Roupa, calçado, malas, livros e um cenário dramático foram os elementos que envolveram o começo do espetáculo na passada noite de 3 de março. Este mercado decorre há mais de cinco anos, aquando do Festival de teatro Universitário (TeatrUbi), em março, e do Festival Contradança realizado pela Companhia ASTA, em outubro.

Rui Pires, encenador na ASTA, declarou que esta iniciativa resulta da abundância de vestuário e afins doados às companhias, bem como de adereços que sobram do guarda-roupa. Esta “feira da ladra” dispõe, sobretudo, de materiais usados a um preço acessível, vendidos com o intuito de obter “alguns fundos que serão investidos na construção de espetáculos, na digressão, no guarda-roupa e nos cenários” de futuras peças.

Devido a um orçamento cultural muito baixo, o Teatro português necessita de estratégias criativas para financiar as exibições. Os fundos deste Mercado revertem para ambas as companhias, TetrUBI e a ASTA, uma vez que estão unidas nesta coprodução, e serão utilizados para o investimento no espetáculo do próximo ano.

O 20º Ciclo de Teatro Universitário abriu com a peça “Sangue e Outras Substâncias” e a adesão foi notória. Maior parte das pessoas que marcaram presença deixaram-se levar pela curiosidade e passaram os olhos na “feirinha”. Maria do Carmo Teixeira, membro da ASTA, confidenciou que este bazar não objetiva, propriamente, “vender tudo”, no entanto serve para que as pessoas “tenham alguma atividade enquanto a peça não começa”. Maria Moura, uma das espetadoras, declarou que se interessou pela iniciativa visto que se “reutilizam as roupas e é uma ajuda para a vertente cultural”.

O Mercado Negro está aberto até dia 12 de março, em simultâneo com o Ciclo de Teatro e convida as pessoas a espreitar a mercadoria e a tomar um café, antes das exibições das peças.