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Criatividade testada e aprovada
Joana Isabel Gonçalves e Sara da Silva Alves · quarta, 18 de novembro de 2015 · Escritores, pequenos poetas, ilustradores, pintores e cientistas. Foi este o resultado apresentado na mais recente edição dos Encontros na Biblioteca, com o tema "Literatura, Arte e Ciência... (Co)Ligações?”. |
Elementos que compuseram a mesa dos "Encontros na Biblioteca: Literatura, Arte e Ciência... (Co)Ligações?" |
21976 visitas Em noite de São Martinho, as castanhas foram trocadas pela literatura, pela arte e pela ciência numa nova edição dos Encontros na Biblioteca promovidos pela Câmara Municipal da Covilhã. Com vista a expor projetos que testaram a criatividade e a imaginação dos mais jovens, professores e membros do Centro Lúdico Cultural e Social de Vilar Formoso compuseram a mesa que, durante hora e meia, deu a conhecer todo o processo que fez despertar o interesse pelas áreas acima destacadas. Foi precisamente através desta instituição, que trabalha com escolas da Covilhã e da Guarda, que tudo começou. Vendo nas crianças um "terreno fértil", pretenderam trabalhar com elas de maneira a promover o gosto pela leitura. Mas para isto acontecer estava a faltar um tema. Até que se "fez luz": tendo 2015 sido decretado pela Assembleia Geral das Nações Unidas e pela Sociedade Portuguesa e Comissão Nacional da UNESCO como Ano Internacional da Luz, considerou-se que este podia ser um assunto abordado em várias valências pelos alunos dos seis aos nove anos. Ângela Amaral, professora de Educação Básica e membro do Centro de Promoção de Leitura da Serra da Estrela, afirma que foi o Plano Nacional de Leitura (PNL) quem "deu a principal missão: promover o gosto pela leitura e pela escrita, através das obras que o constituem”. Desta forma, e uma vez que “a literatura infantil é muito importante para o desenvolvimento de todas as áreas", foi proposto às crianças que lessem algumas obras do PNL associadas ao tema e, posteriormente, definissem o conceito de luz através de palavras e desenhos. Desde "A luz é a Natureza, como toda a sua beleza" a "A luz são as estrelas, da minha cama posso vê-las", os resultados não podiam ser mais positivos. "As crianças acabam por dizer melhor as coisas do que os adultos, pois não têm preconceitos", destacou a professora. A literatura e a arte aliaram-se desta forma, mas faltava mais. E foi assim que se decidiu realizar a junção com a ciência. Elsa Fonseca, docente de Física na Universidade da Beira Interior, foi convidada a integrar este projeto. Não hesitou em aceitar, mas confessa que lhe pareceu algo complicado uma vez que estava mais habituada a trabalhar com alunos a partir dos 17 anos. Recorrendo a feixes de luz introduziram-se alguns conceitos, como luz monocromática ou colimada. Através de leds com as cores primárias, mostrou-se o resultado das suas adições. Fazendo jogos com espelhos, ensinou-se a refração e a reflexão. Com papéis de várias cores e com os seus comprimentos de onda associados, explicou-se que estas tinham vibrações diferentes. Após estes ensinamentos, voltaram a escrever definições de luz. "Os comprimentos de onda são diferentes, como as pessoas inteligentes" e "Luz azul e vermelha é magenta, mas eu estou muito sonolenta", foram alguns dos novos resultados. A experiência foi tão enriquecedora que Elsa Fonseca logo mudou de opinião: "afinal é mais fácil trabalhar nesta faixa etária, porque para eles é tudo tão entusiasmante, tudo novo. Percebi o prazer de ensinar os mais novos. Sinto-me mais recompensada do que aquilo que dei", realçou a docente. A coligação destas três vertentes - literatura, arte e ciência - resultou num livro, em forma de harmónio, graças aos apoios da Universidade da Beira Interior e do Agrupamento de Escolas Frei Heitor Pinto e valeu um primeiro prémio, no escalão E, na Feira de Ciências realizada em Viana do Castelo. "Foi surpreendente. Fomos apenas pelo entusiasmo e não estávamos à espera de receber prémio nenhum. Foi muito bom contar às crianças que ficaram todas contentes. Afinal de contas, o trabalho é delas", conta Ângela Amaral. A crença de que a literatura infantil pode ser a base das outras disciplinas é o lema de todos os envolvidos neste projeto. Impulsionados pelo sucesso do "À Luz da Poesia e da Ciência", adorado por todos os alunos que aprenderam a expressar-se de muitas maneiras, desde a poesia ao desenho, Ângela Amaral diz que as "ideias estão sempre a nascer" e que o próximo passo é integrar a música, coisa que já fazem em contexto de sala de aula. "Palavras com Arte" foi outro projeto lançado pelo Centro Lúdico Cultural e Social de Vilar Formoso às escolas. Foi desenvolvido pelos alunos de secundário, do agrupamento de Escolas da Sé, na Guarda, com a orientação das professoras Isabel Valente e Helena Ribeiro, e pelos alunos dos nonos anos do agrupamento de escolas da Frei Heitor Pinto, com a coordenação do professor Alexandre Gadanho, docente na instituição. Assim nasceu uma colectânea de desenhos, criados por estes alunos, que juntos deram asas a uma exposição, no Vivaci. Na base dos trabalhos, estiveram textos poéticos como "O horizonte que inventaste", de Daniel Rocha. Os objetivos, semelhantes ao mencionado anteriormente, passaram por "despertar interesse pela leitura, promover o intercâmbio de experiências e saberes e desenvolver a criatividade e imaginação", esclareceu Isabel Valente, professora do agrupamento de escolas da Sé. Alexandre Gadanho, realça ainda que esta foi uma "ideia interessante, pois os alunos puderam desenvolver o aspecto estético e, mesmo não sendo artistas, foi demonstrado que podem produzir arte". A adesão a este evento também foi do agrado dos organizadores. "O espaço foi disponibilizado pela biblioteca e, mesmo sendo num dia útil, à noite, resultou muito bem", concluiu Margarida Mateus. |
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