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Biólogo Jorge Paiva profere palestra na UBI
Carla Sousa · quarta, 8 de junho de 2016 · @@y8Xxv O biólogo Jorge Paiva esteve na Faculdade de Ciências da Saúde (FCS) da Universidade da Beira Interior (UBI) para proferir uma palestra intitulada “Plantas, Mitos, Fabulações e Realidades”. Neste evento, que decorreu no dia 2 de junho, o investigador falou sobre um projeto que decidiu concretizar e que culminou com a identificação de todas as espécies de plantas existentes nos Lusíadas, Bíblia e Alcorão. |
Jorge Paiva durante a palestra |
21970 visitas “Eu no ensino secundário odiava o Camões, mas resolvi ler novamente este escritor e decidi identificar as plantas em toda a obra do Camões, aliás o que me levou a conclusões interessantíssimas. Se existem dúvidas sobre a autoria de algum dos poemas deste poeta, só pelas plantas eu consigo decifrar se foi escrito por ele ou não. Depois decidi fazer o mesmo com o Alcorão e com a Bíblia”, explica. Desta investigação que fez na obra poética e épica destaca que os “Lusíadas só têm plantas asiáticas, exceto em dois episódios, no da dona Inês e no episódio da Ilha dos Amores, e que são as plantas que ele conhecia no Mondego, citando também a oliveira que aliás se torna um mito”. Por sua vez na Bíblia, a oliveira torna-se na planta mais referida devido à sua utilização para o tratamento de doenças ou para a alimentação humana. “Na Bíblia a planta mais citada é a oliveira, que é muito importante porque dá fruto para comer e lenha para aquecer. O azeite que servia para a alimentação, iluminação e para tratar feridas, por exemplo uma ferida com pus tapava-se com azeite, assim a bactéria ficava sem oxigénio e não respirava e daí vem o hábito de benzer com azeite”, garante. Ainda sobre a Bíblia, defende que “há um mito de São João Baptista, que era primo de Jesus Cristo, que foi para o deserto e esteve a comer gafanhotos, isto é uma fabulação porque o Antigo Testamento é escrito em hebraico e quando se realizou a tradução ocorreu um erro”. Assim sendo, assume que “estes mitos já vêm desde que a gente se formou na terra. Há muitos mitos e quando faço estes estudos estou a fazer investigações científicas que servem para dar explicações”. Quanto à alimentação do ser humano sublinha que desde os seus primórdios era herbívora e depois passou também a ser carnívora assim que o Homem começou a observar os animais a comerem carne. “Nós éramos herbívoros, víamos os outros animais a caçar, mas não tínhamos possibilidades de o fazer porque não tínhamos nem garras, nem caninos, mas reparámos que havia animais que iam comer os restos, os chacais, os abutres, as hienas e foi o que nós fizemos”, afirma. “Hoje sabemos isso porque ao lado dos ossos fossilizados do Homo Habilis estão os ossos fossilizados dos animais que comíamos, estes estão raspados e ao lado os utensílios com que o fazíamos e que é a demonstração que fomos necrófagos”, acrescenta. Ao longo da sua carreira, o biólogo do Centro de Ecologia Funcional, da Universidade de Coimbra tem recebido várias distinções pelo trabalho académico e pela defesa do Meio Ambiente. Participou em expedições em todo o mundo com vista a recolher e estudar plantas. É ainda conhecido pela facilidade com que comunica sobre ciência. |
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