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"Sentir, Pensar e Agir"
Rafael Mangana · quarta, 6 de janeiro de 2016 · @@y8Xxv Começou por ser um caso de estudo de Doutoramento, mas a ideia é tornar-se um caso sério de inclusão social de jovens com necessidades educativas especiais. “Sentir, Pensar e Agir” tem dois anos e é um projeto desenvolvido por uma doutoranda em Educação da UBI, que procura fazer a ponte entre todos os agrupamentos de escolas do concelho da Covilhã e a comunidade em geral. |
Primeira ação de sensibilização junto da comunidade do concelho da Covilhã |
21983 visitas "A ideia é quebrar barreiras, até porque a maior parte das pessoas nunca contactou com estes jovens. É bom para todos". Joana Pinheiro é Terapeuta da Fala e doutoranda de Educação na UBI e aproveitou a parte prática da tese de Doutoramento para mediar um processo de integração de jovens com necessidades educativas especiais do concelho da Covilhã. "É um projeto que abarca o concelho, onde estão incluídos todos os seis agrupamentos de escolas do concelho da Covilhã e envolve diversos parceiros". O principal objetivo é, então, consolidar esta rede de parceiros – escolas, empresas e instituições da comunidade – facilitando o processo de transição para a vida pós-escolar destes jovens. "Eles chegam ao 12.º ano e não têm muitas soluções para prosseguir", esclarece a investigadora. Joana Pinheiro acredita que "estes jovens, apesar de não conseguirem seguir o currículo dito normal, têm capacidades para fazer outro tipo de coisas e não devem ser marginalizados pelas dificuldades que têm, porque eles podem vir a ser ótimos trabalhadores". Através da experiência profissional como Terapeuta da Fala, e tendo já completado os estudos de Mestrado na área da Educação Especial, diz ter sentido a "necessidade de ajudar os jovens e as próprias escolas" que têm alunos com necessidades educativas especiais. "Os professores de Educação Especial têm muitos alunos e é difícil arranjarem tempo para saírem um pouco mais da escola e fazerem estes contactos que eu estou a fazer", explica. "Sentir, Pensar e Agir: Núcleo de Apoio à Inserção de Indivíduos com Dificuldade Intelectual e Desenvolvimental no Mercado de Trabalho no Concelho da Covilhã" é um nome comprido e começa, com dois anos de existência, a ter o alcance desejado. "Tenho tido muitas solicitações de parceiros que querem colaborar no projeto", revela Patrícia. "No ano letivo anterior fiz os primeiros contactos, este ano vou reformular os acordos de colaboração com empresas e diversas instituições da comunidade, para a partir do próximo ano letivo começarem a trabalhar em articulação com as escolas. É, no fundo, definir papéis, temos que agilizar o processo", sublinha. Consciente das dificuldades que, apesar de todos os esforços, estes jovens têm na entrada no mercado de trabalho, a investigadora acredita que "em alguns casos pode nem haver propriamente logo uma inserção profissional, mas ao serem inseridos num grupo de pertença, o projeto pode ser uma via para a inclusão social. Temos aqui duas vertentes, se não conseguirmos inseri-los no mercado de trabalho, então vamos trabalhar na outra vertente", acredita. Patrícia esclarece que são jovens com "pequenas dificuldades ao nível intelectual" e que, muitas vezes, "são colocados todos num grupo homogéneo, quando eles fazem parte de um grupo muito heterogéneo". De resto, "há jovens que não podem ingressar no mercado "normal" de trabalho, têm que estar num contexto mais protegido, em instituições especializadas, mas temos que abrir as portas aos outros jovens, que gostam de áreas muito diversas", sublinha. Uma das portas que já se abriu foi a da Liga dos Amigos do Bairro dos Penedos Altos (LAPA), uma instituição que colaborou o ano passado e que já se disponibilizou para participar no projeto neste ano letivo. "A LAPA tem desenvolvido um projeto a nível social, e este projeto desenvolvido pela Joana acaba por dar resposta às carências que nos surgem, ajuda-nos a aprender a trabalhar com estes jovens e a podermos ajudá-los a ingressar no mercado de trabalho", esclarece Soraia Ferreira, membro da direção. Recordando a ideia também deixada por Joana Pinheiro, explica que "aquilo que acontece é que temos respostas ao nível do ensino, mas a partir do momento que estes jovens terminam a escolaridade obrigatória, ficam sem respostas e acabam por ficar em casa, e não é isso que se pretende. Podem fazer muito mais", afiança. Por outro lado, considera que "a Covilhã ainda está pouco desenvolvida neste aspeto, as próprias empresas não têm consciência das vantagens que têm ao terem estes alunos, nem as capacidades deles", garante. No último ano de Doutoramento, Joana Pinheiro revela que "gostaria imenso que este processo avançasse" e, fruto até da "ligação emocional" desenvolvida em torno do projeto, confessa: "não me vou conseguir desligar completamente do projeto e comprometo-me a acompanhá-lo". De resto, o desejo para o futuro é que alguém agarre na ideia, "que se crie uma equipa" e se continue a "Sentir, Pensar e Agir". |
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