O Anfiteatro da Parada da UBI foi palco do workshop "CV: O que as empresas procuram?" organizado pela Secção de Empreendedorismo e Saídas Profissionais da Associação Académica da Universidade da Beira Interior (AAUBI). O evento contou com a presença de um ex-ubiano que, de momento, é CEO de uma empresa spin-off. O workshop teve como base as preocupações que os jovens adultos, prestes a terminar o curso, têm relativamente à oferta de empregos e àquilo que as empresas mais prezam num currículo.

"Não vos vou dizer como construir um CV, mas sim o que as empresas procuram", diz Luís de Matos na abertura do workshop. O CEO, cuja empresa surgiu do projeto final da sua licenciatura em Engenharia Informática, reconhece o medo dos alunos relativamente à escassa oferta de emprego e também à organização de um currículo.

Derivado da sua experiência enquanto CEO, Luís de Matos explica que o que as empresas procuram é mais do que só técnica. "A forma de estar e de ser é o que nos distingue do colega do lado", explica o empresário, dando conta de que as empresas procuram pessoas irreverentes e já não pesam tanto o fator experiência. O compromisso total com a empresa, a responsabilidade, a atitude positiva, a pro-atividade, a sinceridade e a empatia são algumas de uma lista de dez qualidades mais procuradas que Luís de Matos elaborou, dando especial destaque à empatia. O CEO explica que noventa e nove porcento das vezes em que alguém não é contratado pela empresa onde se candidatou, foi precisamente por não se ter criado uma ligação positiva entre o entrevistador e o entrevistado, ou seja, não se criou qualquer empatia.

"É complicado trabalhar com pessoas mal-humoradas", afirma o empresário, argumentando que não é fácil conseguir empatia com quem se está a contratar e que, para que isso possa acontecer, é importante que o entrevistado esteja calmo e bem disposto, mas não em exagero. Luís de Matos também realça a humildade como característica importante, mas ao mesmo tempo um candidato ou já estagiário "não se deve deixar influenciar por quem lhe é superior nem deve ter medo de se impor". Para o jovem empresário, também é muito importante que se tenha uma constante vontade de aprender e evoluir, "pois só assim se conseguirá acompanhar o crescimento e o desenvolvimento da empresa onde se trabalha".

Relativamente ao CV, o criador da Follow Inspiration aconselha os alunos a fazer, primeiramente, uma leitura e um estudo da empresa para a qual se querem candidatar, e só depois a submeterem o currículo. De acordo com Luís de Matos, uma boa ideia é utilizar as cores da empresa como cores base do curriculum vitae. "Não coloquem no CV algo que não sabem fazer", alerta o empresário. O CEO considera que é importante que os alunos utilizem os trabalhos feitos na universidade, bem como as associações às quais pertenceram ou as atividade que desenvolveram, como material para o currículo. Este explica que "isso demonstra dinamismo e empenho, porque se vocês participam em atividades diversificadas é sinal que se conseguem adaptar a diferentes ambientes e meios". Luís de Matos dá conta, também, de que os trabalhos da universidade acabam por ser a experiência que os alunos têm "e isso não pensem que não interessa, é muito importante mesmo".

"Têm de arranjar o vosso propósito de vida", apela Luís de Matos no final do workshop. "Se não se revêm naquilo que vos é oferecido, não aceitem. Vocês não ficam motivados e não vão dar tudo o que a empresa procura", acrescenta o empresário.

Ana Inês Lourenço, presidente da Secção de Empreendedorismo e Saídas Profissionais da AAUBI, organizou o workshop com a ajuda de outros membros da mesma secção, e explica que "este surgiu da necessidade que sentimos que os alunos têm em aprender a criar um currículo e não só. Sabemos que alguns estudantes vão este ano terminar o curso e muitos ainda não sabem como nem o que fazer para arranjar um emprego, por isso queremos ajudá-los a entender como iniciar os seus ingressos no mercado de trabalho". A estudante ficou surpreendida com a adesão do público e admite que "não estava a contar que aparecessem aqui tantos alunos, estou realmente feliz por ver que o trabalho que eu e a minha equipa tivemos foi valorizado e se revelou importante, isso é o mais gratificante".

Hoje, dia 11 de maio, irá decorrer um outro workshop protagonizado pelos mesmos organizadores. A atividade intitula-se "Comunicação não-verbal: O poder da linguagem do nosso corpo numa entrevista de seleção de trabalho" e decorrerá no Anfiteatro da Parada das 17h às 19h.