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Experiência na Intervenção em Crise
Vera Alves · quarta, 6 de abril de 2016 · @@y8Xxv “Intervenção em Crise” é o nome da palestra ministrada por Miguel Arriaga, da Escola Superior de Saúde do Instituto Politécnico de Portalegre, no dia 1 de abril, no âmbito do II Ciclo de Seminários de Intervenção Psicológica do 2º Ciclo em Psicologia Clínica e da Saúde, na UBI. |
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O seminário é organizado pela Comissão Científica do Curso, com vista à aquisição e/ou desenvolvimento de conhecimentos sobre diferentes programas e estratégias de intervenção psicológica, sendo uma iniciativa que tem nos estudantes da área os principais destinatários.
Pensando no manancial daquilo que é o potencial de intervenção, temos exemplos como “acidentes de aviação, situações extremas, em que se sai fora do que é o nosso conceito de normalidade, ainda que subjectivo, situações de violência doméstica, com necessidade de apoio às vítimas directas e indiretas, suicídio, abusos sexuais, catástrofes naturais ou tecnológicas. provocadas pelo homem”.
Dentro deste grupo destacam-se ainda os sub-grupos vítimas, familiares, mas também aqueles que prestam apoio, pois “ver alguém experienciar um acontecimento traumático não é simpático”, explicou Manuel Arriaga. Faz sentido prestar apoio aos profissionais de saúde “quando faz de fato falta”, “quando a resiliência não funciona”, ou seja “quando deixamos de dar uma resposta profissional para dar lugar a uma resposta emocional”.
Segundo o orador, temos ainda dois espetros distintos de acontecimentos, os traumáticos, e aqueles com potencial de intervenção. O stress, divide-se usualmente em “eustresse” e “distresse”. O primeiro é positivo e permite agir e reagir perante diferentes situações, o segundo é “mais negativo e verifica-se em situações de stresse cumulativo, do dia-a-dia, e incidente crítico”.
Manuel Arriaga, também aluno de doutoramento na UBI, diz que para alguém que experiencie um evento traumático, a segurança é a primeira necessidade básica a satisfazer “naquilo que nós dissermos que é um espaço seguro”.
Uma das frases mágicas para o orador é “sentir que tudo está a ser feito” por parte do profissional, onde “explicar claramente o que se está ali a fazer, e oferecer qualquer coisa, como uma garrafa de água” é imperativo para o psicólogo “criar a empatia necessária com as pessoas envolvidas, relação essa que se pode conquistar ou não“.
O suicídio é definido por Manuel Arriaga como “o desejo de matar, morrer e ser morto ao mesmo tempo. Matar pela raiva e angústia latente, morrer para se terminar com o sofrimento, e ser morto para que não seja o próprio a cometer o ato”. Outro exemplo é o fim de uma relação, algo dramático, só que não, quando se regressa à realidade, e percebe-se que “se terminou, foi por algum motivo”, mas leva tempo, sobretudo pelo receio do que não se conhece.
Situações de maior magnitude exigem outro cenário de operações, numa profissão em que o orador defende a aquisição de competências específicas antes de se partir para o terreno, mas também a importância da consciência de mitigar extremos nas nossas atitudes, por exemplo num caso de terrorismo. Em Portugal, “curiosamente nós temos potencial de resposta, 24 horas por dia, com psicólogos do INEM, ainda que não tantos como se gostaria, com uma estrutura nacional que são as EAPS (Estrutura de Apoio Psicossocial) dos Bombeiros, e com um conjunto de recursos da Cruz Vermelha. Portanto sempre que há solicitação, há resposta”. |
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