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“Esta conferência deu um impulso decisivo para pensar as Humanidades hoje”
Rafael Mangana · quarta, 16 de dezembro de 2015 · Continuado No final da conferência internacional "Rethinking Humanities", o Urbi falou com o diretor do novo Labcom.IFP e um dos membros da organização, João Carlos Correia, que clarificou a importância do evento para a área das Humanidades. |
João Carlos Correia durante a conferência"Rethinking Humanities" |
21981 visitas Urbi et Orbi - Que balanço faz desta conferência internacional "Rethinking Humanities"? João Carlos Correia - O balanço da conferência é um balanço extraordinariamente positivo, quer pela qualidade das intervenções que foram produzidas, quer pela qualidade das próprias conclusões e do ambiente que se criou em torno dos participantes. Ou seja, a ideia aqui é um bocado esta: o LabCom.IFP (Laboratório de Comunicação e Conteúdos Online e Instituto de Filosofia Prática) é resultante da fusão de unidades pré-existentes. Ora, a ideia principal é criar um corpo de estudos que seja claro, em torno do qual as pessoas se possam unir e é em função deste objetivo que nós podemos medir o sucesso. Nesse sentido, podemos dizer que todos deram um contributo, todos os conferencistas, todos os núcleos, todos os moderadores deram um contributo para que se clarificasse de uma vez por todas qual é o corpo de estudos sobre o qual o LabCom.IFP deve incidir. E ficou muito claro para todos que esse corpo de estudos é as Humanidades Digitais, ou seja, o confronto das Humanidades na sua formulação clássica, tal como foi formulada anteriormente por muitas formas de Humanidades e o confronto com as novas tecnologias da informação e da comunicação, o impacto que as mesmas têm na universidade, na produção de conhecimento e na distribuição desse mesmo conhecimento. Esse é o centro e é o horizonte fundamental em que o LabCom.IFP vai incidir a partir de hoje.
Urbi - Qual a importância desta conferência, numa altura em que se discute tanto o futuro das Humanidades? JCC - A importância da conferência num momento em que se discute o futuro das humanidades é precisamente confrontar esse futuro com as transformações que se verificam à sua volta. E ficou bem claro, quer pela intervenção dos filósofos, quer pela intervenção das pessoas que vêm da área das Humanidades Clássicas, até a própria Egiptologia, História, Paleontologia e Paleografia, que o horizonte dos Media, Comunicação, Design, se confronta com uma mudança de paradigma que não resulta apenas da tecnologia, mas que é consideravelmente acelerado pela tecnologia. Logo, é a esse conjunto de Humanidades que nós chamamos de Humanidades Digitais. Ao ter tornado isso claro, esta conferência deu um impulso decisivo para pensar as Humanidades hoje.
Urbi - De que forma os investigadores convidados podem contribuir para este debate? JCC - Os investigadores contribuíram em muito, desde os nossos colegas filósofos que acentuaram as profundas transformações que existem feitas na produção de conhecimento ao longo de centenas de anos e a necessidade de um diálogo entre os vários ramos da ciência, passando pelos colegas da História que usam cada vez mais metodologias digitais para estudarem documentos, passando pelos colegas do Design que desenvolvem um pensamento em rede para poderem estabelecer relações em que o espaço, o desenho, os edifícios são todos tidos em conta, passando pelas pessoas da Comunicação que se confrontaram sobretudo com a necessidade de pensar o conceito de redes, passando pelos colegas provenientes da área da edição que abriram caminhos verdadeiramente extraordinários para o domínio da Literatura e da produção e distribuição do livro. Eu creio que o caminho das humanidades digitais ficou muito clarificado. No entanto, a questão que também se coloca, e que é importante que se diga, é que isso não significa que seja o único, nem que esta componente vá atrofiar pessoas que se dediquem a outras coisas que não estejam relacionadas com o digital, isso não está posto em causa. Agora, é preciso encontrar uma direção que una as pessoas em volta de um conjunto de objetos que sejam suficientemente mobilizadores para permitirem ao LabCom.IFP afirmar a sua identidade. Posto isso, há caminhos imensos que podem ser explorados dentro da interdisciplinaridade em que a interrogação do próprio digital pode ser feita até por quem nem simpatiza com ele, por quem até é crítico dele. Portanto, digamos que a definição de um objetivo principal não impede a completa liberdade de investigação, não impede o financiamento de caminhos alternativos, não impede o diálogo entre pessoas que tenham outras perspetivas mas que estejam dispostas a contribuir para este debate.
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