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"Sonhar, Acreditar e Nunca Desistir"
Sílvia Macedo · quarta, 14 de setembro de 2016 · A Banda da Covilhã é uma associação que tem tido impacto na cidade, não só pela sua participação ativa nos mais variados eventos, como também pela preocupação em dar oportunidades a todos que queiram aprender música, mesmo não tendo possibilidades. |
Centro cultural da Banda da Covilhã |
21991 visitas Uma banda que vem da linha da tradição portuguesa das bandas filarmónicas, cuja data de nascimento não é do conhecimento público, pois no início, devido a muitos entraves, a banda formava-se mas em pouco tempo voltava a desmembrar-se. O momento exato de início ininterrupto da sua atividade foi a 1 de dezembro do ano de 1944, comemorando este ano o seu septuagésimo segundo aniversário como banda filarmónica e escola de música. Para se manter, a banda necessita de alguns apoios, uma vez que é um projeto a pensar na qualidade educativa para aprendizes musicais. Contou com o apoio da Câmara Municipal para as obras da nova sede, e conta com o contributo dos sócios que rondam neste momento os 900. A associação realiza ainda várias iniciativas ao longo do ano para angariar fundos, sendo que as de maior dimensão são “Até os santos dançam”, cujo intuito é recriar os bailes de antigamente, associados aos santos populares. E, também, o “Festival da Cherovia”, uma ideia original de Eduardo Cavaco, presidente da Banda, a qual em conjunto com a Desertuna, Tuna Académica da UBI, abraçaram. “O projeto da banda é um projeto acima de tudo artístico e musical, mas com uma vertente social muito importante, uma vez que disponibilizamos os instrumentos a todos os alunos de forma gratuita. Também disponibilizamos bolsas de estudo aos alunos mais carenciados”. O atual presidente da banda, Eduardo Cavaco, especifica ainda que “mesmo os alunos que podem pagar para estudarem música, aqui apenas pagam um valor simbólico todos os meses”. Apesar desta associação dar grande importância ao ensino da música, ela não esquece os seus sócios, uma vez que disponibiliza uma sala de jogos no local da instituição, onde todos os dias os sócios já reformados se podem deslocar para conviverem e jogarem às cartas. A banda tem um grande impacto na vertente sociocultural da Covilhã porque “primeiro tem jovens músicos que nunca pensaram tocar um instrumento, muitas vezes pela falta de possibilidade de pagar aulas musicais. Alguns deles acabam mesmo por ingressar no ensino superior da música fazendo uma carreira musical ao mais alto nível. Depois porque as iniciativas que lançamos atraem cada vez mais pessoas aos espetáculos. E ainda porque agora estamos implantados no centro histórico da cidade, onde a banda tem um papel fundamental na dinamização do local, porque todas as iniciativas que organiza têm lugar no jardim público”, explica Eduardo Cavaco. Um dos princípios fundamentais da banda é “não querer o apoio todo. Queremos uma espécie de semente que possamos lançar à terra e fazer com que germine e que possa dar frutos”, aclara o presidente da banda, uma vez que para esta associação é fundamental o apoio inicial para dinamizar os seus projetos. Todos os envolvidos neste projeto nutrem um amor especial pela música e adoram ver esse amor crescer nas crianças. Quando começam a apreender um instrumento “elas usam a música como passatempo e como coisa séria, é impressionante ver isso nas crianças” explica Carlos Almeida, professor de trompete há um ano, mas já associado à banda como músico há 4. Também Eduardo Cavaco diz nutrir um amor especial pela música, amor esse que o fez abraçar este projeto “Nasci com a música. Sou músico há mais de 30 anos. E como se costuma dizer tenho aquele bichinho pela música”. Eduardo Cavaco diz acreditar nos projetos associados às bandas filarmónicas, pois estas são “os conservatórios do povo e nestes momentos de crise e de dificuldade há que abraçar estes projetos e ao mesmo tempo permitir que as crianças mais desfavorecidas possam aprender um instrumento e possam participar nestes projetos”. Em todo o espaço do centro cultural da banda da Covilhã há um ambiente familiar entre os alunos e há um ambiente cultural. Exemplo disso é o Café Concerto que deu vida aos instrumentos da banda que se encontravam adormecidos dentro dos seus estojos e onde todas as semanas há música ao vivo, predominando o jazz, e pequenos recitais feitos pelos alunos da banda. Os pais veem este projeto como uma mais-valia para a aprendizagem musical dos filhos até porque “a banda cede os instrumentos e isso faz com que eles tenham a oportunidade de experimentar vários e escolherem o que realmente gostam”, explica a mãe de um aluno, Ana Virtudes. Esta mãe considera a aprendizagem musical fundamental para a concentração do seu filho: “em termos de concentração abriu-lhe uma dimensão que sem a música nunca seria possível”. Também os alunos veem este projeto como algo fundamental nas suas vidas. “Está a ser uma experiência muito boa devido ao convívio com outros alunos e à aprendizagem musical” revela o pequeno Jimi Hamilton, que sonha ser vulcanista mas que neste momento se fica por apreender fagote. Mais que um local para aprender música, os alunos consideram a banda como uma segunda casa: “mais do que um grupo de pessoas, eu vejo a Banda como uma segunda família porque somos muito unidos” explica Rui Jesus, aluno da banda há mais de cinco anos. Porém o papel principal da banda não passa só pelo ensinamento musical mas também por “formar jovens dotados de valores que infelizmente são cada vez mais raros na sociedade como sentido de responsabilidade, respeito e também pontualidade” afirma Rui Jesus. Uma associação que se torna uma mais-valia não só para os jovens da cidade da Covilhã como também para os covilhanenses em geral. |
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