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Médicos fumam o mesmo que a população em geral
Carla Sousa · quarta, 3 de fevereiro de 2016 · Os profissionais de saúde apresentam os mesmos índices de dependência tabágica que a população em geral. Apesar de ao longo dos últimos 30 anos a prevalência da dependência ter diminuído, ainda continua alta entre estes profissionais. Estas foram algumas das conclusões da tese de Doutoramento, intitulada "The role of healthcare professionals in Tobacco Control", que Sofia Ravara, médica pneumologista, apresentou na Universidade da Beira Interior (UBI). |
Sofia Ravara é médica pneumologista e docente da UBI. |
21967 visitas A pneumologista Sofia Ravara analisou o envolvimento no controlo do tabagismo dos profissionais de saúde portugueses, particularmente dos médicos, e a associação deste envolvimento com a mudança da norma social em relação ao tabaco. Por um lado, verificou que os profissionais de saúde e os médicos portugueses "não se comportam como modelos, quer por fumarem menos, quer por estarem mais motivados para parar de fumar, quer por pararem de fumar mais cedo do que a população geral". Por outro lado, também observou que "não atuam como líderes de saúde pública no controlo de tabagismo, pois não relatam atitudes mais positivas, nem uma maior concordância com as políticas abrangentes de proteção ao fumo ambiental de tabaco do que a população geral, nem participam regularmente em atividades de controlo de tabagismo". Para além disso, "metade dos médicos referiram que começaram a fumar durante o curso de Medicina", afirma Sofia Ravara. Deste modo, um dos objetivos da educação médica passa pela "prevenção do tabagismo em meio universitário, concretamente nos estudantes do curso de Medicina", menciona a investigadora. Comparando os homens médicos com as mulheres médicas, o género feminino revelou ter um "papel modelo", uma vez que "não só fumavam menos do que a população em geral, mas também tinham taxas de cessação similares à população em geral". Segundo Sofia Ravara, este dado "é muito importante, pois em Portugal as mulheres com formação universitária estão a fumar muito, sendo que fumam praticamente o mesmo como os homens". Neste sentido, a também docente da UBI apela à necessidade de implementação de medidas de saúde pública, que "permitam a redução do consumo do tabaco através da regulamentação das atividades da indústria do tabaco". Assim sendo, "já que em Portugal os governos cedem facilmente à influência deste tipo de indústria, os médicos têm que intervir no processo de negociação política e na regulamentação dessas medidas", defende. De um modo geral, a formação "é muito importante" para os médicos se envolverem no controlo do tabagismo. Deste modo, eles devem "participar regularmente em atividades de cessação e prevenção tabágica, que promovam a capacitação da sociedade e o papel dos médicos como líderes de saúde pública e intervenientes ativos num processo de negociação política nas leis de controlo de tabagismo". Para o desenvolvimento desta investigação, Sofia Ravara recorreu a questionários, aplicados a funcionários de um hospital português, a médicos de medicina geral e a médicos hospitalares que participaram em dois congressos distintos e a um grupo específico da população geral, nomeadamente os motoristas de táxi da cidade de Lisboa. A taxa de participação rondou os 52,9 por cento entre os funcionários do hospital, 64 por cento entre os médicos conferencistas e 98,8 por cento entre os motoristas de táxi. Quanto à prevalência do tabagismo nos funcionários do hospital, registou-se uma taxa de 40,5 por cento no sexo masculino e 23,5 por cento no sexo feminino. Já em relação aos médicos conferencistas, a percentagem foi de 29,1 por cento no género masculino e 16 por cento no género feminino.
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