De acordo com o diretor artístico da ASTA, neste espetáculo existe “um conjunto vário de reflexões, dependendo da própria conjugação dos textos. A nível de criação, do ponto de vista dramatúrgico, a montagem, a criação do espetáculo dá oportunidade ao espetador, além de escutar, que possam de uma maneira mais própria, íntima e privada sentir cada palavra”. Assim, Sérgio Novo destaca que diferentemente do que costuma acontecer no teatro, o público desta vez foi convidado a observar tudo aquilo que lhe acontece.

“O público vem ao teatro para ver o que acontece e não o que lhe acontece, hoje foi mais para ver o que lhe acontece. Aqui existem textos, palavras, sensações, emoções, gestos, existe todo um outro ambiente que não é o normal de uma sala, uma vez que é ao ar livre, cada espaço que escolhemos também tem uma beleza e um significado muito próprios”, admite.  

Do elenco fazem parte estudantes da UBI, alguns deles internacionais, que desde abril se dedicam à preparação da peça que foi agora, pela primeira vez, apresentada à assistência. Em conjunto com Sérgio Novo, Carmo Teixeira foi responsável pela criação, formação e encenação do espetáculo e revela que a partilha do mesmo espaço por atores e audiência foi algo desafiante para os primeiros.“Tentámos desconstruir esta coisa do palco e trazer o teatro junto às pessoas, tanto os atores como o público percorriam os mesmos espaços e acho que isto também foi muito desafiante para eles, porque também foi novidade, mas acho que acabou por resultar muito bem”, confessa.

De resto, Sérgio Novo mostrou-se agradado com a participação dos espectadores e com a prestação dos intérpretes. “Tivemos um público fantástico, muita gente, tivemos um espetáculo muito bom. Penso que tanto o público como os atores disfrutaram, divertiram-se e gostaram, isso é o mais importante”, refere.   

TeatrUBI e ASTA conquistam mais uma distinção em Festival de Teatro Internacional

Com a peça “Sangue e outras Substâncias”, o TeatrUBI e a ASTA conquistaram a Menção Especial na Mostra Internacional de Teatro Universitário (MITEU), que se realizou na cidade de Ourense, em Espanha, de dia 15 a 30 de abril.

 “É um reconhecimento e os prémios são importantes, no entanto o nosso objetivo não é ganhar prémios, o nosso objetivo é fazer teatro o melhor que podemos e que sabemos, estes dão-nos indicações, ou leituras que nós retiramos e que responsáveis pela cultura e educação neste caso na cidade também deveriam retirar, portanto estes prémios demonstram que estamos no bom caminho, que o nosso trabalho tem qualidade e que é valorizado”, salienta o diretor artístico do TeatrUBI.

Ao longo da sua história o TeatrUBI tem percorrido vários recantos do mundo e conquistado vários prémios internacionais em países como Espanha, França e Marrocos. Porém, Rui Pires lamenta que por vezes o apoio de que necessitam não chegue ao mesmo ritmo que as distinções que têm alcançado. “Estes prémios deviam significar mais apoio, mas não é assim porque nós desde 1999 ganhamos prémios internacionais se fosse esse o caso, se os prémios significassem mais reconhecimento, mais apoio não nos queixaríamos tanto”, assume.

 “A verdade é que esses prémios existem, esse reconhecimento do nosso trabalho existe, mas não há um retorno, não há uma palavra de agradecimento porque não nos podemos esquecer que sempre que o TeatrUBI ou a ASTA vão para fora levam consigo o nome da cidade, o nome da universidade e em alguns casos o nome do país”, acrescenta.

A apresentação ao público de “Sangue e outras substâncias” aconteceu na abertura do vigésimo Ciclo de Teatro Universitário da Beira Interior. Por enquanto, tem já exibições agendadas para outubro e novembro em diversas salas de espetáculo nacionais e internacionais.