. Acrescentou ainda que “entende e valoriza a atitude dos restantes autarcas em não apresentar, na conferência, os seus PEDU, porque diz sentir que deve haver uma proximidade entre o projeto e a comunidade de cada município”.

Um dos intervenientes na sessão de abertura foi António Fidalgo, reitor da Universidade da Beira Interior. Ao longo da sua intervenção fez questão de frisar a ideia de que “esta colaboração tripartida entre o politécnico da Guarda, a UBI e a CIM-BSE elevará a região a um outro patamar de desenvolvimento”.

“Quando se fala aqui da sustentabilidade do território, nós podemos dar o exemplo da captação, por parte do ensino superior, nomeadamente da UBI, de alunos internacionais”, referiu António Fidalgo. O reitor acrescentou ainda que “a vinda de estudantes internacionais, para as faculdades do território, traz sangue novo à região beirã”.

Ainda no ano 2016 vão ser instalados cerca de 124 novos postos de carregamento normal e 50 de carregamento rápido nas auto-estradas portuguesas. Este foi um dos pontos que o Secretário Adjunto e do Ambiente, José Mendes, focou ao longo da sua intervenção, referindo que se "deve lutar no sentido de promover uma mobilidade sustentável". Estas medidas, que serão, segundo o Secretário, brevemente implementadas, surgem de modo a "aumentar o fluxo de carros elétricos, para que com isso seja possível assistir-se a um processo de descarbonização".

"A implementação destes pontos de abastecimento elétrico irá permitir não só que se assista a uma preservação do ambiente, uma vez que não haverá tanta emissão de gases para a atmosfera, mas possibilitará também viajar para os vários pontos do país dentro daquilo que é a autonomia dos veículos elétricos", esclareceu José Mendes.

A construção de uma rede de ciclovias, assim como a reabilitação urbana e a redução do valor a pagar pelas portagens, presentes nas auto-estradas que fazem a ligação entre a cidade do Fundão e outros pontos do país, foram algumas das propostas apresentadas, no âmbito do PEDU, pelo autarca do município do Fundão. O presidente da autarquia fundanense referiu o porquê de, por vezes, “ser complicado concretizar projetos de cariz inovador”. Paulo Fernandes expôs ainda qual o principal objetivo do plano apresentado.

O primeiro painel, intitulado “Planeamento de Ecossistemas das Cidades”, contou ainda com a intervenção de Susana Castelo, responsável do Núcleo de Planeamento de Transportes da TIS. A oradora apresentou o Plano de Ação de Mobilidade Urbana Sustentável (PAMUS) para o território da CIM-BSE.

Ao longo da sua intervenção destacou que “cidades como a Covilhã, devido ao seu acentuado declive, têm menos facilidade em adotar os ditos modos suaves”. “Apesar da sua orografia, a Covilhã é um exemplo de cidade que conseguiu ultrapassar os limites impostos pelo declive que tanto a carateriza. Foi desenvolvido um sistema de elevadores e funiculares que possibilitaram vencer o desnível entre os diferentes pontos da cidade”, referiu Susana. Salientou ainda que essas acções “fizeram com que fosse possível assistir a uma promoção da mobilidade verde, possibilitando às pessoas deslocarem-se a pé de uma forma mais fácil”.

No seguimento de algumas ideias discutidas, o Secretário Adjunto e do Ambiente diz acreditar que “a partir dos instrumentos que estão agora a colocar no terreno, nomeadamente o Instrumento Financeiro para a Reabilitação e Revitalização Urbanas (IFRRU), será possível dar resposta a muitas das solicitações expostas ao longo da sessão pelos autarcas dos diferentes concelhos”. Destacou ainda o seu agrado em ouvir algumas das propostas apresentadas.

O encontro contou ainda com a presença de oradores convidados, provenientes do país vizinho, Espanha, que apresentaram alguns casos de referência internacional. Os intervenientes que deram vida ao segundo painel, “Sustentabilidade e Qualidade de vida das Cidades”, pertenciam, na sua maioria, à comunidade académica.