Jornal Online da UBI, da Região e do RestoDirectora: Anabela Gradim |
"Há uma geração de médicos que não pode prosseguir a sua formação"
Rafael Mangana · quarta, 13 de janeiro de 2016 · @@y8Xxv André Fernandes, aluno do 5.º ano de Medicina da Universidade da Beira Interior (UBI), é o novo presidente da Associação Nacional de Estudantes de Medicina (ANEM). A redução gradual do número de estudantes a entrarem nos vários cursos de Medicina do país é a principal meta da nova direção da ANEM para o mandato que agora inicia. |
Este é já o terceiro mandato de André Fernandes, o primeiro como presidente da ANEM |
21973 visitas "Temos neste momento preparada uma proposta para apresentar ao Governo para uma adequação do número de alunos que entram nos cursos de Medicina ao longo dos anos". O novo presidente da ANEM considera que "o grande problema" dos cursos de Medicina ao nível global é o excesso de estudantes, "que causa rácios tutor – aluno bastante elevados", pelo que esta se afigura como sendo a principal meta da direção a que agora preside. "Também não queremos que o corte seja feito de uma só vez, deverá ser algo gradual", assegura o aluno da UBI. André Fernandes adianta que a direção a que preside está neste momento "a reunir com todas as entidades decisoras e stakeholders – como a Ordem dos Médicos, as escolas médicas e os sindicatos - para dar mais força à proposta", explica. "A nossa intenção é que todo o bloco da Saúde se una para uma resposta conjunta, de forma a que possamos ter algum resultado". De resto, A ANEM divulgou em novembro um estudo que refere que, em média, em Portugal há oito estudantes por cada médico/tutor. "Há universidades que têm bons rácios, mas na sua globalidade o número de estudantes é demasiado elevado, sendo que um dos indicadores da qualidade do ensino é o número de estudantes por tutor", sublinha o dirigente. "Espera-se que todos os médicos possam ter acesso a uma especialidade, e neste momento as capacidades formativas para as especialidades situam-se nos cerca de 1500/1600 médicos por ano, prevendo-se que nos próximos anos saiam cerca de 2000 médicos das escolas médicas", adverte André Fernandes. O aluno de Medicina da UBI considera, deste modo, que "não só o excesso de estudantes causa uma perda de qualidade a nível pré-graduado, como ainda por cima gera uma geração de médicos que não pode prosseguir a sua formação, porque não há espaço para eles". Ainda assim, lembra que "a preocupação é generalizada, mas existem outras preocupações que por vezes limitam o poder de escolha e de decisão por parte de quem o deverá fazer. Mas, no geral, as entidades de Saúde reconhecem o problema do excesso do número de estudantes de Medicina nas escolas médicas", garante. "Representar todos os estudantes de Medicina de Portugal é extremamente motivador" Este será o terceiro mandato de André Fernandes na ANEM, o primeiro como presidente, depois de ter sido tesoureiro e coordenador de informação e imagem. "Chegou uma altura em que achei que poderia fazer sentido ser presidente, que já teria conhecimento e competência suficientes para desempenhar esse cargo", esclarece. "É bastante gratificante, é uma grande responsabilidade e é algo que encaro com enorme motivação. Representar todos os estudantes de Medicina de Portugal é extremamente motivador", sublinha, assegurando que apesar de ser aluno da UBI, "todas as escolas médicas vão ser representadas por igual. No meu trabalho representativo, terei de ser justo com a UBI, como serei com qualquer outra instituição", garante. André Fernandes, admite, no entanto, que o facto do presidente da ANEM ser aluno da Universidade da Beira Interior "mostrará que também aqui há alunos de qualidade, espero eu, e contribuirá para que se fale mais da UBI lá fora", considera. Para além de André Fernandes, Paulo Pinheiro, atual presidente do Núcleo de Estudantes de Medicina da UBI, também integra a próxima direção da ANEM, assumindo o cargo de tesoureiro. "A nossa real preocupação é a qualidade da formação médica" Outro dos temas que merece especial atenção por parte da equipa liderada por André Fernandes diz respeito ao Novo Regime do Internato Médico. "Vamos ter que perceber como será o novo modelo de prova, como será implementada, ou não, uma nota mínima de acesso", explica o dirigente, assumindo a posição da ANEM, que defende que "essa nota mínima é mais uma barreira colocada ao ensino". De resto, a intenção é perceber também "de que forma serão equiparadas as médias para o acesso ao Internato Médico. Teremos sempre um trabalho de acompanhamento, alertando os responsáveis para o que está a ocorrer", garante. Até porque, sublinha, "a nossa real preocupação é a qualidade da formação médica nas escolas médicas". O aluno da UBI lembra que, neste caso, o enfoque "não é tanto a empregabilidade – existem outras entidades, como os sindicatos, para o fazer -, mas como estudantes de Medicina, queremos um ensino de qualidade e é por isso que nós lutamos".
|
Artigos relacionados:
GeoURBI:
|