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A UBI "Ilustrada"
Carla Sousa · quarta, 2 de mar?o de 2016 · @@y8Xxv Tiveram lugar no passado dia 25 de fevereiro na Universidade da Beira Interior (UBI) aquelas que foram as primeiras jornadas de Ilustração. A "Ilustrada" decorreu na Faculdade de Artes e Letras ao longo de todo o dia e dividiu-se entre sessões paralelas, contando com o apoio do LabCom.IFP, a unidade de investigação associada à Faculdade. |
Bruno Santos e Lara Luís na "Ilustrada" |
21975 visitas Esta iniciativa trouxe à UBI ilustradores ligados ao meio académico, como é o caso de Júlio Dolbeth, Rui Vitorino Santos ou João Catarino, e jovens profissionais, como Lara Luís e Bruno Santos, vulgarmente conhecido como Lord Mantraste, que já ocupam um lugar de destaque neste mundo das artes plásticas. Júlio Dolbeth e Rui Vitorino Santos apresentaram o projeto que desenvolveram em conjunto e que fez nascer uma Galeria de Ilustração e Desenho, que dá pelo nome de Dama Aflita.“Uma das coisas que nós achamos muito estranha é que nós íamos ao estrangeiro e havia espaços dedicados à ilustração, no Porto e em Portugal na altura não havia nada. A ideia que tivemos foi abrir o mercado da ilustração, porque faltava um espaço em que os autores conseguissem mostrar o seu trabalho e as pessoas pudessem ver ilustração”, menciona Rui Vitorino Santos. Durante estes sete anos de existência, têm sido expostos, a título coletivo ou individual, os trabalhos de vários autores portugueses e estrangeiros. De acordo com o também docente da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, “o que custa sempre mais é sobreviver durante os primeiros tempos, mas as coisas têm funcionado bem, há cada vez mais novas pessoas, tanto autores como pessoas que adquirem”. Apesar deste balanço positivo, o ilustrador considera que “o grande problema da ilustração tem a ver com a questão do mercado, o facto de vivermos numa crise afastou muito daquilo que era o trabalho normal do ilustrador para imprensa e coisas do género, as propostas acabaram por ser extremamente precárias, o que acabou por dificultar um pouco o nosso trabalho”. João Catarino mostrou os desenhos que elaborou para o jornal Público e que o fizeram deslocar-se a vários locais da cidade de Lisboa para contemplá-los e documentá-los em desenho. Deste modo, confessa que durante três anos abraçou este trabalho “de uma forma muito entusiástica porque se aproximava daquilo que eu gosto de facto de fazer, só como pura atitude de gostar de desenhar, de contemplar, para estar um bocadinho num espaço a fazer essa atividade, porque desenhar no local muda tudo”. O também professor de desenho no Centro de Arte & Comunicação Visual ( Ar.Co), aplaude este género de iniciativas. “Estes encontros são muito interessantes, acabam por funcionar como um incentivo para os alunos, através das referências de outras pessoas pode servir de estímulo para que não pensem que o trabalho deles ou é novo, ou é pioneiro ou vai aterrar em seco”, adianta. O jovem ilustrador, Bruno Santos, trouxe à jornada variados trabalhos que tem criado, de entre os quais o desenho da capa do livro Arranha-Céus, de J. G. Ballard e que foi considerada como a melhor capa de ilustração e design de 2015, pela Revista Sábado. O artista plástico diz que procurou transmitir “aquilo que eu senti falta quando era estudante que era o contacto do ilustrador com o cliente final, assim acabo também por servir como um exemplo para os jovens e incentivo-os a trabalhar”. Bruno Santos, reconhece algumas dificuldades em trabalhar nesta área em Portugal, “mas isso até faz parte do trabalho, uma pessoa que consegue ser ilustrador no nosso país, consegue sê-lo em qualquer parte do mundo”, remata. Catarina Moura, membro da organização do evento, confessa que a realização da Ilustrada se trata de “um projeto muito pessoal, já que procurei trazer qualquer coisa à UBI numa área que eu gosto muito”. Por um lado, é também uma temática “que desperta o interesse dos alunos dos cursos de Design da faculdade, nomeadamente de Design e Multimédia, por isso é interessante que os ilustradores venham partilhar com os estudantes como tem sido a sua experiência na ilustração”, refere. Por outro lado, neste momento “a ilustração é uma área muito vibrante em Portugal, estão a aparecer muitas editoras, especificamente especializadas na publicação de ilustração ou novela gráfica, existem galerias exclusivamente dedicadas à ilustração e há cada vez mais gente a ter interesse em trabalhar nela”, acrescenta. Na sessão de abertura, o presidente da FAL, Paulo Serra, declara que “é fundamental que os cursos da faculdade tenham experiências externas que sirvam para complementar a sua formação, porque nós temos muito a aprender com o que se faz lá fora”. Este evento sobre ilustração potenciou a criação de uma Fanzinoteca, que irá funcionar na Biblioteca Central da UBI. “A Ilustrada acaba por alimentar parcialmente a Fanzinoteca, mas a ideia é promover aquele espaço que a biblioteca nos cedeu e que outras pessoas vão enviando os seus trabalhos de forma contínua. No fundo, está-se a permitir que todos os nossos alunos entrem em contacto com esse mundo e que eventualmente até se inspirem a criar eles próprios as suas fanzines e colocá-las lá”, explica. A também docente da UBI garante que “o balanço foi positivo, foi ótimo ver aqui os alunos e sentir que não estavam a ser trazidos de propósito, que não estavam obrigados, parecia que queriam estar a ouvir estes testemunhos”. Para o futuro, o objetivo é que a Ilustrada se torne uma iniciativa de edição anual, com uma maior duração do que este ano. O evento contou com o apoio logístico do LabCom.IFP -Comunicação, Filosofia e Humanidades e da Biblioteca Central da UBI. No âmbito da Ilustrada, decorreu ao longo de toda a semana um ciclo de cinema, com a exibição de vários filmes. Desta iniciativa resultou ainda uma exposição dos trabalhos dos artistas que está patente ao longo de todo o mês de março, no Departamento de Comunicação e Artes. |
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