O Teatro do Calafrio apresentou pela primeira vez uma das suas peças na cidade da Covilhã. Ainda que não tenha sido uma noite de casa cheia, o público mostrou-se satisfeito com o serão de terça-feira à noite.

"Empresta-me um revólver até amanhã" é uma peça dividida em duas partes que têm em comum Nikita, o ponto de um teatro. Este profissional vivia no próprio edifício do teatro e era apaixonado pela arte, tendo o sonho secreto de ser ator. Na história desempenha o papel de ouvinte de duas personagens que expõem a tragédia que é as suas vidas.

A primeira parte constitui um desabafo de um ator de teatro, Vassili Vassilitch, que terá adormecido depois da atuação dessa noite. Este velho ator confronta-se com as recordações da sua vida, lamentando a falta de apreço que é dado aos atores. Na segunda parte, através de um registo digital, pôde assistir-se ao fracasso da vida de um homem comum, Ivan Ivanovich, sobrecarregado com o seu quotidiano.

O Teatro do Calafrio pertence a uma Associação Cultural da Guarda e é constituído por 30 pessoas, mas apenas três participaram na peça apresentada no Teatro das Beiras, entre os quais o ator José Neves. Esta companhia, formada recentemente, conta com duas peças já criadas e muito brevemente estreará a terceira: "estamos a preparar neste momento e vai estrear dia 17 de dezembro, no Teatro da Guarda, uma nova peça que se chama Bartleby", conta o ator e encenador Américo Rodrigues.

O Festival Y, que tem vindo a apresentar espetáculos desde o dia 12 de novembro, não foi afetado pela recente realização do Festival de Teatro da Covilhã, pois as audiências mantêm-se estáveis, como explicou Rui Sena, o diretor do Festival Y: "há espetáculos que nós sabemos que têm mais público, aqueles mais ligados à música têm sempre mais adesão, mas temos tido uma média de espectadores que nos parece bastante interessante".