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Projeto Zéthoven - "Plante um músico" leva música a 120 crianças do Interior
Rafael Mangana · quarta, 20 de janeiro de 2016 · O projeto musical “Zéthoven – “Plante um músico”, da Associação Cultural da Beira Interior (ACBI), é um dos 16 vencedores do concurso "Partis II", promovido pela Fundação Calouste Gulbenkian. O projeto, que arrancou há três anos, vai agora permitir a aprendizagem musical gratuita a 120 crianças dos concelhos da Covilhã, Fundão e Sabugal. |
Luís Cipriano e Vítor Pereira explicaram os contornos do projeto em conferência de imprensa |
21992 visitas Num universo de 161 candidaturas, este é único projeto do Interior do país a ser contemplado pelo apoio da Fundação Calouste Gulbenkian, que garante o financiamento, durante os próximos três anos. "Zéthoven – "Plante um músico", já se desenvolve desde 2013, com o apoio de empresas e algumas autarquias da região e conta neste momento com 24 crianças. A iniciativa passa a abranger 120 crianças do 5.º e 6.º anos de escolaridade, o que "representa um salto enorme", sublinha o maestro Luís Cipriano, presidente da ACBI. O Agrupamento de Escolas do Teixoso, o Agrupamento de Escolas "A Lã e a Neve" (S. Domingos) e o Agrupamento de Escolas de Tortosendo, no concelho da Covilhã, e os agrupamentos de escolas do Sabugal e da Serra da Gardunha (Fundão) são as instituições de ensino abrangidas. De resto, "as crianças escolhidas para este projeto são sempre crianças com capacidades musicais", explica o maestro. É feito um teste, todos os alunos das escolas envolvidas no projeto são ouvidos e são selecionados os que tiverem capacidades musicais. "Porque a seleção é sempre superior ao número de vagas, o critério de desempate passa pelas crianças do escalão A do IRS, seguindo-se as crianças de escalão B, e um novo escalão que criámos e que corresponde a crianças carenciadas culturalmente", esclarece Luís Cipriano. Ou seja, crianças que, apesar de poderem não pertencer a estes escalões mais carenciados, vivem em localidades onde não há oferta cultural. "Essas crianças também têm o direito de fazer parte deste projeto e evoluir culturalmente", defende. Consciente de que "nem todos podem vir a ser músicos", Luís Cipriano explica que "o projeto visa o aumento do nível cultural da população destas idades; noutros casos, inseri-los socialmente; e há ainda outros casos onde é possível o encaminhamento profissional". Neste último caso, o passo seguinte é a profissionalização. "Todos os anos são selecionados os melhores e encaminhados profissionalmente, devido à parceria que a ACBI tem com a Escola Profissional de Artes da Beira Interior (EPABI)", esclarece Luís Cipriano. "O nosso objetivo não é ter as crianças para nós para sempre, mas dar-lhes uma perspetiva de futuro, percebendo que o trabalho que fazem connosco lhes serve para alguma coisa", justifica. Contando já com dois alunos, fruto desta parceria, o diretor da EPABI considera que com este projeto se "faz história no acesso da música às populações mais jovens". Pedro Leitão defende que "nestes contextos de interioridade, de baixa densidade populacional e de falta de massa crítica, trata-se de uma oportunidade única dos jovens terem acesso à música, sendo que o projeto tem a novidade desta perspetiva longitudinal de se acompanhar um percurso de vida, formativo e profissional destes jovens". De resto, o responsável esclarece que, apesar da parceria com a ACBI, estes jovens "têm que prestar provas como os outros, mas tendo esta formação musical prévia, estarão em condições mais favoráveis relativamente a outros alunos que saem até do ensino básico, onde têm apenas educação musical. Aqui há outra preparação para este ingresso na EPABI", considera. Sobre este ponto, Luís Cipriano explica que este "pode parecer um projeto de solidariedade, mas trata-se de um projeto de oportunidade. As crianças têm que comprovar continuamente o valor, assim como lhes é exigido sucesso escolar", garante. "Se o nosso objetivo é encaminhá-las, não as podemos mandar para a EPABI no caso de reprovarem. Estas crianças são selecionadas, não têm uma única despesa, mas queremos que cresçam com a noção de que nada cai do céu". O presidente da Câmara da Covilhã – parceira do projeto - destaca o facto de os destinatários serem crianças "provenientes de famílias com situações mais carenciadas, é uma forma de descobrir vocações e, ao mesmo tempo, também permite combater o insucesso escolar uma vez que só os alunos que tenham bom aproveitamento podem integrar este projeto", lembra. Referindo outra das novidades da nova fase, Vítor Pereira sublinha que as crianças envolvidas, "depois de estarem minimamente capacitadas a nível musical, podem dar concertos noutras escolas, puxando-lhes pela autoestima, podendo demonstrar aquilo que aprenderam durante o período em que estiveram a assimilar os conhecimentos que lhes são superiormente ministrados". O projeto implica um investimento total de 142 mil euros, 60 por cento dos quais suportados pela Fundação Calouste Gulbenkian, e os restantes 40 por cento pelas empresas e instituições parceiras. O processo de seleção de alunos já se encontra na sua fase final, pelo que as atividades se iniciam nas próximas semanas. |
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