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Desigualdades de género em debate
Carla Sousa · quarta, 13 de janeiro de 2016 · UBI "(Re)Pensar o Género - Diálogos femininos sobre política, corpo e violência" foi o tema escolhido para a conferência que decorreu no passado dia 7 de janeiro, na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade da Beira Interior (UBI), onde se discutiram as desigualdades de género. O evento foi organizado por estudantes brasileiros em intercâmbio na UBI. |
Iniciativa foi dinamizada por alunos de Sociologia da UBI |
21981 visitas "Promover um debate sobre igualdade de género na universidade e também no âmbito exterior a ela", bem como, divulgar o trabalho desenvolvido pelo Gabinete de Apoio à Vítima de Violência Doméstica da CooLabora e pelo Plano de Igualdade de Género da UBI foram os "principais objetivos da iniciativa", explica Ingrid Possari Cia, membro da organização e estudante de Sociologia na UBI. Neste debate, a CooLabora (cooperativa de intervenção social sediada na Covilhã), apresentou dois projetos, nomeadamente, o Projeto Género Coolectivo e o Projeto Violência Zero. Rosa Carreira, membro da direção daquela instituição, lembra que o primeiro projeto surgiu da constatação de que "50 por cento da população do planeta são mulheres, que não estão a ter o papel que poderiam ter por causa das suas capacidades, e por causa disso a Humanidade não será tão solidária, democrática e inclusiva". Neste sentido, pretende-se "envolver mulheres e homens numa reflexão conjunta sobre o que é não haver igualdade de género na comunidade e o que poderia ser melhor se houvesse igualdade de género", sublinha Rosa Carreira. Relativamente ao segundo projeto, Diana Silva, do Gabinete de Apoio à Vítima de Violência Doméstica da CooLabora, refere que visa "prevenir e combater as situações de violência de género". De resto, o evento contou com a participação de um amplo número de oradoras, que abordaram temáticas tão diversificadas como a participação política feminina ou a violência sexual contra as mulheres. No decorrer da sessão, a participação das mulheres na vida política afigurou-se como uma área em que a desigualdade de géneros é mais evidente. Neste âmbito, a Lei da Paridade "não é uma conquista finalizada, ainda há muito a fazer, há que criar mecanismos para que as mulheres atinjam o poder", admite Hágata Pires, mestranda de Sociologia na UBI. Amélia Augusto, docente do departamento de Sociologia da UBI, trouxe à discussão a violência obstétrica, uma forma de violência que ainda não é muito abordada em Portugal. Trata-se da "violência que é exercida contra a mulher na altura do parto e do pós parto, não tem que ser explícita, no sentido do abuso físico ou de uma agressão, tem que ver com uma série de procedimentos que acabam por ser abusivos para a mulher", explica Amélia Augusto. A docente refere que em alguns casos "a medicina leva longe demais a sua intervenção e coloca muitas das vezes a questão dos procedimentos, do protocolo e das rotinas à frente dos desejos das mulheres, do que elas querem que seja o seu parto". A necessidade de intervir junto das camadas mais jovens, foi uma das estratégias apontadas para combater as desigualdades de género. Já no que diz respeito à violência obstétrica, Amélia Augusto defende a consciencialização das pessoas para a questão de que "um parto não tem que ser uma experiência traumática". Sustenta ainda que "é fundamental uma intervenção na medicina, na formação dos médicos, com a discussão das questões de género também nas faculdades de medicina" e "pensar a medicina de uma forma crítica".
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