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À descoberta da Antártida
Rafael Mangana · quarta, 10 de fevereiro de 2016 · @@y8Xxv Pedro Almeida, docente e investigador do Departamento de Engenharia Civil e Arquitetura da Universidade da Beira Interior (UBI), acaba de partir para a Antártida para fazer a medição dos movimentos da placa tectónica. A missão, com duração de quatro anos, passa por instalar uma estação de registo dos movimentos da placa tectónica e efeitos da maré. |
Pedro Almeida, investigador e docente da UBI. |
22012 visitas Esta missão insere-se num vasto programa de observação da crosta terrestre já desenvolvido pelo SEGAL (Space and Earth Geodetical Analisys Laboratory) da UBI, em associação com o Instituto Dom Luiz, Universidade de Lisboa, e permitirá perceber quais as zonas mais propícias à ocorrência de sismos. O principal objetivo do projeto, inserido no programa polar português (PROPOLAR) da Universidade de Lisboa é, então, "a recolha de dados de posição de alta precisão, utilizando um receptor GNSS, que recebe sinais de satélites de posicionamento global como o GPS, bem como, de outras constelações disponíveis para uso público", conta o investigador. "Com estes dados será possível medir os movimentos que a crosta terrestre sofre naquele ponto, quer horizontais - relacionados possivelmente com a deriva da placa tectónica -, quer verticais - que poderão ser associados à variação da carga por efeito de maré oceânica", explica Pedro Almeida. "Como missão secundária, poderá também fornecer dados de correção para as equipas de outros projetos que trabalhem nos arredores da Base Primavera e necessitem de posicionamento de elevada precisão", esclarece. "Conhecer o movimento de cada placa tectónica permite, para além de aprofundar o conhecimento do interior da Terra, complementando outros sistemas de observação do planeta, identificar zonas de maior acumulação de tensões na crosta terrestre a que, geralmente, se associam fenómenos sísmicos de maior magnitude", refere Pedro Almeida. O investigador da UBI será responsável pela instalação de um sistema global de navegação por satélite com uma antena de alta precisão e respetivos painéis solares e aerogeradores que alimentarão todos os equipamentos da missão e deverão resistir às condições climatéricas adversas da Antártida. Conhecer a forma como se deslocam as placas permitirá criar sistemas de aviso prévio ou, até mesmo, de prevenção para sismos e/ou fornecer dados para a construção de edifícios. Como sublinha Pedro Almeida, "conhecendo a direção e velocidade de todas as peças do "puzzle" que é a superfície terrestre, tornará mais precisa a previsão sísmica, em termos probabilísticos e, através da implementação de medidas regulamentares para a construção adaptadas a cada ambiente, permitir uma construção mais segura e sustentável". De resto, esta não é a primeira missão do género para Pedro Almeida. "O SEGAL tem desenvolvido inúmeras missões no estrangeiro e no território nacional. Contamos já com uma elevada experiência em todos os PALOP, Ásia, Pacífico, contando já com intervenções em mais de 20 países", sublinha o investigador. Nesta missão em particular, será o único investigador da UBI, acompanhado de outros investigadores portugueses de diferentes universidades, englobados no programa polar português. A missão na Antártida está inserida no Programa Polar Português (PROPOLAR). Este programa é uma iniciativa coordenada pelo CEG/IGOT-UL (instituição proponente), CCMAR-UALG, IMAR-UC, CQE/IST-UTL e CIIMAR-UP. O PROPOLAR visa manter as condições logísticas para a realização das missões científicas portuguesas na Antártida e no Ártico. O projeto facilita o acesso de investigadores de instituições nacionais a estas regiões polares e funciona em coordenação próxima com o Gabinete Polar da FCT.
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