Segundo Afonso Borges, diretor do Mestrado em Design Industrial e Tecnológico, estes "projetos realistas colocam os alunos a trabalhar diretamente com a indústria, não é um compromisso de produção, mas caso alguns possam vir a ser produzidos as empresas mantêm o direito de produção durante um determinado período de tempo e caso venham a produzir os produtos pagam aos autores uma percentagem, tal como no mercado". Para além disso, esta também representa uma "abertura ao mercado de trabalho de uma forma direta, pois estamos em conversações para alguns dos estudantes irem para estágio para as empresas onde poderão ficar no futuro", explica o também docente.

Esta colaboração, que engloba sete empresas parceiras, já permitiu que uma garrafa fosse produzida por uma empresa de vidro, e muitos outros projetos encontram-se neste momento em fase de negociação e aperfeiçoamento. Em contexto académico, as empresas têm "a possibilidade de ver muita gente em atividade, verificam quais são os projetos mais interessantes, as formas mais interessantes de trabalhar. Por outro lado, em vez de fazerem uma entrevista e terem de contratar alguém subitamente, podem ir fazendo um trabalho de preparação de quem vão contratar a seguir", refere.

Quanto às questões relacionadas com a problemática da concorrência, Afonso Borges afirma que "não se trata verdadeiramente de concorrência, porque é um projeto aberto, as indústrias analisam e só escolhem produzir aquilo que entendem e isso não impede que a seguir vão contratar um designer noutro sítio para fazerem outro trabalho".

José Grilo, sócio-gerente de uma indústria produtora de loiça de cozinha e de forno, considera que "para a indústria o design é a salvação". Deste modo, tem apostado fortemente nesta área, uma vez que é "o que nos permite a diferenciação, com ele podemos utilizar a criatividade e seduzir os proprietários das grandes cadeias de hipermercado para comprarem os nossos produtos". 

Para o responsável industrial, a UBI "é o local ideal para desenvolver estes projetos, já que é nesta instituição que está o conhecimento, o know-how, o pulsar da juventude. Por outro lado, acabamos por ter um custo menor de produção, já que é um investimento com menor risco". De resto, o facto de realizar esta parceria com uma universidade do Interior do país, também "pode marcar a diferença, demonstrando a qualidade dos alunos e professores deste instituto académico".