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Primeiros alunos do Ensino Superior da Covilhã regressam a casa
Rafael Mangana · quarta, 24 de fevereiro de 2016 · @@y8Xxv Decorria o ano de 1974. A Covilhã acolhia os seus primeiros 143 alunos de Engenharia Têxtil e Administração e Contabilidade. Passados mais de 40 anos, os Alumni, as primeiras gerações de alunos do então Instituto Politécnico da Covilhã (IPC), reuniram-se no sábado, 20 de fevereiro de 2016, na Universidade da Beira Interior (UBI). |
O reitor da UBI foi o anfitrião e fez a visita guiada aos Alumni pela Reitoria |
21979 visitas "Na altura foi um impulso muito grande para as empresas. Muitos de nós frequentávamos o curso de noite e trabalhávamos de dia, e essa possibilidade também foi importante, porque conseguiram recrutar muito mais gente de entre os alunos que já estavam a trabalhar". José Curto era o aluno 119 do Instituto Politécnico da Covilhã. Depois de tirado o Bacharelato, esperou um ano até entrar no Curso de Gestão de Empresas. "Estivemos um ano à espera que a Administração Central abrisse o Ensino Superior para Licenciatura. Nessa primeira Licenciatura de Gestão de Empresas éramos cerca de 40 alunos", conta. Foi um dos 70 antigos alunos que participaram no último encontro Alumni, no sábado, 20 de fevereiro, que incluiu uma visita guiada à reitoria, pelo próprio reitor da UBI, a visita à exposição "UBI|ALUMNI - Onde estás! Onde estiveste! / Quem somos! Quem fomos!" e à exposição de fotografia "Ruralidades", de António Supico, no Núcleo da Real Fábrica de Panos do Museu dos Lanifícios. Celebrou-se posteriormente uma missa de homenagem pelos antigos estudantes, docentes e funcionários falecidos e um almoço entre os participantes. A tarde foi preenchida com um sarau cultural, com a participação das duas tunas de Medicina da UBI e da Orquestra de Violinos do Conservatório da Covilhã. O encontro dos Alumni terminou com um lanche de confraternização. Aquele que foi um dos primeiros alunos do Ensino Superior da Covilhã reconhece o papel importante que a instituição representou para o desenvolvimento da cidade. "Esta instituição contribuiu muito para o desenvolvimento das empresas da região, e muitos dos quadros que se aqui formaram ainda hoje aqui trabalham", sublinha. Convidado a recuar mais de 40 anos, conta como tudo começou: "Havia muitos técnicos a trabalhar na região que queriam desenvolver e melhorar os seus conhecimentos para desempenhar melhor as suas funções na indústria de lanifícios, quer na parte de Engenharia Têxtil, quer na parte de Gestão". José Curto foi um deles. "A comissão instaladora do Politécnico foi recrutar os primeiros alunos à Escola Campos Melo. Convidou os alunos da Formação Geral do Comércio e da Formação de Técnicos de Tecelagem, e foram esses primeiros alunos que fizeram um curso prévio de habilitação complementar aos institutos, para nos dar equivalência ao antigo sétimo ano e podermo-nos matricular", lembra. De resto, explica que a vontade em desenvolver os conhecimentos foi importante na altura "para aproveitar esta oportunidade que nos foi aqui dada. Muito impulsionados pelo professor Duarte Simões, que já tinha sido meu professor na escola técnica, que na altura se chamava Escola Industrial e Comercial Campos Melo, e que pertenceu aqui à comissão instaladora e chegou-me a dar a cadeira de Planeamento Regional", recorda. Reformado e com 73 anos, fala com orgulho da filha, Joana Curto, hoje professora da UBI. "Depois de ter sido aqui aluno há mais de 40 anos, é uma felicidade para mim também poder tê-la aqui como professora e tê-la a morar na nossa cidade". Esta ligação entre gerações que já se verifica na universidade, é um dos aspetos destacados pelo reitor da UBI, quando aborda a importância deste tipo de iniciativas. "É muito importante, porque é a continuidade de gerações e é isso que também procuramos, que se estabeleça um elo de pais para filhos de frequência da Universidade da Beira Interior". António Fidalgo sublinha que se trata de "juntar a comunidade dos antigos alunos à comunidade atual da UBI, e fazer uma comunidade dos que passaram e dos que estão. Isso é extremamente importante, porque hoje em dia no mundo laboral, as solidariedades que se criam no âmbito académico são fundamentais", considera. "O que nós tencionamos com todas as iniciativas que se relacionam com os Alumni - os antigos alunos – é estabelecer vínculos de pertença e de identidade à universidade, neste caso, ao Instituto Politécnico da Covilhã - que deu azo ao Instituto Universitário e depois deu origem à Universidade da Beira Interior – e, ao mesmo tempo, com estas medidas comemorar os 30 anos da universidade, mostrando aos antigos alunos como a instituição evoluiu", refere o reitor. Quanto aos primeiros alunos da instituição, aquele responsável lembra que "quando eles chegaram, ainda só tinham rudimentos, não conheciam nada das novas instalações, do muito que se fez, e é importante eles verem em que é que se tornou a obra que eles lançaram".
"Se não fossem estas iniciativas nós não nos encontrávamos" Maria José Constâncio foi uma das primeiras alunas de Engenharia Têxtil do Instituto Politécnico da Covilhã. Tal como José Curto, sublinha que "o interesse dessa altura era completamente diferente. A maior parte de nós era trabalhador-estudante, eu fiz o curso noturno. Havia um interesse pessoal de evolução e valorização, que hoje está um pouco mais escasso, até porque as perspetivas eram outras. Nós tínhamos aquela perspetiva de que com mais conhecimento tínhamos mais possibilidades", lembra. Quando recorda os tempos de estudante, não esquece a camaradagem que existia. "Havia muita troca de informação e muita entreajuda, e trabalhava-se muito para alcançar os objetivos. Tínhamos aulas das 19 às 23:30 depois de um dia de trabalho, e não era fácil, mas valeu a pena". Quanto à agora Universidade da Beira Interior, considera que foi "muito importante" para a Covilhã. "Houve uma recuperação de património muito grande. De outra maneira, as infraestruturas que hoje temos seriam escombros", considera. Até porque, "à exceção da Faculdade de Ciências da Saúde, todos os polos da UBI estão assentes na recuperação patrimonial da cidade, que é muito importante". Em relação a estes encontros Alumni, considera-os "espetaculares, porque se não fosse assim nós não nos encontrávamos. Cada vez é mais difícil, porque os anos vão passando e as pessoas têm mais dificuldade em deslocarem-se. De resto, acho que é muito salutar esta iniciativa". João Leitão é docente na UBI e responsável pelo gabinete Alumni, que dinamiza estes encontros. Aquele responsável considera que "este tipo de iniciativa é importante na medida em que permite estreitar os relacionamentos entre os antigos estudantes da UBI e os próprios elementos integrantes da equipa reitoral e os diferentes responsáveis da universidade". De resto, "eles tiveram oportunidade, desta feita, de terem contacto com a oferta dos centros e unidades de investigação da universidade, o que vai permitir dar-lhes um conhecimento mais específico do que aqui é feito em matéria de investigação e até, num futuro próximo, intensificar ou criar novas relações de cooperação entre as suas entidades e a própria universidade". Muitos destes primeiros alunos da instituição ocupam hoje funções de nível superior - tanto em entidades empresariais como em institutos públicos -, "pelo que é extremamente importante que a universidade, através destas ações, possa de alguma forma capitalizar esta relação, transformando-a em capital relacional também para os atuais estudantes da UBI e para todos os seus colaboradores". |
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