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Política no Feminino
Sofia Dinis · quarta, 16 de mar?o de 2016 · “A paridade só será atingida quando ‘existirem tantas mulheres como homens incompetentes’, será sinal de que elas serão muitas mais do que hoje”, defendeu Mónica Ramôa. |
Intervenientes no Debate sobre a igualdade de géneros |
21987 visitas As festividades do Dia Internacional da Mulher da Covilhã contaram com um debate sobre a igualdade na lei e na prática. A discussão teve lugar na Biblioteca Municipal da Covilhã, no dia 8 de março. A conversa sobre a situação das mulheres na política portuguesa decorreu perante uma sala cheia e beneficiou da presença de quatro candidatas distritais à Assembleia da República: Hortense Martins (deputada eleita pelo PS) e as candidatas Leonor Cipriano (PSD), Cristina Guedes (Bloco de Esquerda) e Mónica Ramôa (PCP). A docente da UBI, Anabela Dinis assumiu a moderação da discussão. Mónica Ramôa inaugurou o seu discurso relembrando que, se “no Hospital Cova da Beira nascer um menino e uma menina, essa menina vai ter 20% menos salário, vai ter uma preponderância maior de ser vítima de violência doméstica ou tráfico humano e vai ser mais pobre”. A representante do PCP esclareceu que no ano de 2015 as mulheres foram as que menos recorreram ao Sistema Nacional de Saúde. “Porquê? São aquelas que têm menos dinheiro e as que culturalmente, ficam para último na família”. “Nos últimos dez anos, em Portugal, o rosto da pobreza passou da ‘mulher idosa’ que vivia com 120 euros por mês, para a ‘mulher com filhos a seu cargo’“. No entanto “as mulheres são mais pobres, não por serem mais incompetentes”. A pobreza para as mulheres é mais difícil de ultrapassar. “Com os filhos a seu cargo, têm mais limitações para aceitar determinado tipo de horários de trabalho e, quando aceitam, são sempre mais mal pagas”, especificou a militante do PCP. “A mulher é a principal vítima quando chega a precariedade. É a primeira a ser despedida, é aquela que tem de deixar de trabalhar para cuidar da família, a que fica em casa quando os filhos estão doentes.” Na opinião de Cristina Guedes, faltam medidas que possibilitem uma melhor distribuição dos deveres e direitos parentais. Estas seriam, entre outras, o aumento da licença parental exclusiva e obrigatória, a equiparação entre pai e mãe das dispensas ao serviço para consultas familiares, e o aumento do valor do subsídio parental. Ainda assim, a representante do Bloco de Esquerda adverte que “existem mais mulheres que homens no Ensino Superior e as mulheres estão, cada vez mais, a lutar por um futuro melhor”. Leonor Cipriano desabafou que à conversa com outras mulheres, quando as desafia para a política, lhe respondem “isso não é vida para mim”. A militante do PSD considera que “as mulheres portuguesas estão acomodadas no papel de mulher de família” e preveniu que “a igualdade depende em primeiro lugar da evolução das mentalidades”. Hortense Martins é a presidente da Federação do PS do distrito de Castelo Branco, a única mulher com este cargo a nível nacional, e garante que “não é fácil ser mulher na política”. Por isso mesmo, a deputada defende que “a Lei da Paridade é fundamental para forçar a presença das mulheres no Parlamento”. Martins lembrou que existem já movimentos para transformar o Dia Internacional da Mulher no Dia Internacional da Igualdade. “Não concordo que isto aconteça. Existe ainda um longo caminho até à igualdade de géneros”, disse a deputada. A deputada do PS, observou que “é nas escolas, com as crianças, que se dão os primeiros passos para a igualdade de géneros”, já que “é mais fácil formar os jovens do que pessoas com idades mais avançadas”. Joaquim da Silva, agora reformado, foi, durante vários anos, funcionário na escola E.B.2/3 Tortosendo e interveio por duas vezes no debate. “A mulher foi espezinhada, maltratada e humilhada durante anos e o mais grave é que consentiu. Foi educada para acatar as ordens dos homens. Vi por várias vezes miúdos a pontapear meninas só porque estas lhes recusaram um beijo. Isto reflete o que lhes é incutido em casa e o quanto ainda há a fazer para combater o machismo. A Coolabora, a esse nível, tem tentado retificar o que está errado, investido em ações nas escolas, junto dos mais novos”, desabafou Joaquim. Fernanda Lourenço foi alvo do projeto Género Coletivo, tendo feito parte do grupo de teatro sénior amador da oficina de teatro comunitário do Centro de Atividades da Covilhã, que apresentou a peça “Onde estás tu, Covilhã?", no dia 5 de março. A atriz foi por isso chamada ao palco para declamar um dos seus poemas e falar sobre a experiência. Fernanda Lourenço afirmou ter realizado um sonho e agradeceu aos encenadores e a todos os envolvidos no projeto. “Sou contra a violência e o papel que desempenhei na peça foi sobre a mesma. Com o teatro aprendi, depois de muitos anos, que palavras também são violência”, explicou Fernanda. O assinalar do Dia Internacional da Mulher foi a última iniciativa do projeto Género Cooletivo, promovido pela CooLabora, pelo Teatro das Beiras, e pelo CPCCR- Confederação Portuguesa das Coletividades de Cultura, Recreio e Desporto e financiado pela Fundação Calouste Gulbenkian. A parceria teve ainda o apoio da Rede Social da Covilhã, da Câmara Municipal da Covilhã, da EPABI – Escola Profissional de Artes da Beira Interior, da Quarta Parede e Grupo Aprender em Festa.Foi por isso apresentado o vídeo “Metade do Mundo”, que resume tudo o que foi feito. |
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