Depois da Banda da Covilhã, em novembro, o livro infantil "Jonas e os Ouvidos Mágicos", de Alice Inácio, foi apresentado na tarde de sábado, dia 12 de dezembro, na Mutualista Covilhanense.

A causa de Alice Inácio, que escreveu e ilustrou este livro, editado pela Chiado Editora, ganhou agora uma nova dimensão. A jovem de 31 anos, com Surdez Profunda Bilateral desde os 18 meses, não só vendeu e autografou vários exemplares, como recolheu dezenas de assinaturas para uma petição pública que está agora a dinamizar, com o objetivo de levar o assunto da não comparticipação dos implantes cocleares à Assembleia da República. São necessárias sete mil assinaturas. Em Portugal, só o primeiro implante é comparticipado, sendo que os restantes não. Os implantes têm uma durabilidade de cerca de 10 anos. Alice Inácio já fez o primeiro, estando agora novamente surda. Precisa de 42 mil euros para realizar a intervenção.

A Mutualista Covilhanense comprou 50 exemplares de "Jonas e os Ouvidos Mágicos" para oferecer aos filhos dos seus funcionários, como prenda de Natal, e a outras instituições covilhanenses que trabalham diretamente com crianças

Além disso, aquela associação e a Câmara da Covilhã anunciaram, na apresentação de sábado, que estão disponíveis para se envolverem na realização de uma grande gala de solidariedade no Teatro Municipal, cujos lucros de bilheteira possam reverter para a causa da autora. Os responsáveis da Mutualista mostraram-se disponíveis para ajudar na área da logística, juntamente com outras instituições que se queiram juntar à causa, enquanto que a Câmara disponibilizou o espaço do Teatro Municipal para o efeito.

"Esta é uma daquelas causas pela qual vale a pena batermo-nos, foi por isso que não pude deixar de associar a Mutualista Covilhanense a esta luta", afirmou o presidente da instituição. Constatando, no que toca à petição, que se trata de um documento que visa não só ajudar Alice Inácio como todos os que no país sofrem com esta problemática, Nelson Silva disse esperar que "possa ganhar dimensão e chegar aos nossos governantes para que a situação seja alterada".

Relativamente à gala, a ideia partiu de Jorge Torrão, vereador na Câmara da Covilhã, que esteve também presente. "Queremos também contribuir para que esta luta não fique por aqui", salientou. O vereador adiantou ainda que a petição será também assinada no seio da autarquia.

Durante o evento, foi ainda adiantado que a Desertuna – Tuna Académica da Universidade da Beira Interior estará sensível para esta gala, havendo a possibilidade de atuar gratuitamente, bem como o grupo de cantares "Tantos & Mais Um", da Mutualista Covilhanense.

Alice Inácio não ouve há muito tempo, pelo que quando fala nem sempre é percetível por todos. A autora de "Jonas e os Ouvidos Mágicos" optou por deixar apenas um agradecimentos a todos os que se têm juntado à sua luta.

Com ligações familiares a Sarnadas de Ródão e à Covilhã, onde moram a avó, primas e também a irmã – estudante de Design de Moda na UBI –, Alice Inácio reside atualmente no Seixal. É licenciada em Design de Comunicação, mas está desempregada e à procura de emprego.