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"O Interior no Parlamento" debatido na UBI
Carla Sousa · quarta, 9 de mar?o de 2016 · O Núcleo de Estudantes Social - Democratas da Universidade da Beira Interior (NESDUBI) promoveu, no passado dia 7 de março, um debate subordinado ao tema "O Interior no Parlamento". O evento que decorreu na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (FCSH) teve como convidado Carlos São Martinho, antigo deputado do PSD pelo círculo eleitoral de Castelo Branco. |
Intervenção de Carlos São Martinho |
21970 visitas Na tentativa de se afirmar como um núcleo ativo, o presidente do NESDUBI refere que "há uma real discriminação entre o Interior e o Litoral, em que o primeiro é o verdadeiro prejudicado. Existe uma enorme discrepância na quantidade de deputados do Parlamento que são eleitos pelo círculo eleitoral do Interior, comparativamente com os que provêm do Litoral, por isso decidimos realizar um debate para alertar sobre esta realidade". De acordo com Carlos São Martinho, a temática analisada nesta iniciativa é algo que "interessa essencialmente à nossa região, ao futuro da nossa região e de todos aqueles que decidiram viver neste espaço Interior de Portugal". Na atualidade, a eleição dos deputados para a Assembleia da República está diretamente relacionada com o número de habitantes existentes, o que faz com que o Interior tenha uma representação política menor do que o Litoral. "Para que tenhamos uma leve noção daquilo com que nos confrontamos, todo o chamado Interior, que vai de Bragança a Beja, e que inclui o distrito de Santarém, o número de deputados de Lisboa é maior do que o de toda esta região que representa cerca de 65 por cento do território português", explica. Para o antigo deputado, esta realidade resulta de uma "definição de políticas antigas que Portugal vem tendo ao longo das últimas décadas que acentuou o país mais para o mar do que para o Interior, fruto de múltiplos interesses, também económicos que fizeram deslocar a população quase toda para o Litoral, tornando todo o nosso Interior muito desabitado, o que tem reflexos na representatividade na Assembleia da República". Assim, uma das soluções apontadas para minimizar esta problemática passa por fazer com que "exista vontade política, a verdade é que se todos combatêssemos no mesmo sentido poderíamos alterar algumas destas tendências que nos últimos anos têm desequilibrado o nosso território". Luís Filipe Madeira, docente da UBI, também participou como palestrante neste debate, e defende que "o que poderia equilibrar a representação política em Portugal seria aplicar-se uma norma diferente ao Interior daquela que é aplicada no país todo, isto é menos cidadãos serem capazes de eleger um número superior de deputados". No entanto , reconhece que o facto de existirem mais deputados eleitos pelo Interior, "não significa necessariamente que os deputados que são eleitos nas circunscrições do Interior sejam oriundos do Interior". Deste modo, para avançar com a solução indicada seria "necessário reformar o sistema eleitoral de tal maneira que os centros partidários não determinassem de algum modo a eleição também de alguns deputados que são eleitos pelo Interior", especifica. De resto, Carlos São Martinho considera que "é importante discutirmos estas problemáticas com quem neste momento vai entrar num mundo em que vai participar ativamente na definição do rumo do país, estes alunos precisam de estar conscientes das dificuldades e da própria realidade do país". Por sua vez, Luís Filipe Madeira diz que "se é para de facto alterar alguma coisa, há aqui um caminho que tem de ser feito e a reflexão sobre as coisas penso que é o primeiro passo". |
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