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Coronel de Infantaria apresenta livro sobre jiadismo radical na UBI
Carla Sousa · quarta, 1 de junho de 2016 · Nuno Lemos Pires, coronel de infantaria, apresentou na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (FCSH) da Universidade da Beira Interior (UBI), no passado dia 27 de maio, o seu mais recente livro intitulado “Resposta ao Jiadismo Radical: Políticas e estratégias para vencer grupos como a Al- Qaeda ou o Daesh”. Nesta obra o também docente na Academia Militar defende “soluções globais para um problema que é global”. |
Nuno Lemos Pires na UBI |
21968 visitas O autor confessa que esta publicação “não foi um livro acidental, queria de facto tentar mostrar algumas ideias que tenho, a primeira é tentar desmistificar a ideia de que o mundo anda muito em paz, quando as estatísticas mostram que não é assim. Em 2014 houve 180 mil mortos, 167 mil em 2015 e desde que começou a esperança árabe, em 2011, já vamos com um milhão de mortos e estes em cerca de 40 conflitos, dos quais 27 são altamente violentos, sendo que a maior parte deles são resultado do jiadismo radical”. Deste modo, para pôr fim a esta realidade sustenta que deve existir um conjunto de soluções que integrem vários países. “Não há soluções de um Estado, de um grupo, ou de uma organização, tem que haver soluções dos Estados, isto fundamentalmente é um problema global ao qual só se responde com soluções globais, portanto títulos individualistas podem ser muito interessantes mas não resolvem nada”, considera. Assim sendo, Lemos Pires aponta algumas estratégias que considera “fundamentais” para o combate a estes grupos. “É preciso controlar o fluxo financeiro para os Estados que conduzem o terrorismo, fluxos financeiros para grupos que vão buscar dinheiro e armamento, controlar as comunicações e obviamente atacar onde eles estiverem”. “Mas mais importante do que isso é eu pegar em todos aqueles que aderiram às armas e dar-lhe alternativas, eu tenho que os saber desarmar, desmobilizar e reintegrar. A seguir temos que criar condições para que haja forças armadas e forças de segurança nos vários países para que eles próprios sejam capazes de cuidar da sua segurança, o que implica dinheiro e um esforço contínuo”, acrescenta. A nível de execução de políticas destaca que estas devem estar centradas na prevenção, de forma a provocar o desaparecimento das várias fontes de radicalização existentes e a reforçar a coesão social. “Temos que atuar na prevenção, apostar forte na educação e erradicar as fontes de radicalização. Não podemos deixar de ter políticas fortemente integradoras para quem nos recebe e para quem recebemos, não obrigar ninguém a mudar a sua raiz cultural, porque senão só vamos agudizar o problema. Há que olhar para a nossa própria estrutura e sentir que se não houver coesão nas cidades, temos desagregação social, temos anemia social que gera desapego e este provoca maiores adesões extremistas”. De resto, o escritor demonstra preocupação com alguns fatores que na sua opinião contribuíram para o nascimento da problemática que aborda no seu livro. “Preocupa-me o mundo que vivemos hoje, que é do caos que é gerado pela dispersão e pela ausência do poder, os desastres naturais ou as alterações climáticas, aquilo que é a pressão da demografia sobre a pressão dos recursos, a anarquia, pela primeira vez no mundo precisamos de soluções globais para uma doença global e a desigualdade, se queremos reequilibrar o mundo temos que reequilibrar a distribuição de recursos”, remata. A iniciativa resulta de uma organização conjunta entre o Departamento de Sociologia da UBI e a editora da referida obra. |
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