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A Covilhã medieval em discussão no Museu dos Lanifícios
Carla Sousa · quarta, 23 de mar?o de 2016 · A historiadora Maria da Graça Vicente, proferiu, no passado dia 17 de março, no Museu dos Lanifícios, uma palestra subordinada ao tema "Território e identidade: a Covilhã Medieval e a construção de um espaço identitário". A historiadora abordou as diferentes etapas que estiveram na origem da construção do espaço identitário covilhanense, desde a época medieval, bem como os desafios futuros que a Covilhã tem que enfrentar. |
Maria da Graça Vicente no Museu dos Lanifícios |
21990 visitas A autora da obra intitulada de “Covilhã medieval: o espaço e as gentes” (séculos XII a XV), refere que “a identidade de um território, é uma coisa volátil e difícil de aprender porque está sempre em mudança”. Através do recurso a vários documentos de autores consagrados, a académica tem vindo a estudar a história da Covilhã. De acordo com a mesma, a história serve para “nos conhecermos a nós próprios, as nossas identidades, valências, dificuldades e pontos menos fortes. Quando olhamos para o passado reconstruímo-nos a nós próprios e projetamos o futuro”. A estudiosa reconhece que as marcas identitárias da cidade estão “dispersas pelas várias áreas de atividade dos seus habitantes, ou seja, espalhadas pelo território”. Porém, assume que “uma marca identitária que é incontornável são os têxteis, a indústria, a industrialização, muito forte e com longa tradição”. Na atualidade, “a arte está-se a evidenciar um bocadinho mais no panorama covilhanense”, acrescenta. Apesar de ter uma posição geograficamente periférica e de ter sido afastada dos itinerários régios, a Covilhã medieval conseguiu afirmar-se em várias áreas. “A Covilhã batalhou para se tornar uma vila no período medieval, que tinha o apreço do rei, considerando-a como um sítio onde podia vir buscar mantimentos, homens e até dinheiro”. Para além disso, a Covilhã também teve um “importante papel nos descobrimentos, até antes na indústria. Depois, mais tarde com os seus escritores, com os seus cosmógrafos, com toda essa gente, afirmou-se perante as ordens militares, que eram instituições poderosíssimas, e perante a igreja secular, tudo isso deve-se às pessoas”. Maria da Graça Vicente, assume que um dos grandes problemas da Covilhã passa pela “falta daquilo a que as nossas populações antigas, aqui nas nossas aldeias chamavam, “o renovo”, ou seja de jovens. Não está a existir uma substituição e “uma sociedade de velhos” não é inovadora e empreendedora”. Este facto tem sido, ainda, acentuado pela problemática da emigração. De resto, salienta que as “indústrias ligadas ao turismo, em todo o nosso território têm tido cada vez mais importância e incremento e é uma linha realmente a explorar, afirmando aquilo que nos diferencia”. António Pereira, diretor do Museu dos Lanifícios, assegura que a “história da Covilhã, é uma história de identidade, começarmos pela idade média, não significa que descuremos a idade contemporânea”. Com mais esta iniciativa, inserida nas Tardes de Quinta no Museu, cumpre-se a missão desta instituição como “guarda das atividades que identificam uma região, da atividade principal que identificou esta região durante todos os séculos, ainda identifica e continuará a identificar que é a transformação de uma matéria prima de excelência, a lã do merino”.
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