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"O mais profundo é a pele"
Joana Lobão · quarta, 13 de janeiro de 2016 · A profundidade e beleza das obras de António Pedro Martins trouxeram à flor da pele os sentimentos de fascínio e admiração de todos aqueles que visitaram a sua mais recente exposição para verem as obras do artista. |
"Leitora" é uma das peças que pode ser vista na Tinturaria da Covilhã até dia 31 de janeiro |
21974 visitas Foi inaugurada, no passado dia 5 de janeiro na Tinturaria da Covilhã, a mais recente exposição de António Pedro Martins, onde a pele tem principal destaque para o artista. António Pedro Martins ou Tó Pê, como gosta de ser chamado, é natural de Coimbra e atualmente reside em Condeixa. Diz o poeta a quem foi "roubado" o título da exposição, que "A pele cobre tudo aquilo que somos. É o invólucro, a embalagem que contém de órgãos a sonhos". O artista sonhou e descobriu o interesse pelas artes na adolescência, ingressando no curso técnico-profissional de artes gráficas e posteriormente na licenciatura em escultura, mas afirma que quem descobriu este talento foi o pai que aos doze anos lhe ofereceu uma caixa de pregos e um martelo. "Ele descobriu primeiro do que eu qual era a minha verdadeira paixão, foi ao pregar e despregar aqueles pregos vezes e vezes sem conta que me apaixonei por este trabalho", conta o artista em tom de brincadeira. Tó Pê Martins desenvolveu competências em cerâmica, pintura, mas sobretudo na escultura, para além de ter participado na execução e montagem de cenários e adereços teatrais. A escultura, e principalmente esta forma de arte com pedaços de ferro, começou por acaso quando um dia o artista viu os desperdícios de metal de um colega e pensou que "aqueles pedacinhos de ferro por si só, pouco valiam, mas todos juntos poderiam criar obras únicas" porque a arte "é como nós, sozinhos não conseguimos ser maiores" e foram os ferrinhos da primeira peça que ajudaram o artista a construir as outras todas transformando-se também elas numa "alegoria do que nós somos para a sociedade", explica. As suas obras são vincadas por um perfil existencialista, preocupadas com a contemporaneidade humana, "o que interessa nestas peças é realmente a forma, a pele que é aquilo que nos faz parar para ver". Apesar de não considerar as suas obras perfeitas e de ter sempre vontade de fazer mais e melhor pois considera-se um "insatisfeito por natureza", o principal objetivo de Tó Pê é que as pessoas consigam ver as suas obras para além do que está lá e considera que está cada vez mais próximo de alcançar esse objetivo, e a prova disso é a sua peça "O fumador" que puxa pela imaginação do espectador. Foi com um ambiente descontraído e bem-disposto que o artista brindou todos aqueles que vieram à inauguração da exposição na Covilhã, cidade que o acolheu enquanto estudante e que ficou no coração do artista. Entre os presentes a opinião é unânime, "as peças são lindíssimas, mas é a paixão e o carinho com que o Tó Pê fala de cada peça, que nos faz querer levar todas para casa", afirma Rosa Martins, visitante da exposição. A Tinturaria da Covilhã recebe todos os meses uma nova exposição temporária que pretende dar a conhecer o que de melhor se faz no país. A exposição "O mais profundo é a pele" de António Pedro Martins será encerrada apenas no dia 31 de janeiro e até lá todos poderão visitá-la sem qualquer custo. |
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