Coreia do Sul, China e Japão são os países de origem dos filmes escolhidos para o Ciclo de Cinema "Perturbações mentais pelo cinema oriental", exibido entre os dias 16 e 18 de novembro na Cinubiteca. A esquizofrenia e o distúrbio de personalidade múltipla foram os transtornos psicológicos abordados nos filmes exibidos.

O pai que perdeu o filho e a cantora que se tornou atriz ganhando um fã possessivo são as estórias contadas em "Insanity" (2014) e "Perfect Blue" (1998), dois filmes que têm em comum personagens que desenvolveram esquizofrenia. Com abordagens diferentes, o primeiro é chinês e o segundo é um anime japonês, mas ambos retratam as transformações que a esquizofrenia causa na vida de quem sofre essa doença. Outro dos filmes exibidos, "A tale of two sisters" (2003), revela que a personagem principal, Su-mi, tem uma perturbação mental. A perda de duas pessoas da família é a causa do distúrbio de personalidade múltipla que a jovem sofre. O filme coreano retrata uma das características principais das doenças mentais, a incapacidade por parte do doente em reconhecer a sua doença.

Na sessão do segundo dia o público assistiu ao filme Insanity e contou com a presença do professor e psicólogo, Henrique Pereira, que analisou do ponto de vista científico os problemas de ordem psicológica presentes na narrativa do filme. O psicólogo referiu que a aceitação da doenças na Ásia é diferente da lógica ocidental, ressaltando que para os orientais a doença acontece "quando existe um desequilíbrio entre o yin e o yang". O professor ressaltou ainda que "a forma como são vistas estas perturbações mentais faz com que a abordagem no cinema oriental seja diferente do cinema ocidental". Diferente dos dois primeiros dias, o encerramento contou com o filme Perfect Blue uma produção em Manga, típico da cultura japonesa.

Mariana Teixeira, uma das alunas de cinema que foi assistir os três filmes, considera a abordagem interessante e como "não tem muito conhecimento sobre cinema oriental" achou que "seria importante assistir" porque contribui pra a sua formação e para projetos que possa "eventualmente fazer no futuro". Quanto ao programa do ciclo, a aluna gostou mais do filme "A Tale of two sisters", "pelo modo como foi feito cinematograficamente".

César Alves, também do curso de cinema, explicou que esta iniciativa ajuda na sua formação, "como uma oportunidade para ganhar conhecimentos acerca do cinema oriental". Assim como Mariana, César considerou o filme "A Tale of two sisters" o melhor "não só em termos de argumento", mas também pelo facto de o filme prender "mais o olho do espetador".

Apesar de ter uma adesão maior por parte dos alunos do curso de cinema, outros estudantes acompanharam o ciclo, como é o caso de Eduardo Nogueira, aluno de Medicina, que referiu a pouca divulgação como o único ponto negativo do evento: "há mais pessoas interessadas" que não têm conhecimento deste tipo de atividades", justifica. Eduardo só soube da realização do ciclo porque viu o cartaz quando esteve no pólo principal da Universidade.

O ciclo foi organizado por três alunos do terceiro ano do curso de Cinema, António Simão, Joana Pimenta e Inês Mingote. A escolha da temática sobre perturbações mentais foi "por ser uma temática diferente e pouco falada e para dar uma outra perspetiva, de forma a abranger o conhecimento sobre cinema asiático", afirma António. Organizados no âmbito da cadeira de Seminário de Cinema, os ciclos são também uma forma de mostrar que o curso de cinema "não é só para realizadores de cinema", mas também prepara os alunos para serem "programadores e gestores culturais", referiu a docente da cadeira, Ana Catarina Pereira.

Com novos organizadores, o próximo ciclo cinematográfico está previsto para os dias 30 de novembro e 1 de dezembro e terá como temática principal a violência doméstica. Além da exibição de filmes, o evento contará com especialistas da área da saúde para comentar a problemática abordada.

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