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Estudantes internacionais passam Natal longe das famílias
Tatiane Bispo Homem · quarta, 30 de dezembro de 2015 · @@y8Xxv O Natal é a festa da família, mas muitos jovens passam esta data longe de casa. Os motivos são vários, desde os estudantes que vêm morar em outro país, como os intercambistas ou Erasmus, ou até mesmo aqueles que optam por fazer um “mochilão” nesta época do ano. |
Os alunos estrangeiros da UBI tiveram a oportunidade de viver o Natal longe de casa Foto: Fábio Giacomelli |
21970 visitas O Natal é a solenidade cristã que celebra o nascimento de Jesus Cristo, e apesar de ser uma data lucrativa para o comércio, ainda tem como maior valor a junção da família, a união e o amor. Porém, seja por compromissos profissionais, distância geográfica, ou falta de dinheiro, nem sempre é possível passar essa data com os familiares. Foi com essa situação que muitos jovens se depararam no dia 25 de dezembro. Sem ter como retornar a casa no final de ano, eles tiveram que encontrar alternativas para comemorar essa data. As opções foram várias, desde a passagem em hostels, como em casas de familiares locais, ou até mesmo na Universidade na qual vieram estudar.
Natal na Universidade da Beira Interior e a diversidade de culturas Diante dessa situação, a reitoria da Universidade da Beira Interior (UBI) ofereceu aos estudantes internacionais, na noite da véspera de Natal, dia 24, uma ceia para aqueles que ficaram na cidade. Quatro alunos da UBI foram responsáveis na colaboração do evento, sendo um pós-doutorando em Comunicação, Maicon Kroth, dois mestrandos em Jornalismo, Fábio Giacomelli e Tâmela Grafolin, e um académico de Engenharia Informática, Ivanildo Miti. Eles foram encarregados de servir a comida, que foi composta por pratos típicos de Portugal, e pela decoração e organização do ambiente. No pré-jantar, foram servidos aos alunos bolo rei, pataniscas de bacalhau, rissóis de camarão e bola de carne. O prato principal contou com bacalhau cozido, batatas, sopa de legumes, couve, ovos, sumos, e frutas e arroz doce como sobremesa. Ao todo 101 alunos se inscreveram para participar do evento, e 85 estiveram presentes, sendo estes brasileiros, angolanos, cabo-verdianos, moçambicanos, timorenses, romenos e turcos. De acordo com o vice-reitor da Universidade, João Canavilhas, essa foi a primeira vez que a UBI ofereceu uma ceia na noite de Natal, véspera do dia 25. Para um dos organizadores do evento, Fábio Giacomelli, essa iniciativa foi de extrema importância: "O Natal é uma data familiar e aproximar os alunos que estão longe de suas casas nesse momento e oferecer a estes um jantar de confraternização mostra que a Universidade se importa com os estudantes para além da sala de aula", acrescenta Giacomelli. O estudante Hernani Jacinto tem 20 anos, é angolano, e veio estudar Química Industrial na Universidade. Ele conta que foi a primeira vez que passou o Natal longe de sua família. "A maior dificuldade foi não ter recebido um abraço do meu pai e da minha mãe. Mas, ao mesmo, tempo, tive a oportunidade de conhecer gente de várias nacionalidades e poder confraternizar com eles", declara Hernani. Segundo a brasileira Ana Flávia Alvim, de 22 anos, estudante de Jornalismo, ela não retornou ao Brasil por questões financeiras, já que no início de janeiro ela teria que voltar para Covilhã a fim de finalizar o semestre. Na opinião da estudante, celebrar o Natal junto aos intercambistas foi um momento muito especial: "Algo que me marcou muito foi quando deu meia noite e todos que estavam ali se cumprimentaram e desejaram Feliz Natal uns aos outros. Ver pessoas que eu nem conhecia me cumprimentando foi bem legal", afirma Ana Flávia. O Natal é uma data comemorativa cultural, que para os cristãos simboliza o nascimento de Jesus Cristo. No entanto, o feriado é marcado pela religião e, por isso, nem todas as culturas absorvem a tradição de celebrar a data. Sendo assim, alguns países não comemoram o Natal e outros trazem um significado diferente para o dia. Ana Flávia destacou: "Não estavam presentes no jantar apenas pessoas cristãs. Tenho amigos, por exemplo, que estavam lá e são muçulmanos e também jantaram conosco. Pra mim o Natal é isso: união, partilha e respeito", finaliza a brasileira. Culturas como o islamismo, budismo, judaísmo, hinduísmo, taoismo, xintoísmo são algumas nas quais o significado do nascimento de Cristo não faz relação com o conhecido no cristianismo. O estudante Erasmus da Turquia, 25 anos, Fatih Sonmez, participou da solenidade e diz ser a primeira vez que comemora o Natal. "Nós, muçulmanos, aceitamos a figura de Jesus Cristo como um dos cinco profetas que vieram trazer a palavra de Deus ao homem. Por conta disso, mantemos uma relação de respeito com a data, mas ela não é considerada sagrada no meu país", explica Fatih. Os muçulmanos comemoram apenas duas festas religiosas: o Eid wl-Fitr, que é a comemoração após o término do mês de jejum (Ramadão) e o Eid al-Adha, onde comemoram a obediência do Profeta Abraão a Deus.
Quando o Natal é passado com a família dos outros Mehmet Ulug, que é estudante Erasmus e veio da Turquia. Tem 24 anos, e passou o dia de Natal na vila de Unhais da Serra, na casa de uma família portuguesa. Foi a primeira vez que comemorou a data e ainda teve a oportunidade de presenciar como se dá a rotina desse dia: "Fiquei realmente feliz em ver como acontecem as comemorações desta data nas famílias portuguesas. Comemos o típico prato daqui, que é o bacalhau, e tomamos vinho. Em seguida, aconteceu a troca dos presentes e, para finalizar a noite, fomos acompanhar a fogueira que foi acesa nas proximidades de uma igreja", relata Mehmet. Segundo o site http://capeiaarraiana.pt/ a tradição do madeiro mantém-se em muitas regiões de Portugal, e tem como objetivo aquecer o menino Jesus. Na ocasião, os jovens transportam lenha para o largo principal, formando uma imensa carambola que constituirá a fogueira que iluminará a noite de Natal. Mehmet garante que, apesar de não ser algo habitual pra ele, significou muito: "Portugal tem uma cultura muito interessante. A cada dia aprendo mais aqui", diz o turco. |
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