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O "entusiasmo" de Abril na Covilhã
Rafael Mangana · quarta, 27 de abril de 2016 · A autarquia covilhanense assinalou os 42 anos do 25 de Abril com uma sessão solene no Salão Nobre dos Paços do Concelho aberta ao público, com o presidente da câmara, o presidente da Assembleia Municipal da Covilhã e os representantes dos partidos com assento na Assembleia Municipal. A assinatura do PEDU (Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano) e o lançamento das obras de recuperação do Teatro Municipal da Covilhã foram as novidades dadas aos covilhanenses por Vítor Pereira. |
Presidente da Câmara da Covilhã durante a sessão solene |
21974 visitas Durante a sessão comemorativa dos 42 anos do 25 de abril, Vítor Pereira aproveitou para destacar a obra feita pela autarquia, lançando ainda o futuro. "Tivemos intervenções nas escolas, construímos a Estrada Municipal 512, uma obra que muitos prometiam e nunca cumpriram", destacou, referindo-se à estrada que liga a ponte sobre o rio Zêzere à Barroca Grande, troço inaugurado na tarde de sábado passado, 25 de abril, uma obra orçada em 1,2 milhões de euros. "Mas queremos fazer mais e daqui a pouco tempo estaremos em condições de apresentar e assinar o PEDU, que nos irá permitir atuar nas áreas da reabilitação urbana, mobilidade sustentável e ação social", disse o presidente da autarquia covilhanense. De resto, o lançamento – "com ajuda de fundos comunitários" – da obra do Teatro Municipal da Covilhã, com um custo a rondar os quatro milhões de euros, foi outra das novidades lançadas por Vítor Pereira. O edil aproveitou a ocasião para "saudar em primeiro lugar os Capitães de Abril que ajudaram a que a revolução fosse uma realidade, libertando o povo da miséria, opressão, estando o mesmo privado de direitos, liberdades e garantias". Referindo-se depois à Covilhã, destacou que a data é comemorada "com entusiasmo e dignidade, com diversos eventos que estamos a realizar". O presidente da Câmara da Covilhã sublinhou que o futuro é olhado "com esperança" pela autarquia. "Quando tomei posse como presidente desta autarquia, fi-lo com muita confiança no futuro, mas sempre estive consciente das dificuldades. Encontrei a Câmara Municipal com muito endividamento, numa situação financeira débil, com minas e armadilhas que vão rebentando", lembrou.
Críticas em dia de comemoração
Em dia de celebrações, a sessão solene comemorativa dos 42 anos do 25 de Abril foi também de críticas à autarquia covilhanense. As mais vincadas vieram das bancadas do MAC e do PSD.
"Infelizmente os nossos caminhos, covilhanenses, está pejado de buracos e não só a nível das estradas, das contas, da visão e da estratégia para o desenvolvimento do concelho mas sobretudo, porque hoje estamos aqui a falar de liberdade e democracia, o maior dos buracos vive-se hoje no seio municipal onde os eleitos entendem que as suas vontades, interesses e eventuais acordos individuais se podem sobrepor à vontade daqueles que os elegeram", vincou João Bernardo, do movimento "Acreditar Covilhã". E vai mais longe: "Alguns, sem qualquer suporte ou justificação, preconizam o caos e a desgraça e outros empurrados fielmente assumem-se defensores de terramotos com o intuito de protagonizarem projetos pessoais pondo em causa o normal funcionamento das instituições democráticas". João Bernardo referiu, ainda, que "pior que tudo isso, desafia-se o mandato temporal que foi concedido e assume-se sem qualquer pejo que o trabalho que deveria ser feito em quatro anos afinal tem um horizonte de 12, tentando condicionar ou penhorar os votos de que precisam para, à semelhança de outros, se quererem perpetuar no poder". Para além de lembrar as assimetrias entre Litoral e Interior, criticando o aumento das portagens da A23 por parte do Governo, o líder da bancada do PSD aproveitou para sublinhar que o atual executivo não cumpriu as principais promessas feitas aos covilhanenses. "Lembramos aqui o estado de estagnação em que se encontra o nosso concelho e o desencanto que se abateu sobre as freguesias, os clubes e associações. Comemorar Abril é lembrar promessas feitas e não cumpridas como a redução do valor da fatura da água ou a eliminação da taxa de ocupação de subsolo. Devemos lembrar a quem tem o poder autárquico que foram eleitos para encontrar soluções futuras para os nossos problemas coletivos em vez de lamentar reiteradamente aquilo que de menos bem foi feito no passado", defendeu Francisco Moreira. A representante da bancada da CDU concentrou-se sobretudo na situação nacional. "Está triste a primavera no país de Abril e no entanto mantém-se a esperança inicial de uma vida melhor num país soberano. Portugal é a mais antiga nação soberana da Europa e sofre atualmente das maiores ingerências estrangeiras de que há memória. Nem as invasões francesas nem o domínio espanhol filipino condicionaram tanto a vida de todos nós e o futuro que almejamos alcançar", referiu Mónica Ramôa. "É inadmissível a ameaça constante à soberania nacional pelos interesses financeiros estrangeiros representados pelo conselho europeu", acrescentou. José Manuel Oliveira, do PS, respondeu às críticas, destacando as dificuldades encontradas pelo atual executivo covilhanense. "Nos últimos 20 anos do executivo anterior receberam-se extraordinariamente mais de 66 milhões de euros. Para onde foram? Onde está a tão grandiosa obra que justifique tamanhos sacrifícios para o futuro?" E apontou os culpados: "As políticas e os contenciosos legais que este executivo herdou tem um rosto em comum, um partido em comum e tem um movimento que o personifica nesta assembleia; Carlos Pinto, o PSD e o MAC". O socialista defendeu ainda que, "apesar de este executivo não poder recorrer a empréstimos, as receitas ordinárias serem substancialmente diminutas e não havendo espaço para receitas extraordinárias, não se baixaram os braços nem se virou a cara à luta. Bem sei que alguns dirão que o que foi feito até agora é pouco mas nesta dicotomia argumentativa do copo meio cheio ou meio vazio uma coisa é certa; o copo tem sempre líquido. Para mim, e face às circunstâncias, olho com orgulho para o trabalho realizado e com ambição para o nosso futuro". Presente na cerimónia, o presidente da assembleia municipal da Covilhã deixou a ideia de que "neste momento o desígnio da cidade e da região parece estar comprometido; deixemo-nos de frustrações pois chega de humilhações", apelou Manuel Santos Silva. "A Covilhã foi líder nesta Beira Interior e que graças a ela se desinteriorizou e internacionalizou desde há muito. A dívida é lamentável mas a Covilhã teve e deve continuar a ter estatuto de primeira grandeza, de líder na economia, na ciência e na cultura. Tem a maior concentração de massa cinzenta do Interior do país e é tempo que tudo volte a florescer. A Serra tem tudo para nos presentear", sublinhou. |
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