Jornal Online da UBI, da Região e do RestoDirectora: Anabela Gradim |
UBER à moda da Covilhã
Sofia Dinis e Ana Esteves · quarta, 3 de fevereiro de 2016 · Agarra num euro, entra no táxi, diz o teu destino, escolhe a tua música e aprecia a viagem. |
Táxi Serviço 24horas a sair para um serviço. |
21974 visitas Entre os 32 táxis da praça da Covilhã, os de Luís Félix são os que mais se destacam. Histórias, bom humor, música e peripécias fazem dos Táxis Serviço 24horas os mais conhecidos e acarinhados pela comunidade estudantil da Covilhã. A empresa conta com duas viaturas, uma carrinha de cinco portas e uma de oito lugares. Luís Félix, dono da empresa, tem a colaboração de Rui Bernardino, João Paulo Pereira e Carlos Filipe para manter os veículos sempre na estrada. Este é um serviço de táxis diferente, moderno, um UBER à moda da Covilhã. Percorrendo as ruas da cidade a preços mais reduzidos e possibilitando aos passageiros, à partida desconhecidos, que dividam entre si o preço da "corrida" criou, tal como o UBER em Lisboa, animosidades com os restantes taxistas. Rui Bernardino afirma que Félix foi inteligente, já que investiu num mercado que até então havia passado despercebido: os estudantes universitários. O Serviço de Táxi 24horas consegue grande parte dos seus clientes através da recomendação de amigos, dos preços reduzidos e da interação com os clientes. O motorista explica que "existem estudantes, clientes habituais que entram no táxi e são eles a ligar o rádio e a escolher a música que vão ouvir". Mas os táxis do Félix não são conhecidos apenas na cidade neve. O motorista conta que uma família de S.Miguel (Açores) veio visitar o filho e ver a neve e lhe disse que tinha escolhido esse táxi, porque na ilha já se falava no Táxi do Félix. A estudante de terceiro ano do curso de Psicologia, Janete Vasconcelos, diz que "os motoristas dos senhor Félix estão sempre preocupados com o bem-estar dos clientes" e que o bom humor é comum em qualquer viagem que faça com eles. Estes são os táxis que os estudantes chamam à saída da discoteca e dos bares, pelo que Rui já transportou muitos jovens alcoolizados, mais raparigas do que rapazes. Por várias vezes teve que ajudar estes clientes a entrar em casa e até de os transportar até ao hospital. Ter o táxi vomitado em noites dessas acontece algumas vezes. O taxista conta um episódio em que foi buscar um rapaz ao Bar Académico e que o rapaz vomitou a carrinha de oito lugares quatro vezes. As colegas do rapaz acabaram por se oferecer para limpar o carro. Juntamente com um amigo, o taxista teve que ir levar o rapaz à cama, na residência 5. As pessoas deixam de tudo no táxi, desde camisolas a computadores, passando por carteiras ou casacos. Se carteiras e computadores são logo procurados, o mesmo não acontece com a roupa, que raramente é reclamada. Se depois de uma hora ninguém reclamar um pertence, os motoristas têm ordens para os entregar na PSP. Rui não tem o hábito de abrir nada para ver de quem é, simplesmente entrega o objeto na polícia ou pede à pessoa que a vem reclamar para provar que é o legítimo proprietário. O taxista diz que a rivalidade entre Félix e os restantes taxistas é enorme. A concorrência está constantemente a tentar desviar clientes, a criar boatos e a baixar preços. Rui lamenta a falta de união e companheirismo entre os taxistas da praça da Covilhã. A polícia faz marcação cerrada, principalmente aos táxis do Serviço 24horas. "A polícia sabe que os carros estão legais e que o dono da empresa tem sempre o máximo cuidado com os carros, mas ainda assim, pelas características do serviço está sempre de olho", denuncia Rui Bernardino, que diz já ter estado 40 minutos parado numa operação stop. Desde que haja estudantes, todos os dias o telemóvel do Táxi Serviço 24horas toca de cinco em cinco minutos. Durante as férias da Universidade, a queda de corridas de táxi chega aos 60 por cento. Esta é umas das desvantagens do investimento na clientela estudantil, porque "quando eles vão embora, a quantidade de trabalho é muito baixa", afiança Rui Bernardino. Para reverter esta situação, Félix e os seus colaborados têm tentado angariar mais clientes da região. Na época de inverno, Félix disponibiliza a carrinha de oito lugares para viagens até à Torre, na Serra da Estrela, em que vai mostrando as melhores paisagens. Se os passageiros optarem por ficar na serra durante uma hora, o taxista espera-os e faz a viagem de regresso por 30 euros. Caso os clientes prefiram ficar mais do que uma hora, o motorista volta à hora combinada para os ir buscar por 40 euros. Ana Alvim utilizou este serviço de táxi com um grupo de amigos de Erasmus. Cada um dos elementos do grupo de sete passageiros pagou 3.75 euros pela viagem de uma hora. A aluna de Erasmus, que nunca tinha visto neve, afirma que "foi uma experiencia indiscritível". Rui conta que Félix trabalhou para ele há cerca de 16 anos. Depois de ter saído da cadeia ninguém lhe dava emprego e Rui deu-lhe a mão. Agora os papeis inverteram-se. Rui recorda que foi o dono do Táxi Serviço 24 que o incentivou a tirar a licença de motorista de táxi. Há cerca de um ano atrás, Rui Bernardino começou a fazer as folgas dos colaboradores de Félix, depois a trabalhar de noite e acabou pior ficar. O motorista mostra-se satisfeito com o seu trabalho e com o seu patrão. O Félix não baixa os braços e foi por mérito próprio e muito esforço que formou esta empresa, iz Rui Bernardino. Inovadores e animados, os Táxis do Serviço 24horas causam estranheza e não são bem aceites pela concorrência, mas são recomendados entre os estudantes, tornando-se num caso de sucesso. |
Palavras-chave/Tags:
GeoURBI:
|