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O empreendedorismo não tem género
Oana Gabriela Pauca · quarta, 27 de abril de 2016 · Região Decorreu no passado dia 20 de abril, o Seminário Primavera 2016, organizado pelo Centro de Investigação e Estudos de Sociologia (CIES). O "Empreendedorismo Feminino" foi o tema central do encontro que contou com a participação de Isabel Rufino, investigadora do CIES, Alcides Monteiro, coordenador do CIES na UBI e de Elsa Valadas, estudante de doutoramento em Sociologia na UBI. |
Isabel Rufino durante o Seminário Primavera 2016 |
22005 visitas A Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da UBI foi a anfitriã da primeira apresentação do Seminário Primavera 2016. Apresentado por Luísa Veloso, coordenadora do Grupo de Investigação Trabalho, Inovação e Estruturas Sociais da Economia do CIES, o seminário abordou temas ligados à presença feminina no mundo do empreendedorismo. A primeira oradora, Isabel Rufino, fugiu um pouco ao tema base do seminário e optou por apresentar os resultados de uma investigação que realizou, intitulada "Sustentabilidade do trabalho: da empresariabilidade-empregabilidade ao empreendedorismo. A Intervenção-ação dos territórios locais". Na sua investigação, Isabel procurou entender de que forma a ação dos territórios influencia o processo do empreendedorismo e qual o seu peso a nível regional e nacional. O seu projeto dividiu-se em duas partes. Numa primeira fase, a do diagnóstico, que resultou de uma pesquisa em doutoramento que durou cinco anos; já na segunda fase, a da intervenção, optou por um processo de formação-ação com a duração de dez anos. Isabel Rufino desenvolveu o seu projeto centrado no território Oeste, mais precisamente a região de Alcobaça, que avaliou como uma cidade mais industrializada. Através da análise de empresas regionais do Oeste do país, Isabel Rufino descobriu que existe uma forte influência pessoal dos dirigentes na gestão dos recursos empresariais. Segundo a investigadora, também existe "uma grande ausência de planeamento normalizado de médio e longo prazo e a indústria ainda é um tanto tradicional". Isabel Rufino atribui benefícios às empresas regionais, explicando que o território local é grande potenciador de empresariabilidade e empreendedorismo. A investigação acabou por revelar que a mulher também tem um papel bastante ativo na gestão empresarial, sendo que a investigadora explica que, embora os dirigentes sejam homens, grande parte das decisões empresariais cabem às suas esposas. No entanto, a investigadora atribui à mulher o seu papel tradicional, afirmando que "depois de se parir não se pode pensar o mundo doutra forma". "Não há falta de nada, há sim má governação", diz Isabel, explicando que com a tecnologia de que se dispõe hoje em dia nada é impossível, mas que "a mudança está em puxar pela cabeça". Isabel Rufino referiu com bastante entusiasmo o projeto Fábrica do Empresário, desenvolvido por 36 jovens cuja média de idades é de 31 anos, explicando que "é muito importante que os jovens desenvolvam este tipo de projetos, de forma a aprenderem e a dinamizarem as regiões do país". As conclusões da investigação de Isabel Rufino foram bastante positivas, sendo que a investigadora revela que no território Oeste se manifesta um "grande espírito de cidadania", bem como uma afirmação e reafirmação empresarial e ainda um sistema igualitário relativamente às oportunidades do e no território. A segunda oradora foi Elsa Valadas que dedicou a sua intervenção ao tema do empreendedorismo feminino, abordando um estudo que realizou sobre "O contributo feminino entendido como um handicap nas exigências de um mercado empreendedor". A ubiana dá conta de que "a mulher ainda está em minoria no mundo do empreendedorismo", sendo que a maioria dos dirigentes de grandes empresas são homens. No entanto, Elsa explica que é importante compreender o conceito de empreendedorismo, uma vez que "quando falamos de empreendedorismo não falamos de homem ou de mulher". O que Elsa Valadas procurou realçar foi que "o empreendedorismo nasce da vontade, da autonomia e da liberdade das pessoas", sendo que cada um pode ser empreendedor, quer seja por oportunidade ou por necessidade. Assim, a doutoranda explica que existem duas formas de empreendedorismo, sendo elas o empreendedorismo por oportunidade, aquele que surge por ocasião, surge duma ideia; e o empreendedorismo por necessidade, dizendo respeito ao empreendedorismo que pode surgir da necessidade de sobrevivência das pessoas, principalmente as desempregadas. Elsa Valadas fala de uma "desconstrução do género", sendo que todos nascem empreendedores, sejam homens ou mulheres, o importante é que existam ideias. Alcides Monteiro teve um pequeno espaço para comentário, que aproveitou para explicar que não existe uma noção muito clara daquilo que é o empreendedorismo, sendo que este conceito é muitas vezes associado a uma empresa, às vezes de forma errada. O docente questionou também o porquê de haver mais homens empreendedores do que mulheres, considerando que esta é uma pergunta com várias ou nenhumas respostas. No espaço para debate reservado para o final do seminário, Isabel Rufino defendeu, de forma provocadora, que as mulheres, se querem ajudar na revitalização da economia, deveriam "ir parir". A investigadora explica que o país está cada vez mais envelhecido e que só um incremento na taxa de natalidade pode impulsionar a economia de forma positiva, "podendo-se vir a criar mais e novos postos de trabalho". Isabel também realça a importância da prática, dizendo que "a teoria sozinha é a morte do artista". Neste contexto, Alcides Monteiro apoia a ideia da investigadora, dando conta de que nos dias que correm, "a diversidade do currículo é essencial, sendo que no mundo do empreendedorismo muitas vezes importa mais o que fazemos fora da profissão". Alcides sustenta que "devemos ser atores, devemos atuar, devemos ser ativos e não passivos", mas mantendo sempre o foco naquilo em que se é realmente bom. A segunda fase do Seminário Primavera 2016 – Empreendedorismo Feminino irá decorrer no dia 6 de maio, às 18h30, no ISCTE. Este seminário insere-se no Ciclo de Seminários do Grupo de Investigação, Trabalho, Inovação e Estruturas Sociais da Economia do CIES, que também conta com uma edição no Outono. |
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